terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Falta de Formação Doutrinária

Autor: J. Herculano Pires

“Precisamos definir a posição cultural espírita perante a nova cultura dos tempos novos”
Sem a formação doutrinária, não teremos um movimento espírita coeso e coerente. E, sem coesão e coerência, não teremos Espiritismo. Essa a razão por que os Espíritos Superiores confiaram às mãos de Kardec o pesado trabalho da Codificação. Kardec teve de arcar, sozinho, com a execução dessa obra gigantesca. Porque só ele estava em condições de realizá-la. Depois de Kardec, o que vimos? Léon Denis foi o único dos seus discípulos que conseguiu manter-se à altura do mestre, contribuindo vigorosamente para a consolidação da Doutrina. Era, aparentemente, o menos indicado. Não tinha a formação cultural de Kardec, residia na província, não convivera com ele, mas soubera compreender a posição metodológica do Espiritismo e não a confundia com os desvarios espiritualistas da época.

Depois de Denis, foi o dilúvio. A Revista Espírita virou um saco de gatos. A sociedade Parisiense naufragou em águas turvas. A Ciência e a Filosofia Espíritas ficaram esquecidas. O aspecto religioso da Doutrina transviou-se na ignorância e no fanatismo. Os sucessores de Kardec fracassaram inteiramente na manutenção da chama espírita, na França. E, quando a Árvore do Evangelho foi transplantada para o Brasil, segundo a expressão de Humberto de Campos, veio carregada de parasitas mortais que, ao invés de extirpar, tratamos de cultivar e aumentar com as pragas da terra.

Tudo isso por quê? Por falta pura e simples de formação doutrinária. A prova está aí, bem visível, no fluidismo e no obscurantismo que dominam o nosso movimento no Brasil e no Mundo. Os poucos estudiosos, que se aprofundaram no estudo de Kardec, vivem como náufragos num mar tempestuoso, lutando, sem cessar, com os mesmos destroços de sempre. Não há estudo sistemático e sério da Doutrina. E o que é mais grave, há evidente sintoma de fascinação das trevas, em vastos setores representativos que, por incrível que pareça, combatem por todos os meios o desenvolvimento da cultura espírita. Enquanto não compreendermos que Espiritismo é cultura, as tentativas de unificação do nosso movimento não darão resultados reais. Darão aproximações arrepiadas de conflitos, aumento quantitativo de adeptos ineptos, estimulação perigosa de messianismos individuais e de grupos.

Flamarion, que nunca entendeu realmente a posição de Kardec, e chegou a dizer que ele fez obra um tanto pessoal, como se vê no seu famoso discurso ao pé do túmulo, teve, entretanto, uma intuição feliz quando o chamou de bom senso encarnado. Esse bom senso é que nos falta. Parece haver se desencarnado com Kardec, e volatizado com Denis.

Hoje, estamos na era do contra-senso. Os mesmos órgãos de divulgação doutrinária que pregam o obscurantismo, exibem pavoneios de erudição personalista, em nome de uma cultura inexistente. Porque cultura não é erudição, livros empilhados nas estantes, fichário em ordem para consultas ocasionais. Cultura é assimilação de conhecimentos e bom senso em ação. O que fazer diante dessa situação? Cuidar da formação espírita das novas gerações, sem esquecer a alfabetização de adultos.

Mobral: esse o recurso. Temos de organizar o Mobral do Espírito. E começar tudo de novo, pelas primeiras letras. Mas, isso em conjunto, agrupando elementos capazes, de mente arejada e coração aberto. Foi por isso que propus a criação das Escolas de Espiritismo, em nível universitário, dotadas de amplos currículos de formação cultural espírita. Podem dizer que há contradições entre Mobral e nível universitário. Mas, nota-se, que falamos de Mobral do Espírito. A Cultura Espírita é o desenvolvimento da cultura acadêmica, é o seguimento natural da cultura atual, em que se misturam elementos cristãos, pagãos e ateus. Para iniciar-se na cultura espírita, o estudante deve possuir as bases da cultura anterior. "Tudo se encadeia no Universo", como ensina, repetidamente, O Livro dos Espíritos. Quem não compreende esse encadeamento, tem de iniciar pelo Mobral. Não há outra forma de adaptá-lo às novas exigências da nova cultura.
A verdade nua e crua é que ninguém conhece Espiritismo. Ninguém, mesmo, no Brasil e no Mundo. Estamos todos aprendendo, ainda, de maneira canhestra. E se me permito escrever isto, é porque aprendi, a duras penas, a conhecer a minha própria indigência. No Espiritismo, como já se dava no Cristianismo e na própria filosofia grega, o que vale é o método socrático. Temos, antes de tudo, de compreender que nada sabemos. Então, estaremos, pelo menos, conscientes de nossa ignorância e capazes de aprender.

Mas, aprender com quem? Sozinhos, como autodidatas, tirando nossas próprias lições dos textos, confiantes nas luzes da nossa ignorância? Recebendo lições de outros que tateiam como nós, mas que estufam o peito de auto-suficiência e pretensão? Claro que não. Ao menos isso devemos saber. Temos de trabalhar em conjunto, reunindo companheiros sensatos, bem intencionados, não fascinados por mistificações grosseiras e evidentes, capazes de humildade real, provada por atos e atitudes. Assim conjugados, poderemos aprender de Kardec, estudando suas obras, mergulhando em seus textos, lembrando-nos de que foi ele e só ele o incumbido de nos transmitir o legado do Espírito da Verdade. Kardec é a nossa pedra de toque. Não por ser Kardec, mas por ser o intérprete humilde que foi, o homem sincero e puro a serviço dos Espíritos Instrutores.

É o que devemos ter nas Escolas de Espiritismo. Não Faculdades, nem Academias, mas, simplesmente, Escolas. O sistema universitário implica pesquisas, colaboração entre professores e alunos, trabalho conjugado e sem presunção de superioridade de parte de ninguém. O simpósio e o seminário, o livre-debate, enfim, é que resolvem, e não o magister do passado. O espírito universitário, por isso mesmo, é o que melhor corresponde à escola espírita. Num ambiente assim, os Espíritos Instrutores disporão de meios para auxiliar os estudantes sinceros e despretensiosos. A formação espírita exige ensino metódico mas, ao mesmo tempo, livre.
Foi o que os Espíritos deram a Kardec: um ensino de que ele mesmo participava, interrogando os mestres e discutindo com eles. Por isso, não houve infiltração de mistificadores na obra inteiriça, nesse bloco de lógica e bom senso, que abrange os cinco livros fundamentais de Codificação, os volumes introdutórios e os volumes da Revista Espírita, redigidos por ele durante quase doze anos de trabalho incessante. Essa obra gigantesca é a plataforma do futuro, o alicerce e o plano de um novo mundo, de uma nova civilização.

Seria absurdo pensar que podemos dominar esse vasto acervo de conhecimentos novos, de conceitos revolucionários, através de simples leituras individuais, sem método e sem pesquisa. Nosso papel, no Espiritismo, tem sido o de macacos em loja de louças. E incrível a leviandade com que oradores e articulistas espíritas tratam de certos temas, com uma falsa suficiência de arrepiar, lançando confusões ridículas no meio doutrinário.

Temos de compreender que isso não pode continuar. Chega de arengas melífluas nos Centros, de oratória descabelada, de auditórios basbaques, batendo palmas e palavreado pomposo. Nada disso é Espiritismo. Os conferencistas espíritas precisam ensinar Espiritismo – que ninguém conhece – mas para isso precisam, primeiro, aprendê-lo. Precisamos de expositores didáticos, servidos por bom conhecimento doutrinário, arduamente adquirido em estudos e pesquisas. Expor os temas fundamentais da Doutrina, não é falar bonito, com tropos pretensamente literários, que só servem para estufar vaidade, à maneira da oratória bacharelesca do século passado. Esse palavrório vazio e presunçoso não constrói nada e só serve para ridicularizar o Espiritismo ante a mentalidade positiva e analítica do nosso tempo.

Estamos numa fase avançada da evolução terrena. Nossa cultura cresceu espantosamente nos últimos anos e já está chegando à confluência dos princípios espíritas em todos os campos. A nossa falta de formação cultural espírita não nos permite enfrentar a barreira dos preconceitos para demonstrar ao mundo que Espiritismo, como escreveu Humberto Mariotti, é uma estrela de amor que espera no horizonte do mundo o avanço das ciências. E curiosa e ridícula a nossa situação.

