quarta-feira, 17 de junho de 2020

DESIGUALDADES


A desigualdade social é sempre tema de muito debate e muitas polêmicas. Muitas vezes o rico é visto como o mal, aquilo a ser evitado, porque dele advém centenas de pobres, como se seu acumulo de riqueza fosse a causa do sofrimento e da pobreza. Esta é uma visão muito superficial e generalizada.
Os Espíritos tratam do assunto, no O Livro dos Espíritos no capítulo Lei da Igualdade.
Na questão 806 Kardec pergunta se a desigualdade das condições sociais é uma lei natural e os Espíritos assim respondem: “-Não; é obra do homem e não de Deus”. Isto nos mostra que dizer que alguém nasceu em uma condição social indesejada não foi uma escolha de Deus, não está cumprindo algum castigo. Quando pensamos assim associamos a riqueza e a condição social a um privilégio moral, os bons receberão riquezas e os ainda ignorantes (a quem comumente chamamos de MAUS) sofrerão na pobreza.
Esta é geralmente as visões que encontramos nos vários discursos: Os que sofrem acreditam que a causa é a avareza dos ricos e os mais afortunados acreditam que a riqueza é uma benção de Deus.
Kardec perguntou (808) se a desigualdade das riquezas não teria origem nas desigualdades das faculdades individuais, e os Espíritos disseram que sim e não porque o astuto e aquele que rouba acumulam riqueza sem necessariamente estar ligado à faculdade.  Devemos lembrar que as respostas foram dadas em torno de 1857, numa época em que Darwin apresentava a sua teoria da Evolução das Espécies e desta forma a inteligência, a capacidade e as habilidades eram consideradas heranças genéticas. Neste período acreditava-se que a razão existia em todos os animais, porém a qualidade desta razão tinha uma origem genética e evolutiva segundo a teoria de Darwin.
Kardec questiona (811)ainda se é possível existir ou se já existiu algum dia a igualdade absoluta de riquezas e aqui podemos ver uma possível influência do Manifesto Comunista de Karl Marx que publicou em 1848 pouco antes da Revolução Francesa. “O Manifesto Comunista faz uma dura crítica ao modo de produção capitalista e à forma como a sociedade se estruturou através dele. Busca organizar o proletariado como classe social capaz de reverter sua precária situação”.(Wikipedia) Os Espíritos respondem que: “- Não, não é possível. A diversidade das faculdades e dos caracteres se opõe a isso”. Então Kardec, não satisfeito, questiona que há homens que acreditam este ser o remédio para a desigualdade social. Eles então respondem: “- São sistemáticos ou ambiciosos e invejosos. Não compreendem que a igualdade seria logo rompida pela própria força das coisas. Combatei o egoísmo, pois essa é a vossa chaga social, e não correi atrás de quimeras”. Observando na resposta que quimera não está com a inicial maiúscula não é o nome do monstro lendário, mas está como sentido figurado significando uma ficção, uma ilusão.
Neste ponto ele apontam a causa primária da desigualdade de riquezas que seria o egoísmo, que é o oposto do altruísmo ou caridade. Aqui se lembra da máxima espírita “Fora da caridade não há salvação”. Não quer dizer que se deve  quando possível fazer a caridade, mas que deve lutar a cada dia para ser  menos egoísta, pois só assim pode  ser verdadeiramente caridoso. E não esta se falando no acumulo de bens materiais, pois isto é apenas um sintoma. O Egoísmo é antes de mais nada segundo o Michaelis “Atitude daquele que busca o próprio interesse, acima dos interesses dos demais”.
Isto remete muito forte à atual situação do mundo todo e do Brasil. Atualmente se fala muito nas possíveis vacinas que estão em processo de desenvolvimento e é oportuno para compreendermos outro aspecto da desigualdade de riqueza que foi trazido no O Evangelho segundo o Espiritismo.
No capitulo XVI, Não se pode servir a Deus e a Manon, no texto da desigualdade de riquezas: “ A desigualdade das riquezas é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver, desde que se considere apenas a vida atual. A primeira questão que se apresenta é esta: Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. É, aliás, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente; que, supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela diversidade dos caracteres e das aptidões; que, supondo-a possível e durável, tendo cada um somente com que viver, o resultado seria o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem-estar da Humanidade; que, admitido desse ela a cada um o necessário, já não haveria o aguilhão que impele os homens às grandes descobertas e aos empreendimentos úteis. Se Deus a concentra em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente, de acordo com as necessidades”.
O Brasil vai investir 85 milhões na fase 3 da vacina junto com uma empresa farmacêutica chinesa que também vai investir, e que já investiu nas fases 1 e 2. Bill Gates além de investir em pesquisas, disse que irá construir 3 laboratórios para produzir a vacina que for desenvolvida, além de sugerir comprar a patente junto com a OMS para uma produção global e aberta. Será que sem estas grandes riquezas acumuladas isto seria possível? Será que sem elas seria possível estas sentada em uma sala confortável escrevendo este artigo em um computador pessoal? Provavelmente não existiria esta pandemia porque talvez não tivéssemos aviões. O problema nunca é o que temos, mas sim o que fazemos com o que temos. A quantidade é um detalhe sempre passageiro. Se tem muito pode financiar pesquisas que garantam a sobrevivência de todos, se tem pouco pode garantir a sobrevivência de uma família.  Muito se pedirá àquele a quem muito se houver dado e maiores contas serão tomadas àquele a quem mais coisas se haja confiado. (S. LUCAS, 12:47-48.)

sábado, 2 de maio de 2020

Epidemia e a Comunicação Espírita

Tenho como objetivo refletir os últimos acontecimentos à luz da Doutrina Espírita com o objetivo de ajudar a todos, inclusive a mim mesma.