Temos o futuro nas mãos e ficamos encravados no passado mitológico e nas querelas medievais. Mas, para superar essa situação, temos de aprender com Kardec. Os que pretendem superar Kardec, não o conhecem. Se o conhecessem, não assumiriam a posição ridícula de críticos e inovadores do que, na verdade, ignoram. Chegamos a uma hora de definições.
Precisamos definir a posição cultural espírita perante a nova cultura dos tempos novos. E só faremos isso através de organismos culturais bem estruturados, funcionais, dotados de recursos escolares capazes de fornecer, aos mais aptos e mais sinceros, a formação cultural de que todos necessitamos, com urgência.

(Texto extraído do livro O Mistério do Bem e do Mal )

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A próxima Fronteira

Além da responsabilidade social (que inclui a responsabilidade ambiental), em breve as empresas começarão a se preocupar com sua responsabilidade espiritual no mundo –que nada tem
a ver com religião–, incorporando em seu dia-a-dia o conceito de interdependência, presente na natureza, e a ferramenta da doação. Por Paulo Vieira de Castro


Os milagres não acontecem em contradição com a natureza, apenas em contradição com o que conhecemos da natureza.
Santo Agostinho

Prospectando uma nova e solidária economia mundial, o expresidente dos Estados Unidos Bill Clinton lançou recentemente o livro intitulado Dar [Giving no original, já traduzido em Portugal como Dar, mas ainda não publicado no Brasil], em que reformula o sentido do ato de “dar” como algo que embute uma relação custo–benefício positiva para todos e, assim, oferece um olhar inspirador sobre como cada um de nós pode mudar o mundo. Antes disso, o escritor argentino Jorge Luis Borges também havia mostrado que “dar” é o que importa, ao pedir que se lançassem pérolas aos porcos. No meio empresarial, será que não lidaremos com a mesma lógica neste novo milênio? Não será o ato de dar que nos fará crescer e lucrar mais, como empresas e como humanidade?

Diante disso, e longe de qualquer juízo de grandeza moral, coloquei a mim uma questão que pode parecer extravagante para muitos: o que os marketeers podem aprender com os doadores em geral, e particularmente com aqueles que ajudam os que vivem nas ruas [os sem-teto]? Por exemplo, qual sua motivação para dar? Qual seu retorno? Será que isso poderá inspirar os marketeers? Haverá de inspirar as lideranças das organizações de negócios?

Minha grande descoberta foi a de que, nas ruas, a economia depende principalmente do conceito de interdependência. Essa idéia implica que todos são, ao mesmo momento, provedores e tomadores, clientes e fornecedores. Apenas são outros os valores agregados: o afeto inclusivo, a proximidade real, a confiança mútua, a segurança capaz de granjear a paz interior. Assim, logo percebi que receber tais benefícios também são a motivação e a recompensa de quem os dá.

Como esse conceito se transportaria para o ambiente empresarial? Creio que no surgimento de um novo conceito de marketing relacional: o marketing interdependente. Ele se baseia num aspecto verdadeiramente inovador –o fato de que todos devem ganhar numa relação, e não apenas os diretamente envolvidos. A matemática, a química e a física há muitas décadas conseguiram provar que na natureza tudo está interligado e é interdependente.

Como poderiam as empresas e o marketing escapar dessa realidade? Acredito que o marketing terá cada vez mais a aprender com a natureza, ela própria interdependente, e menos com a civilização. Para a gestão de marketing na prática, isso significará a passagem de um marketing relacional com enfoque em parcerias estratégicas para a fundação de um marketing de comunidades, em que cada um contribui individualmente, não competindo nem cooperando, mas interdependendo.

As empresas deixarão de se ocupar em produzir e comercializar bens e serviços? Não. Mas permearão essa prática com outras baseadas na interdependência. Eis algumas projeções do que pode vir a ocorrer no ambiente corporativo transformado pela interdependência:

• Em todas as etapas de produção, desde a aquisição de matérias-primas, gestores e funcionários serão orientados a desenvolver e priorizar as “ferramentas” do afeto inclusivo, da confiança mútua, da segurança capaz de granjear a paz interior. Os elos da cadeia de fornecimento se transformarão em comunidades interdependentes.

• O mesmo acontecerá em todas as etapas de comercialização e chegada ao mercado: canais de vendas e consumidores finais se converterão em comunidades.

• As empresas até poderão doar um número de horas remuneradas a seus funcionários para que cultivem o relacionamento com essas novas comunidades.

• O lucro continuará a existir, é claro, mas também será utilizado para recompensar o comportamento interdependente e para cuidar das comunidades.

Se um gestor quiser entender de forma completa a idéia da interdependência nos negócios, terá de voltar à necessidade primária do ser humano: a auto-realização. Diferentemente da idéia propagada pela sociedade do conhecimento, em que se mostra fundamental “conhecer”, a proposta central passará a ser “auto-realizar-se”. Admito que não é fácil mudar a lógica, sobretudo nas sociedades ocidentais. É preciso desapegar-se um pouco de nossa sociedade atual para compreender esta frase: “Tudo que dei é meu, continua comigo. Tudo que restará no final será o que compartilhei”. Será possível ter esse sentimento em relação ao que simplesmente compramos ou vendemos?

Madre Teresa de Calcutá afirmava que, “quanto menos temos, mais temos para dar”, e na rua vemos isso claramente. Basta comparar o impacto que tem sobre nós um sorriso ou um abraço sincero com o impacto do consumo, que gera satisfação fugaz e temporária.

Para que isso aconteça no meio corporativo, contudo, talvez sejam necessários às empresas uma nova transparência de propósitos, novos valores e um novo enfoque relacional, traduzidos na criação de comunidades de proximidade real. Uma nova consciência para o mundo dos negócios terá, necessariamente, de passar pela responsabilidade de, como diria Mahatma Gandhi, sermos o exemplo que queremos ver nos outros. Mais uma vez usamos o verbo “dar” –nesse caso, dar o exemplo.

Por onde começar tamanha transformação nas empresas?, perguntará o leitor. Acreditar ser possível é o primeiro passo. Acreditar que você é parte da solução, o segundo. Entender que você é também parte do problema, o terceiro. O resto você já sabe. A esse respeito, Max Planck, um dos “pais” da física quântica, afirmou que à entrada dos portões do templo da ciência estão escritas as palavras: “Deves ter fé”. Ter fé talvez não seja crer no que não vemos, mas criar o que não vemos.

A realidade que se vive nas ruas fez-me antecipar, ainda, o próximo passo, uma nova doutrina econômica aparentada a um capitalismo empreendedor elevado a seu expoente máximo de responsabilidade inclusiva. Nele, assim como na natureza, assistiremos ao retorno à natural evolução criativa, em que nos descobriremos todos maiores que a soma das partes. Além de jogarmos com a idéia de interdependência, passaremos a reconhecer no fator “impermanência” uma variável estratégica de oportunidade, cabendo à alta gestão potencializá-la, em vez de isolá-la como a uma bactéria nociva.

Perante uma humanidade que se debate entre os anseios de uma nova consciência nos negócios e buscas individuais de um sentido mais amplo para a existência, confrontamo-nos com novos ideais de espiritualidade. Só esta parece ser capaz de despertar o princípio organizador, totalizador, integrador de todas as potencialidades humanas. Como poderia ser diferente nas
relações de consumo? Tudo na vida é uma doce responsabilidade, não mero jogo de sorte ou azar. Esse é um entendimento que, desde meados dos anos 80, vem dando origem à figura do gestor servidor.

Aristóteles, que nunca leu um livro de administração de empresas em sua vida, já sabia que somos aquilo que fazemos repetidamente. A excelência não é um ato, mas um hábito. O que falta então para romper com algumas de nossas rotinas? Acreditar que, além de desejável, é possível. Seguindo a máxima de São Francisco de Assis, deveremos começar por fazer o que é necessário,
depois fazer o possível, e logo estaremos fazendo o impossível.

Entre aqueles que cuidam de quem vive na rua, muitos já perceberam que obedecem, agora, a novos paradigmas: o da interdependência e o do dar. A onda criada [na Europa e nos EUA] com movimentos como o Free Hugs (o nome, abraços grátis, é auto-explicativo) ou o Banco de Tempo (que prega a simples troca de tempo por tempo) veio a provar exatamente isso. Está, pois, lançado o mais nobre desafio aos marketeers: a gratuidade –ou, como dizemos cá em Portugal, a gratuitidade.

O ato de dar e os vários credos

Embora a espiritualidade dos negócios não deva jamais ser confundida com uma perspectiva religiosa, é interessante notar a disseminação ecumênica da idéia de “dar”, vista como forma de participar na construção de um mundo no qual todos tenham lugar. Trata-se de um sentimento universal que aparece em diferentes credos, como explica Paulo Vieira de Castro:

• Para os judeus, a caridade é responsabilidade da comunidade.

• Para os católicos, toda a humanidade tem direito ao usufruto dos bens.

• O mundo islâmico dá o exemplo com a prática do zakah, a obrigação de entregar 2,5% do lucro aos mais pobres –para os muçulmanos, só a caridade purifica o lucro obtido.

• Para os hindus, o homem veio ao mundo de mãos vazias, regressando sempre de mãos vazias, e dar é, para eles, a única forma de purificação, pois só as ações filantrópicas darão bom carma.

• Para os budistas, o desapego aos bens materiais é o que faz com que qualquer ação tenha como intenção gerar felicidade aos outros e a si próprio.

Paulo Vieira de Castro é
diretor do Centro de Estudos
Aplicados em Marketing do
Instituto Superior de Administração
e Gestão do Porto, em
Portugal, e seu professor. Ele
também atua como consultor
de empresas e é o formulador
do “dharma marketing”, novo
modelo de marketing baseado
na responsabilidade espiritual.
Para conhecer mais sobre o
assunto, clique em
www.dharmamarketing.org .

HSM Management Update nº 57 - Junho 2008

AMOR & ÓDIO

José Renato M. de Almeida


São dois sentimentos básicos presentes na vida do ser humano. Parecem conflitantes mas são complementares, como os pólos de um imã: o Amor atrai, o Ódio repele. Não dá para viver só com um deles, assim como não se consegue obter um imã de uma única polaridade, que apenas atraia ou apenas repila. Quando um imã é partido imediatamente aparecem os mesmos dois pólos no pedaço menor. Essa unidade, aparentemente contrastante, também é encontrada em todas as coisas. Heráclito (540-470 a.C.) – filósofo grego da cidade de Éfeso – estabeleceu, no seus concisos escritos “Sobre a Natureza”, a existência de uma lei universal e fixa (o Logos) regedora de todos os acontecimentos particulares e fundamento da harmonia no Universo, harmonia feita de tensões, “como a do arco e a da lira”.(1)
O imaginário romântico brasileiro me parece ter dificuldade para perceber que o caos (desordem) e o cosmo (ordem) convivem e se complementam no Universo.

Entretanto os sentimentos pessoais de atração e de repulsão não se resume aos pólos positivo e negativo como ocorre no imã. Em nós, seres pensantes dito racionais, esses sentimentos são seletivos. Cada um de nós sente-se atraído e sente repulsão por coisas diversas de forma individual. Pode até coincidir em alguns casos, mas dificilmente isso ocorrerá para tudo. São essas forças que nos atraem ao que nos parece bom e nos faz repudiar o que nos parece prejudicial. A decisão é nossa, somos “donos do sim e do não”, como diz Caetano em sua composição “Luz do Sol”. Pelo menos, deveríamos ser. O sambista no passado já afirmava que essas coisas não se aprende na escola... Nem é ensinado. Pouquíssimas escolas formam o indivíduo no conhecimento emocional de si mesmo e dos outros.

Quando dois seres se amam, se atraem e tentam aproximar-se, usando a metáfora do imã, consideramos que há, além das facilidades, diversos tipos de dificuldade que requerem cuidados sutis no modo de conviver com essas forças opostas. Quando dois seres colocam o seu amor a frente de tudo... Dois pólos iguais se repelem. Isso é curioso. Se juntarem o amor e o ódio fixam-se na prisão desgastante de uma relação de dependência hostil. Num relacionamento desse tipo, qualquer tentativa de separar ou se ajustar requer grande força e cuidado, para não provocar um novo choque e até mesmo quebrar o imã, o amor próprio da pessoa que “finda por ferir com a mão a coisa mais querida, a glória, da vida”, como canta Caetano.(2)

Mas como então se aproximar e ficar juntos? A melhor forma de acomodar esses sentimentos, já exortava Paulo, o Apóstolo, é ajustá-los pacientemente um ao outro, interdependente e confiante, numa compreensão de sentimentos. Experimento e reflito sobre isso usando barrinhas de imã dos enfeites de geladeira. Esse ajuste pode ser confortável e estável. Pode permitir amplos movimentos, deslocamentos e reacomodações num simples deslizar de imãs ou de pessoas – um no outro. Huumm! Melhor que isso só no Paraíso!


Referências:
1. Os pré-socráticos – Coleção Os pensadores – Abril Cultural – pág. 81
2. Luz do Sol, composição de Caetano Veloso.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Unificação

"[...] precisamos é aprender e a respeitar as diferenças plenamente e não apenas expositivamente. Isto encontro em alguns outros movimentos que participo, fora do acadêmico e espírita... por que não poderia acontecer no meio espírita? [...]"

Penso que o grande problema seja a proposta de unificação. Quando se assume a multiplicidade, a variedade como riqueza maior, compreende-se mais a existência do outro, e um outro que difere de mim em muitos aspectos na compreensão daquilo que se discute.

Entretanto, quando o paradigma maior é a "unificação", passa-se da fraternidade da multiplicidade à intolerância da unidade. Perceba que o discurso que sempre quer evitar a polêmica, taxando-a de estéril (nas formas menos belicosas), fá-lo em nome duma "unidade" que não existe e jamais existirá, a não ser pela exclusão odiosa (como o exemplo infeliz da FERGS em relação ao centros que aderiram ao congresso proposto pela CEPA) ou pela violência mais explícita (nos casos de doutrinas religiosas mais tradicionais como o catolicismo e o islamismo).

O espiritismo proposto como ciência é infenso a esses dogmatismos doutrinários, como de resto, aliás, é-o toda proposta epistemológica. Mas quando ele passa a ser visto como mais uma "religião", com sua profusão de quitutes dogmáticos, insere-se nessa luta por uma "persona" social, ou seja, quer-se diferenciar de outras propostas, delimitando espaços, valores e ritos, fazendo com que adeptos, ou melhor, profitentes, abracem uma causa, que nada mais é do que essa "persona", e lutem por ela. O exemplo da luta jurídica pelo casamento "espírita", perpetrada pelo estranho médium baiano, é exemplo lapidar disso que escrevo. A luta não era por um ideal interior ou pela transformação dos que se unem como cônjuges, mas pelo direito de aparecer socialmente como uma religião instituída, com seus rituais, sacerdócio e valor legal. Sendo o condutor da luta por essa máscara social, o médium se posiciona como um "líder" natural dessa nova religião (melhor seria usar o termo pastor, ao invés de líder, pois foi o que usou para se apresentar ao seu público em texto num jornal soteropolitano).

Então, quando leio ou ouço que alguém luta pela "causa espírita", traduzo a expressão como uma forma clássica de incompreensão do que sejam as propostas espíritas. Primeiro, porque não se sabe extamente que "causa espírita" é a adotada pelo proponente. Seria uma "causa" religiosa, com casamentos e técnicas de passes, ou seria uma "causa" como a dos centros espíritas da união vegetal, com seus cultos regados a chás alucinógenos? Segundo, porque sempre me questiono o que seria uma "causa espírita" coletiva. Sempre que leio os evangelhos, encontro um Jesus que propõe ao indivíduo e jamais à coletividade, chegando mesmo a afirmar ser a porta estreita... E todos estamos em busca de nossas necessidades atávicas, das mudanças em cima de nossas experiências pregressas, que são bem particulares, portanto não poderia mesmo haver um único discurso que servisse como panacéia a todas as questões espirituais. A mesma coisa encontro no espiritismo: a proposta é para o homem, não para a sociedade. A sociedade seria transformada a partir da mudança do homem.

O que nos une então, esse emaranhado multifacetado de compreensões das propostas espíritas? Nem mesmo as obras de Kardec são capazes dessa façanha, porque uns elegem algumas como fundamentais em sua caminhada, e outros, outras. Seriam então, a liga, as propostas morais, como o próprio Kardec fala dos evangelhos na introdução do "ESE"? Talvez, mas isso implicaria, como ele o faz brilhantemente em sua "Viagem espírita", em assumir a diversidade como paradigma maior, mas o que se vê é que essa "liga" é frágil o bastante para não permitir sequer um diálogo honesto e franco, pois surgem melindres e ferem-se susceptibilidades.