Bom dia amigos,

Faz muito tempo que não escrevo no blog. Iniciei um novo trabalho como professora de ensino fundamental, foi um tempo de novos estudos, novas perspectivas e novos trabalhos. Foram cinco ano bem produtivos e ainda são, pois amo demais meu trabalho, com seus benefícios e suas dificuldades. Porém o planeta Terra pausou.  Algo que seria pensando apenas numa obra cinematográfica está ocorrendo na porta de nossas casas. Uma forte pandemia, como ninguém viu antes e todos se perguntam: -E agora?

Estamos todos, ou muitos pelo menos, em isolamento social. Tenho descansado, lido (menos do que gostaria), acompanhado as redes sociais e refletido. Senti um impulso de escrever e me lembrei (provavelmente cutucada pelo meu espírito protetor ou familiar) do meu querido blog, e aqui estou.

Tenho como objetivo refletir os últimos acontecimentos à luz da Doutrina Espírita com o objetivo de ajudar a todos, inclusive a mim mesma.

Geralmente a primeira pergunta que nos vem a cabeça é por que isto ocorre, por que Deus permite que tantas pessoas morram. Para estas indagações a Doutrina Espírita possui algumas respostas. A primeira e mais contundente é muito simples: A morte não existe. Nós não morremos, apenas deixamos o nosso corpo físico que devido a uma doença não funciona mais. Porém vamos ver o que nos diz a Doutrina Espírita especificamente sobre este assunto na Revista Espírita de julho e outubro de 1967 e de novembro de 1868, sobre uma epidemia na Ilha Maurício (antiga Ilha de França).


Antes de iniciar preciso explicar onde fica esta ilha, Ilha Maurício é território da República de Maurício que é um país insular do oceano Índico, a cerca de 2.000 km da costa sudeste do continente africano. O país inclui as ilhas Maurícia e Rodrigues, a 560 km a leste da ilha Maurícia, e as ilhas exteriores.  A área do país é de 2.040 km². As Maurícias são conhecidas pela sua 

flora e fauna variadas, com muitas espécies endémicas da ilha. A ilha é amplamente conhecida como a única casa conhecida do dodo, que, juntamente com várias outras espécies de aves, foi extinta por atividades humanas relativamente pouco depois do assentamento da ilha. 
 

 A prosperidade na Maurícia prolongou-se até 1860, altura em que os preços do açúcar caíram abruptamente. Entre 1866 e 1869 dois fatos deixaram a Maurícia completamente arrasada: em 1866, 67 e 68, uma epidemia de malária afastou os navios de Port Louis, isolando por completo a ilha; em 1869, a abertura do Canal de Suez fez desviar muitas das rotas que passavam pela Maurícia.

(fontes: Wikipédia e Infopedia.pt)

Kardec inicia o artigo na Revista Espírita de julho 1867 revelando que há alguns meses um dos médiuns sonambúlicos lhes disse que naquele momento a ilha Maurício estava sendo devastada por uma terrível epidemia, que dizimava a população. Um dos correspondentes espíritas naquele local escreveu uma carta datada de 8 de maio, que Kardec coloca alguns trechos.

 “Vários Espíritos nos anunciaram, uns claramente, outros em termos proféticos, um flagelo destruidor prestes a nos fulminar. Tomamos estas revelações do ponto de vista moral, e não do ponto de vista físico. De repente uma moléstia estranha irrompe nesta pobre ilha; uma febre sem nome, que reveste todas as formas, começa suavemente, hipocritamente, depois aumenta e derruba a todos os que pode atingir. É agora uma verdadeira peste; os médicos não a entendem. Até agora, nenhum dos que foram atingidos se curaram”.

Vamos refletir um pouco sobre este trecho, principalmente quando ele diz que tomaram as revelações somente pelo ponto de vista moral. Isto poderia ocorrer nos dias de hoje? Qual é o nosso nível de idolatria atual? Idolatria num sentido amplo que designa aquele que se parece com uma estátua, sem vida e sem movimento. Muitos centro espíritas fazem reuniões mediúnicas com recebimento de mensagens, seja por psicografia ou psicofonia, estas seriam analisadas? Haveria uma reunião com os membros do centro para analisarem a mensagem recebida? Ou pelo simples fato de ser uma mensagem de um espírito já tem caráter incontestável?

A segunda reflexão é se pode um espírito nos avisar de um acontecimento futuro ruim? Pode se houver alguma utilidade nesta comunicação, como nos ensina o Livro dos Médiuns a comunicação séria é “[...] toda comunicação que exclui a frivolidade e a grosseria, tendo uma finalidade útil, mesmo que de interesse particular, é naturalmente séria [...] Desta forma um espírito protetor ou até mesmo um espírito familiar poderia avisar da chegada de uma epidemia ou pandemia se houvesse uma finalidade útil.

Kardec ainda afirma que “os flagelos destruidores, que devem causar danos à Humanidade, não sobre um ponto do globo, mas em toda parte, são em toda parte pressentidos pelos Espíritos”.

Fico me perguntando se nós espíritas paramos de conversar com os Espíritos? Eles vem conversar conosco, mas parece que apenas ouvimos, sequer escutamos o que nos falam. Será que nos tornamos ritualistas com o passar do tempo? A cada dia vejo mais espíritas não conseguindo coexistir com aquilo que lhe é diferente. Espero estar isolada numa ilha silenciosa, num mundo com muito barulho espiritual.

Ainda há muita coisa no qual podemos refletir sobre este assunto e estamos num momento em que o Universo nos diz para, vá com calma e olhe a sua volta. Semana que vem eu postarei mais reflexões sobre este momento ímpar nas nossas vidas.

Namastê

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