São apenas algumas reflexões inconseqüentes sobre o tema da diversidade X unificação no movimento espírita.

Abraços fraternais.

Sergio Mauricio

Texto publicado no grupo Espiritismo-Brasil

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

"Crianças Índigo" e a falta de lógica

Adésio Alves Machado

Bons espíritos são identificados pela prática da justiça, da paz e da fraternidade O movimento espírita mostra-se, em muitas ocasiões, muito infantil, invigilante mesmo e esquecido do que tanto apregoou Allan Kardec, "o bom senso encarnado". Disse ele:

"Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espírito bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam; a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar. Substituí-los-ão Espíritos melhores que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade. A Terra, no dizer dos Espiritos não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas”.(1)

Aí estão, meus irmãos e minhas irmãs, breves palavras do Codificado-. extraídas do seu livro A Gênese. mostrando a mecânica da transformação moral desta Humanidade. Vejamos o que existe a respeito das Crianças Índigo e vejamos se coincidem com o afirmado pelo Codificador.

Inicialmente, a existência dessas "crianças" partiu de uma seita norte-americana criada por Lee Carrol, que vende sessões de energização para mudar DNA das pessoas. Portanto onde entra o interesse financeiro apanágio de um povo sempre envolvido com dinheiro ligado às questões espiritualistas, exige, tem de merecer de todos nós o máximo de cuidados.

A verdade é que vamos ferir suscetibilidades, magoar o amor próprio de amigos e companheiros, granjear inimigos gratuitos e atiçar revides apaixonados. Contudo, temos de nos definir: estaremos sempre com a verdade ou com a mentira, defendemos a Doutrina abraçada ou nos tornamos tolerantes num grau que só pede prejudicar a divulgação espírita tudo em nome de uma falsa caridade. Vamos permitir, sem fazer nada em contrário, que a mentira doutrinaria trafegue impune pelos nossos caminhos espiritistas?

O 1º livro best-seller "Crianças lndigo" foi publicado nos EUA em 1999, e no Brasil em 2005. Segundo seus autores entre eles uma vidente de nome Nancy Ann Tappe, "elas", as Crianças índigo, apresentam estas alarmantes características: "Nascem, sentem-se e agem com realeza. (. .. ) Conseguem inverter as situações, manipulando ao invés de serem manipuladas, especialmente seus pais. (. .. ) Não se relacionam bem com pessoa alguma que não seja igual a elas. (. .. ) Algumas têm propensão ao vício, especialmente drogas durante a adolescência".

Meu Deus! Será desta forma que a Espiritualidade Superior irá realizar a transformação moral da Humanidade? Ela teria perdido totalmente o juízo? Nem eu faria tal coisa, quanto mais os Espíritos Superiores, representantes que são de Jesus, o Mestre dos mestres!

Uma vidente de nome Nancy Ann Tappe, supostamente a primeira a reconhecer a aura azul dessas crianças, fez um incrível relato sobre "elas": "Todas as crianças que mataram colegas de escola (nos EUA isso já se constitui num hábito, desgraçadamente) ou os próprios pais, com as quais pude ter contato, eram índigos.

Elas tinham uma visão clara de sua missão, mas algo entrou em seu caminho e elas quiseram se livrar do que imaginavam ser o obstáculo. Trata-se de um novo conceito de sobrevivência. Todos nós possuíamos esse tipo de pensa¬mento macabro quando crianças, mas tínhamos medo de colocá-lo em prática. Já os índigos não têm esse tipo de medo".

Perguntamos: com tantos Espíritos sábios e bons no mundo espiritual, Jesus, o Governador do planeta, responsável direto diante de Deus (Nenhuma de minhas ovelhas se perderá) pela sobrevivência e progresso moral/intelectual dos habitantes da Terra, não teria nada melhor para nos oferecer em matéria de orientadores?

“Ora, meus irmãos e minhas irmãs, a fraternidade e a caridade hão de ser sempre a pedra angular da nova humanidade que está sendo construída, ou o Espiritismo não passa de uma doutrina quimérica, oferecendo sonhos e fantasias para todos nós que o abraçamos.

A nova geração que se apodera lentamente da Terra sem estardalhaço, mostrará uma inteligência precoce, o uso natural da razão, juntos à prática do bem e do amor aos mais carentes, não pode ter outras características. Cada criança que nascer, nessa nova era, não demonstrará propensão ao mal, mas ao bem, será conseqüentemente mais adiantada do que as que aqui já estão.

Acontece que as crianças índigo mostradas pelos autores dos livros que falam sobre "elas", são descritas como revoltadas, agressivas e prepotentes, nada tendo, pois, a ver com os anunciados espíritas descritos aqui na primeira página por AlIan Kardec.

Lee Carrol, um dos autores do livro "Crianças Índigo", é formado em Economia pela universidade da Carolina do Norte. Tudo começou quando um sensitivo (médium) afirmou estar vendo uma entidade extraterrestre junto a ele que se identificou como "Kryon". Acreditando, inexperiente como deve ser sobre a influência dos Espíritos em nossas vidas (mediunidade), ele começou a "canalizar" (essa a denominação encontrada por ele substituindo o verbo psicografar), como partícipe que é de reuniões num grupo esotérico.

Sua ex-mulher, Jan Taber, o ajudou a criar uma seita própria, o Grupo Iluminação "Kryon", em 1991, aí tendo início, como sabemos muito bem através da Doutrina Espírita, um terrível processo obsessivo. Os lucros do casal renderam, durante 10 anos, a publicação de 12 livros com as edições traduzidas para 23 línguas, com uma vendagem de Um milhão de exemplares.

O Lee CarrolI oferece consultas pagas, conseguindo reunir uma assistência de mais de 3.000 pessoas, lotando caríssimos salões e teatros da Europa e Estados Unidos. Nesses encontros são vendidos, além dos livros, bijuterias, filmes, souvenires.

As mensagens de "Kryon" pela internet alcança um público de 20 mil pessoas por dia. O site oficial da seita dá uma versão sobre a identidade de "Kryon", dizendo que "Ele é o mais evoluído ser de luz a que a Terra jamais teve acesso. Proveniente do “Sol Central”, com a função primordialmente técnica ligada ao 'serviço eletromagnético'. Foi enviado por um grupo de 'Mestres Extrafísicos', chamado 'A Irmandade'. Veio dessa vez para reordenar a 'rede magnética planetária', visando uma série de mudanças magnéticas no eixo da Terra, que se encerrará no ano 2012".

Perguntamos, diante de toda esta baboseira: "Como ficaria Jesus se isso fosse uma verdade, Ele que se acha plenamente definido e devidamente apresentado na pergunta 625 de "O Livro dos Espíritos", como o ser mais perfeito que Deus há enviado à Terra para nos servir de Guia e Modelo? Mas os absurdos não ficam só nisso, não, vão muito mais além.

Vejamos. O "Kryon" afirma que Deus não existe, propondo a idéia panteísta negada peremptoriamente pelo Espiritismo, como se encontra no livro básico nas perguntas 14,15 e 16. Destaquemos, diante da pergunta feita por Kardec, segunda a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo, seriam partes da Divindade e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria Divindade; ou seja, que pensar da doutrina panteísta, os Espíritos responderam: "Não podendo ser Deus, o homem quer pelo menos ser uma parte der Deus".

Irmãos e irmãs, não é exatamente o que esse "Kryon" deseja ser?

Assim são todos aqueles que aportam na Terra trazendo suas idiossincrasias religiosas, suas ambições estampadas em suas palavras e comportamento. Notem mais o que disse o tal "Kryon": "Os seres humanos que vivem na Terra eram anjos muito evoluídos que assinaram um contrato (sic) para vivenciar uma experiência humana no planeta Terra, motivo pelo qual seríamos honrados e celebrados em todo Universo" Disse mais: "A Humanidade atingiu a 'Convergência Harmônica' necessária. Essa experiência é a de vivermos com um nível vibracional rebaixado para a terceira dimensão, sem as memórias ou lembranças de nossa origem divina".

Essa 'Convergência Harmônica", segundo o livro de Lee Carroll, é um conjunto de informações pseudocientíficos que se acham por todo texto sem explicação lógica alguma. Segundo "Kryon", desde 1987 estariam nascendo crianças com o DNA alterado, que seriam essas "crianças índigo". Existe referência também às crianças cristal.

Acontece, simplesmente, que, cientificamente, nenhuma modificação do DNA transformaria moral¬mente indivíduo algum. A moral não se acha no corpo, mas no Espírito. Se esse "fantasma Kryon" desconhece essa realidade, que credibilidade pode aspirar, ainda mais a nossa? Segundo "ele", essa suposta mutação das crianças "as tornarão uma nova raça que irá habitar uma galáxia que está sendo criada a 12 bilhões de anos-luz da Terra".

Outra afirmação descabida, bizarra, porque a criação tardia de uma galáxia não tem embasamento científico algum. A Natureza e as suas leis não se enganam.

Para terminar, porque pelo exposto estamos diante de espíritos encarnados e desencarnados num miserável processo obsessivo do qual não sairão com facilidade, o "Kryon" indagado para responder a pergunta assim formulada: "Querido Kryon na Califórnia você nos falou que segurar pílulas na mão pode curar eliminando os possíveis efeitos colaterais. Então, é seguro ficar segurando Prozac?, respondeu: "Seu corpo sabe que substância vocês estão segurando ( meu Deus !!!). Portanto, é possível impregnar as propriedades da intenção de usar a substância em suas células. Assim não há efeito colateral de uma droga, por exemplo. Apenas pensem...um frasco de aspirina ou antiácidos durará anos". CHEGA. .'.,.. não é leitor(a)?

E Kardec alertou sobre consultas a serem feitas aos Espíritos: "Os Espíritos sérios sempre respondem com prazer às perguntas que têm por ob¬jetivo o bem e os meios de progredirdes, São atendem às fúteis". Disse mais, diante da pergunta "Basta que uma pergunta seja séria para obter uma resposta séria?, o seguinte: “Não; isso depende do Espírito que responde". Kardec insiste: Mas, uma pergunta séria não afasta os Espíritos levianos? Obteve como resposta: "Não é a pergunta que afasta os Espíritos levianos, é o caráter daquele que a formula" (2).

Ah, se o "Kryon", Lee Carroll, Jan Tabler e tantos outros estudassem os livros da Codificação, principalmente O Livro dos Médiuns! Quantos benefícios hauririam! (1)Livro "A Gênese", autor Allan Kardec, cap.XVIII, página 418 "A Geração nova". 2) Livro "O Livro dos Médiuns", autor Allan Kardec, cap. XXVI, item 288. Nota: Matéria publicada na Tribuna Espírita, João Pessoa, PB, edição de setembro/outubro de 2007. *o autor é escritor, palestrante espírita e atua também em programas radiofônicos.

Revista Internacional de Espiritismo - Janeiro de 2008

A Pedagogia Espírita e as crianças índigo


“Devendo fundar a era do progresso moral, a nova geração distinguese por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, aliadas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que constitui o sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior.”

Allan Kardec

Cabe à Associação Brasileira de Pedagogia Espírita se manifestar oficialmente a respeito do tema crianças índigo, já que se trata de um assunto eminentemente pedagógico. É lamentável que dentro da tradição pedagógica espírita que temos no Brasil, desde Eurípedes Barsanulfo, passando por Anália Franco, Ney Lobo, Herculano Pires e hoje, alcançando foros de movimento nacional, com cidadania acadêmica, apareça em nosso meio um modismo pedagogicamente perigoso como esse das crianças índigo.

Algumas questões são muito graves do ponto de vista pedagógico: em primeiro lugar, é a concepção elitista, eugenista, de classificar os seres humanos, que fere o princípio da
igualdade entre todos. Filhos geneticamente modificados seriam superiores (fisicamente)
aos pais e em toda a literatura índigo, a interferência educacional da família parece um
estorvo na vida das realezas índigo!

Segundo ponto que nos parece particularmente problemático é justamente a recomendação
de uma certa renúncia à função educativa dos pais e responsáveis, já que as crianças índigo já vêm prontas. Aliás, na teoria ,original, são anjos extra-terrestres! Ora, sabemos que todos os Espíritos que reencarnam na terra, mesmos o mais evoluídos (que não é o caso desse modelo apresentado por Lee Carrol e Jan Tober e, mais particularmente por Nancy Ann Tappe, de crianças que matam, que roubam e com tendências viciosas), precisam de um processo educativo.

É claro, que a educação deve ser amorosa, respeitosa da personalidade reencarnante – mas isso vale para toda e qualquer criança, aliás, para todo e qualquer ser humano. No livro Educando Crianças Índigo, entre outras heresias pedagógicas, que fariam Comenius e Pestalozzi perderem as estribeiras, o autor Egidio Vecchio diz que a criança índigo:

“Necessita da parceria de pais e professores que se adaptem à sua condição atípica, em lugar de, como acontece freqüentemente, pretender adaptá-la a uma educação voltada aos que não possuem os mesmos recursos de que os índigo dispõem.”
Ou seja, elas são tão diferentes, que todos precisam se adaptar a elas e só elas merecem ou devem ter uma educação nova e diferente. Desde o século de Comenius, os grandes educadores
vêm lutando para promover uma reforma completa no modo de educar, que atinja a todos os seres humanos indistintamente e não alguns privilegiados, que supostamente sejam melhores que os outros. Já se imaginou o tamanho da vaidade, da prepotência e do orgulho que esse absurdo educacional vai provocar nessas mentes que estão chegando? Dizer a uma criança que é
preciso aceitar “que é um ser diferente dos outros” cria de imediato um abismo nas relações
humanas e um soberano desprezo pelo resto da humanidade.

A proposta pode criar monstrinhos que se julguem acima do bem e do mal e que não tenham
a mínima noção de convivência igualitária com o próximo. E pensar que estamos desenvolvendo seriamente uma proposta baseada em Comenius, Rousseau, Pestalozzi, Kardec, com inspiração
nos grandes educadores espíritas brasileiros, e dentro do próprio movimento, ignorando
ostensivamente o esforço de se firmar uma Pedagogia Espírita consistente e atual, escapa-se
por esse delírio pedagógico que, se aplicado, tenderá a deformar as personalidades do futuro!

Dora Incontri
Alessandro Cesar Bigheto

Edição Especial do jornal Mensagem - Crianças Índigo

Um exército salvador?Seres azuis, privilegiados, escolhidos, poderão mudar o planeta? Onde estão eles?

O ser humano adora o mágico; no tempo e no espaço criou histórias, mitos e as qualidades
e defeitos do indivíduo da Terra aparecem em mensagens fabulosas. Jung explica que temos em nosso psiquismo vários arquétipos, entre os quais o sombra e o herói surgem até nas fábulas. Não
compreendemos que somos responsáveis pela extinção da sombra pelo herói, nossa luz interior, acesa por nossa capacidade de amar.

O endeusamento dos médiuns no tempo e no espaço e sobretudo nas casas espíritas,
é fruto desse desejo de milagre, da intervenção espetacular do mundo espiritual
para resolver nossos problemas. Uma varinha mágica transformaria nosso sofrido
planeta em um mundo de paz. A guerra e o sofrimento desapareceriam, não devido
ao nosso amadurecimento e trabalho, mas por processos misteriosos.

Livros que apresentam anjos, viagens libertadoras até caminhos especiais, super
heróis, vendem mais do que qualquer outro no mundo todo. Nessa linha surgiu um
livro: “Crianças índigo”, trazendo seres especiais, com o corpo energético azul, prontos
a acabar com os problemas do nosso planeta que, mesmo azul, não conseguiu resolvê-los. Alguns dizem que os fumantes ficam com o perispírito azul, o que mostra que a cor não é tão favorável quanto imagina o casal que criou a teoria absurda das crianças índigo.

O interessante é que os espíritas, os últimas convidados da parábola do Festim de Núpcias, ficaram apaixonados pelas crianças azuis. Ah! Finalmente seríamos salvos de nós mesmos; não pelo sangue de Jesus, nem pelos espíritos de luz que nos protegem, estimulando-nos ao desenvolvimento espiritual... Não, apenas um grupo de espíritos vestidos de azul (minha sorte
então mudou), que começariam auxiliando os pais na grande transformação do mundo
de provas e expiações para mundo feliz.

Políticos corruptos, profissionais incompetentes, egoísmo e orgulho, seriam varridos
da Terra simplesmente com o trabalho de um punhado de crianças e adolescentes especiais.
Onde está esse exército de seres luminosos e azulados? Entre os monges tibetanos,
alguns tão necessitados? Escondidos no Amazonas? Esperando com seus olhinhos espertos e suas flechas embebidas na essência do amor, o momento de atingir os habitantes ainda necessitados moralmente desse planeta da cor do céu? E o que aconteceria então? Todos se transformariam em anjos e toda a Terra seria um palco maravilhoso no qual permaneceríamos abraçados, mergulhados em nosso sonho cor do mar. Os pássaros começariam a cantar , os animais irracionais ficariam com os olhos marejados pela emoção e até as serpentes, antes venenosas, ficariam dóceis, amorosas.

Se foi pela ação de Eva que perdemos o paraíso, agora as crianças índigos o devolverão; sentemos e esperemos que o milagre em breve virá. Como diria Raul Seixas, “sentados, com a boca cheia de dentes esperando a mudança chegar...”

Mas os definitivamente rebeldes, aqueles que se negarem a tingirem o seu perispírito de azul, o que acontecerá com eles? Ah! Existe em outro livro, que alguns espíritas adoram, que apresenta o “Grande Planeta Chupão”, que, com um aspirador, os transportará para um mundo atrasado.
Perderão o paraíso que espera o azulado , não conseguindo a libertação trazida pelo exercito índigo. Enquanto isso nós, os bons, mas ainda não azuis, permanecemos sentados, não fazendo nada porque os meninos vieram para mudar; que eles façam tudo.

Mas onde estão? Saí a procurá-los. Não os encontrei nos lares economicamente fartos, nas mansões maravilhosas de Brasília ou de outro Estado. Também não estavam nos lares da classe média, menos ainda nas consideradas escolas boas de todo o Brasil.

Será que estariam na periferia? Nas favelas? Onde estariam escondidos os nossos jovens azuis, responsáveis pela transformação milagrosa da Terra? Não os encontrei.

Crianças mais desenvolvidas intelectualmente do que as gerações anteriores sim, mas necessitadas moralmente, deprimidas, angustiadas, rotuladas de hiperativas e outros nomes especiais, precisando urgente da verdadeira educação, que convencionamos chamar de espírita, que vem já desde os druidas, antes de Jesus. Necessitam do despertar de consciência do Mestre de Nazaré, do “amai o próximo como a si mesmo”.

Vi crianças e jovens desesperançados, olhos vermelhos, cambaleantes, dopados por drogas várias, morrendo como se fossem pássaros frágeis. Encontrei olhos vazios de amor, frios, cruéis, empunhando armas, tentando conseguir a ferro e fogo o amor que lhes falta e que julgam estar nas roupas caras ou nos tênis importados. Enxerguei um exército de meninas grávidas, incompetentes para lidar com as próprias emoções e incapazes de educar os filhos que carregam
no ventre. Ouvi filhos gritando com os pais e assustada percebi que os responsáveis pela educação desses reencarnantes não sabiam o que fazer. Encontrei nos noticiários filhos matando seus pais ou avós. Mas onde estavam os índigo? Teria o “Planeta Chupão” ficado confuso e onduzido o grupo especial para planetas primitivos? Será que o comandante índigo teria pensado que a Terra não teria mais jeito? Onde estão nossos índigos?

Continuei minha procura e encontrei crianças e jovens normais, muito inteligentes, porque vieram trabalhando as suas possibilidades de pensar através dos séculos, mas com necessidades morais, exigindo amor e trabalho dos pais. Senti a importância da apresentação adequada do trabalho de Jesus para o despertar da força interior; das explicações dos livros básicos de Kardec sobre o “Orai e Vigiai” do Cristo. Sorri feliz, lembrando que o futuro será de luzes, não por milagre, nem pela presença de grupos azuis ou amarelos ou vermelhos, mas pela educação exercida através do esclarecimento da Doutrina Espírita, na conscientização de que todos somos especiais, criados da mesma forma por Deus, necessitando do esforço próprio e da educação que dilata a capacidade de amar, a humildade e extingue o orgulho e o egoísmo...

Heloísa Pires

Edição Especial do jornal Mensagem - Criança Índigo

A visão científica sobre as crianças índigo II

Não existe nenhuma investigação científica a respeito de uma possível mudança de DNA nas novas gerações

O termo índigo provém de uma sensitiva chamada Nancy Ann Tappe que, sem nenhum critério
de cientificidade, baseou-se única e exclusivamente na sua “habilidade” em classificar as
personalidades das pessoas segundo a cor das suas auras. De acordo com ela, essas crianças
apresentariam uma aura azul com predominância da tonalidade índigo.

Essas crianças apresentariam algumas alterações, seja no seu DNA ou mesmo na sua estrutura
cerebral. Consultando o PubMed que é um serviço oferecido pela Biblioteca Nacional de
Medicina do Congresso dos EUA e que inclui mais de 16 milhões de citações do MEDLINE e
outros jornais de ciências da vida, não existe uma única referência, estudo ou pesquisa envolvendo essas crianças.

Segundo informações, descritas na literatura New Age, as crianças índigo nasceriam com
parte do seu DNA mais “ativado” que a maioria das pessoas. Essa ativação “extra” lhes permitiria acessar informações de uma dimensão espiritual superior, dando-lhes como conseqüência habilidades especiais. Essa informação necessita de demonstração científica e não existe qualquer teoria de como, onde e de que forma ocorreria essa ativação, nem de que maneira essa ativação de algo material poderia acessar algo espiritual. Embora alguns dos autores sobre a literatura índigo tenham formação e mesmo pós-graduação em psicologia, o termo criança índigo não é reconhecido no campo da psicologia, nem na biologia ou da pediatria.

Os poucos cientistas que fizeram uma análise superficial da questão advertem na verdade
que crianças educadas como índigo tenderão a adotar comportamentos sociopáticos, tais
como um senso de superioridade, alienação e uma identidade paranormal bizarra.
Outra alegada habilidade dessas crianças seria a de possuírem uma estrutura cerebral diferente
no que se refere ao uso dos hemisférios esquerdo e direito, com um predomínio do lado
direito. Em desacordo inclusive com as alegadas habilidades, sendo uma delas a capacidade
de abstração precoce, função esta coordenada pelo hemisfério esquerdo. Mais uma vez
não existe qualquer estudo evidenciando isso. Muitas dessas crianças classificadas como índigo
na verdade se enquadram dentro de uma condição, Desordem Hiperativa do Déficit de
Atenção, bastante estudada pela medicina, inclusive com vários estudos publicados em revistas
especializadas.

Muitas das habilidades atribuídas às crianças índigo resultam de uma melhor alimentação, o
que permite um desenvolvimento orgânico mais completo, além disso as crianças do mundo moderno estão sujeitas a uma grande, variada e precoce exposição a diversos estímulos intelectuais tais como computador, televisão, rádio, revistas etc.

Concluindo, entendemos que as afirmações no que se concerne às características biológicas
das crianças índigo carecem completamente de investigação científica e devem ser tomadas
como infundadas ou pseudo-científicas.


Franklin Santana Santos

Edição Especial do jornal Mensagem - Criança Índigo

A visão científica sobre as crianças índigo

A tendência eugenista


Além do caráter pseudo-científico das teorias de mutação genética das crianças índigo,
há ainda outra conotação ideológica perigosa: trata-se de uma teoria eugenista,
de mutantes com superioridade genética.

Se Nancy Ann Tappe se refere a “um novo conceito de sobrevivência” dessas crianças,
que matam quem se está em seu caminho, então temos aí uma filosofia nazista de sobrevivência
da lei do mais forte, com plena justificativa moral.

Vejam-se algumas pérolas pseudo-ceintíficas retiradas do livro Educando crianças
índigo, de Egidio Vecchio – Editora Butterfly: “Na década de 1970 vieram ao mundo
seres humanos muito especiais, portadores de uma mudança potencial em seu DNA.
(…) O DNA do índigo é diferenciado e é composto de substâncias químicas que estão
sendo identificadas e também de substâncias não-químicas que completam 12
hélices, além daquelas já conhecidas da ciência.

Se hoje pudéssemos penetrar o DNA de um índigo, descobriríamos uma energia
além daquela que é fisiológica, que informa o cérebro, gerando a possibilidade de
uma conscientização que não depende dos elementos químicos conhecidos por nós,
mas que realmente existem.”

“O índigo constitui, pois, um novo tipo de criança que vem ao mundo com um DNA diferente,
com predisposições cromossômicas para manifestar comportamento diferente
e superior a tudo o que conhecemos como próprio do ser humano.”

“O único fator que freqüentemente impede o desenvolvimento do índigo na sua plenitude – alem da desinformação generalizada – são os resíduos genéticos dos pais, que se misturam, ainda, com as características do novo código, próprio de uma nova evolução em andamento. Quanto maior for a influência genética, maiores serão os obstáculos que as crianças terão para desenvolver
seu “DNA capacitado”. Isto requer a intervenção de um profissional que oriente o índigo, sua família e seus professores.”

Dora Incontri

Edição Especial do jornal Mensagem - Criança Índigo

Crianças índigo seriam mais evoluídas espiritualmente?

A visão espírita e a teoria científica das inteligências múltiplas tem tudo a ver. Mas a idéia das
crianças índigo e cristal não fazem sentido.

Quando escrevi pela primeira vez sobre os “índigos”, em fevereiro de 2006 para o site da Fundação Espírita André Luiz *, meu objetivo era levantar alguns pontos de reflexão entre os
espíritas, porque observava um número crescente de questões relacionadas ao tema nos
grupos onde comparecia para dar palestras e seminários.

Muitos pais me procuravam para falar de suas crianças e solucionar dúvidas. Na tentativa de me informar melhor sobre o assunto, já que não é prudente falar de coisas sobre as quais pouco ou nada se sabe, busquei informações e notei, nos materiais pesquisados, diversas e graves incongruências em relação aos conceitos espíritas que me acompanham há mais de vinte anos, incongruências que tornavam a tese das crianças índigo, no mínimo, incompatível com os princípios do Espiritismo.

Apesar disso, temos visto o interesse entre os espíritas aumentar, havendo pouco ou nenhum
critério doutrinário nas afirmações que se ouvem em palestras promovidas por entidades espíritas e que se lêem nos artigos e publicações espíritas referentes aos índigos e, também, às
chamadas “crianças cristal”. Instituições idôneas que patrocinam tais eventos e publicações, e
que associam seus nomes à divulgação da tese dos índigos e cristais, talvez ignorem certos fatos
relevantes.

Até onde nos é dado saber, Nancy Ann Tappe foi a primeira pessoa a identificar e a escrever
sobre as “crianças índigo”, denominação que, segundo ela mesma, refere-se à cor de sua
aura, indicativa de qualidades espirituais bastante diferenciadas das outras crianças.
Tais qualidades seriam devidas à sua missão de colaborar com a presente fase da evolução
de nosso planeta e, por esta razão, estariam reencarnando na Terra a partir da década de
70.

As primeiras comunicações (ou “canalizações”) a respeito da missão dos índigos nos
chegaram a princípio por um único médium, Lee Carroll, nas comunicações de um único espírito,
Kryon. Não houve o que Herculano Pires chamou de uma “invasão organizada” dos Espíritos
elevados, mas o trabalho isolado de um indivíduo que ganhou adeptos e publicidade, o
que explica a multiplicidade de grupos compartilhando atualmente as mesmas idéias. Somente
isto já vai de encontro ao princípio da universalidade dos ensinos dos espíritos, critério que
Kardec recomendou para se avaliar a veracidade do conteúdo de uma mensagem.

Alguém, entretanto, poderia argumentar que não importa muito quem descobriu o fato das
crianças índigo e cristal, quem primeiro trouxe à baila tais idéias, se encontrarmos formas de
justificar tal crença dentro de critérios racionais e lógicos do Espiritismo.

Contudo tal justificação, com o rigor que ela exigiria, não existe. E as características e o
comportamento observados nessas crianças, descritos inclusive na obra dos próprios Carroll
e Tober, os co-autores de “Indigo Children”, estão muito longe de testemunhar algum progresso
espiritual excepcional.

O ponto de vista das inteligências múltiplas Diferente da tese dos índigos e cristais, a teoria
das inteligências múltiplas possui credibilidade científica e conta com mais de vinte anos de
pesquisas sérias.

Na década de 80, Howard Gardner, psicólogo de Harvard, começou a questionar as formas
de avaliar a inteligência como uma capacidade inata, geral e única, dirigida à manipulação de
conceitos lógico-matemáticos e lingüísticos. Ao acompanhar o desempenho profissional de diversas pessoas, o psicólogo se surpreendeu ao verificar que muitos daqueles que alcançaram
sucesso e viviam satisfatoriamente, haviam sido alunos fracos ou medíocres, enquanto aqueles
que haviam sido estudantes aplicados e tirado boas notas nem sempre obtinham semelhante
êxito. Questionando o tipo de avaliação feita nas escolas, ele verificou que elas não incluíam
capacidades que eram essenciais para a realização e a felicidade humanas.

Graças ao desenvolvimento das tecnologias de investigação do cérebro, Gardner provou
que as demais faculdades, desprezadas pela escola, também são produto de processos mentais
e passíveis de se desenvolverem. Concebeu a partir daí uma ampliação no espectro das inteligências para abarcar habilidades musicais, cinestésicas, interpessoais, intrapessoais, lógicomatemáticas, lingüístico-verbais, espaciais**, considerando cada uma delas uma capacidade
em si mesma de resolver problemas e desenvolver produtos significativos numa comunidade
ou ambiente cultural.

O que me chamou a atenção, no primeiro seminário sobre inteligências múltiplas de que
participei, foi a coerência destas idéias com os postulados da Filosofia Espírita.
Por exemplo, foi constatado que todos os seres humanos possuem todos estes tipos de inteligência, o que concorda perfeitamente com a concepção espírita da Lei de Igualdade. O
que cada ser possui, de fato, são diferentes graus de desenvolvimento para cada uma das
inteligências. (Quer dizer que alguns têm maior progresso nas habilidades musicais, enquanto
outros são proficientes em matemática, ou em desenho.) A Doutrina Espírita também nos diz que todos possuímos os germes de todas as faculdades, que apenas aguardam para desabrochar em nós, o que ocorre num processo que obedece à Lei de Evolução.

Voltando à análise do comportamento dos índigos, notamos que eles possuem desenvolvimentos
bastante desiguais dentro do quadro das inteligências múltiplas. Suas características agressivas, a dificuldade de convivência e de compreensão do outro, as suas reações violentas e gestos francamente cruéis, mostram que pouco evoluíram no aspecto interpessoal, embora possam apresentar desempenho surpreendente em outros setores. Os impulsos autodestrutivos com a drogadicão, revelam baixa auto-estima, relacionada a uma inteligência intrapessoal ainda pouco desenvolvida.

O argumento ganha força quando nos lembramos de que toda a doutrina do Cristo, modelo
máximo de evolução moral para o nosso planeta, era voltada ao cultivo de habilidades
intrapessoais e interpessoais: aprender a amar a si mesmo, amar o próximo, perdoar, ser humilde e compreensivo, oferecer ao ofensor a outra face.

O desequilíbrio emocional em muitas dessas crianças mostra o quanto elas ainda têm de caminhar para atingir um alto grau de evolução como Espíritos – aliás, tanto quanto cada um
de nós. Seria preciso desconhecer tais implicações da teoria das inteligências múltiplas, do Cristianismo e do próprio Espiritismo, para aceitar que crianças chamadas “índigo” são espiritualmente superiores a qualquer outra.

* Refere-se ao texto “Crianças índigo: uma simples opinião”, que pode ser acessado em http://www.feal.com.br/colunistas.php?col_id=20 .

** A classificação alterou-se daquela época até hoje,até mesmo pela contribuição de outros pesquisadores.
Mas a concepção original de Gardner ainda persiste.

Rita Foelker

Edição Especial do jornal Mensagem - Crianças Índigo

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Explodindo o mito do cinturão de fótons

original em inglês


Leitores ávidos da revista Nexus podem recordar bem um artigo intitulado "The Photon Belt Story" [A História do Cinturão de Fótons] que apareceu na edição de fevereiro de 1991.

Eu li o artigo com diversão e ri dele como uma piada, porém, eu me dei conta recentemente que muitas pessoas levaram este artigo a sério e isto causou um pouco de preocupação. Sinto muito dizer que esta história, tão romântica quanto possa ser, não tem absolutamente nenhuma base concreta.

Parece ter se tornado parte de uma mitologia moderna contrária ao conhecimento científico atual que surgiu ao redor das Plêiades, um agrupamento de estrelas na constelação de Touro. Esta mitologia parece estar baseada em uma mistura precipitada de pseudociência, mensagens canalizadas de supostas entidades espaciais, profecias bíblicas, ignorância e uma dose liberal de ingenuidade. É alimentada por uma desconfiança geral de nossa comunidade científica e uma má interpretação do pensamento científico moderno.

É um reflexo triste da educação científica de nossa sociedade que tantas pessoas possam ser enganadas por uma história que provavelmente começou como uma brincadeira de um estudante universitário.

Para ajudar os leitores que não leram o artigo, a história em resumo é como segue:

Em 1961 instrumentos de satélite descobriram uma FAIXA DE FÓTONS no espaço exterior. Este CINTURÃO DE FÓTONS ou ANEL MANÁSICO, que os cientistas não puderam reproduzir em laboratório, cerca as Plêiades e se estende 400 anos luz ao nosso sistema solar. Citando alguém chamado Jose Comas Sola, era dito que nosso sol e várias outras estrelas fazem parte do Sistema de Plêiades e todas estas estrelas teriam planetas. Dizia-se que nosso Sol orbita este sistema em 24,000 anos, durante os quais nós passamos alternadamente 10,000 anos na escuridão e 2,000 anos na luz do CINTURÃO DE FÓTONS. Nós estaríamos a ponto de entrar na luz do CINTURÃO DE FÓTONS, ao que nós todos seríamos transformados "em um piscar de olhos" em Atmosféreos e a noite deixaria de existir, entre outras coisas.

Um diagrama acompanhava o artigo mostrando 6 das estrelas Pleiadanas, Merope, Atlas, Teygeta, Electra, Coeleno e o nosso próprio Sol em órbita ao redor de Alcyone, também um membro das Plêiades, cercado pelo CINTURÃO DE FÓTONS.

Tendo sido contatado por vários membros do público com questões sobre esta história, eu me determinei a separar o fato da ficção e localizar a história até sua origem.

O artigo havia sido reimpresso com permissão da Australian UFO Flying Saucer Research Magazine. Um número de telefone era fornecido. O número de telefone provou ser o de um proeminente investigador OVNI australiano, que me falou que a história tinha sido escrita originalmente por um estudante universitário que havia sido na ocasião um membro do grupo dele. Este estudante é agora, aparentemente, físico em uma instalação nuclear bem conhecida. Porém, o investigador OVNI não estava certo sobre onde o estudante tinha obtido a informação e tinha tentado verificar aspectos dela com um astrônomo no Observatório do Monte Stromlo. Eu não pude averiguar quais aspectos tinham sido verificados de fato.

Felizmente, o astrônomo interessado era conhecido a mim, assim eu lhe fiz uma visita. Ele recordou vagamente ter falado com o investigador mas não pôde se lembrar dos detalhes exatos da conversação. Ele me assegurou que nunca teria verificado a existência do CINTURÃO DE FÓTONS mas poderia ter dado a ele um pouco de informação sobre as próprias Plêiades. Ele me falou que o Monte Stromlo também tinha recebido questionamentos sobre o CINTURÃO DE FÓTONS e, como eu, tinha considerado a coisa inteira uma piada cruel.

Assim, o que é fato e o que é ficção? Bem, para começar, eu não pude achar qualquer evidência de um satélite em 1961 levando os instrumentos exigidos descobrir uma FAIXA DE FÓTONS como descrito.

Satélites da época eram primitivos pelos padrões de hoje e estavam mais preocupados com telecomunicações, operando principalmente nos comprimentos de onda de rádio. Satélites e sondas subseqüentes, com sua instrumentação sofisticada, seriam certamente capazes de descobrir a FAIXA DE FÓTONS, porém, nenhuma coisa assim foi relatada em qualquer lugar. Este não é um caso de cientistas mantendo segredos, é simplesmente porque nunca foi descoberto.

De acordo com outra informação que recebi, supõe-se que este CINTURÃO DE FÓTONS é precedido por uma ZONA ELETROMAGNÉTICA NULA. É dito que esta zona é um vácuo de energia, com um ausência completa de campos eletromagnéticos. Se existisse, esta ZONA NULA certamente teria aparecido nas muitas pesquisas do céu feitas durante anos recentes na Radiação Cósmica de Fundo em Microondas. Esta radiação de fundo é notável porque está distribuída uniformemente por todo o céu. Não há nenhuma falha em sua distribuição. A ZONA ELETROMAGNÉTICA NULA não existe!

O CINTURÃO DE FÓTONS também foi descrito como um ANEL MANÁSICO, um "fenômeno que os cientistas não puderam reproduzir em experiências em laboratório". Eu não pude determinar o significado da palavra "manásico". Só posso imaginar que é derivada da palavra MANA. É dificilmente surpreendente que isto realmente não foi recriado em laboratório já que ninguém parece saber o que MANA é, além de sua definição de dicionário como uma força misteriosa.

E chegamos às próprias Plêiades. Jose Comas Sola, seja ele quem for, estava ou bastante errado ou foi citado erroneamente. Nosso Sol não faz parte do sistema de Plêiades, nem orbita as Plêiades a cada 24,000 anos.

As Plêiades estão a aproximadamente 125 parsecs ou 407.5 anos luz de nosso sistema solar. Um cálculo rápido mostra que se nosso Sol estivesse nesta órbita, então sua velocidade orbital seria de 0.107C ou pouco mais de um décimo sa velocidade da luz. Isto é aproximadamente 32,000 Km/seg. Esta velocidade seria aparente, não só para astrônomos, mas para todas pessoas, já que as constelações mudariam dramaticamente no curso de uma única vida se isto fosse verdade.

As Plêiades são um agrupamento de aproximadamente 100 estrelas com uma idade média estimada em 78 milhões de anos. Estas são estrelas muito jovens, muito mais jovens que nosso próprio Sol, que se estima ter 5 bilhões de anos, muito mais jovens até mesmo que nosso próprio planeta, a Terra.

Estas são estrelas muito quentes e luminosas do tipo espectral B, muito mais quentes e aproximadamente 10 vezes mais volumosas que nosso Sol, do tipo espectral G. Elas ainda não se afastaram da nuvem de gás inter-estelar ou nebulosa da qual elas se formaram [IMPORTANTE: ver as notas finais]. Remanescentes desta nebulosa podem ser vistos prontamente em fotografias do grupo. Foi sugerido que esta nebulosidade, brilhando com a luz das estrelas em seu interior, é o que deu origem ao mito do CINTURÃO DE FÓTONS.

Estudos dos movimentos próprios destas estrelas, ou de seu movimento pelo espaço, mostraram que elas estão no processo de dispersão. Não há nenhuma evidência que estas estrelas orbitem Alcyone como descrito no diagrama. Também deve ser dito que não há nenhuma evidência de planetas ao redor de quaisquer destas estrelas. Pode muito bem ser que sistemas planetários possam evoluir em algumas destas estrelas, porém deve-se lembrar que estas são estrelas muito jovens e a formação planetária pode levar um tempo muito mais longo que o de formação estelar. Parece improvável que planetas habitáveis tenham tido tempo bastante para evoluir lá. 78 milhões de anos é um período muito curto na escala de tempo cosmológica ou geológica.

É muito confortante pensar em nosso planeta saindo da escuridão em direção à luz, embora eu não ache que nossa fauna noturna fosse concordar. É muito melhor que cada um de nós busque iluminação dentro de si mesmo. Este esclarecimento não pode ser imposto por forças externas. Um dilúvio de fótons das Plêiades não salvará o planeta, nem transformará seus habitantes em Atmosféreos iluminados. Nós teremos que resolver nossos problemas por nós mesmos.

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Nota do editor CA: O artigo original sobre o Cinturão de Fótons, que iniciou todas estas lendas, foi publicado em 1981. Foi sua reprodução em 1991 pela revista Nexus que causou uma maior divulgação e interesse, talvez porque a data para a passagem pelo cinturão fosse dada como Julho de 1992.

Mas, como bem sabemos, a noite continuou a cair depois de julho/92. Este pequeno detalhe não abalou o mito: a data simplesmente foi movida para a frente, no caso maio de 1997. Outra vez, a predição falhou miseravelmente.

Sem surpresa, isto abalou muito menos a lenda e agora a data é dada como em algum ano entre 2010 e 2015. Acho que não é preciso ser um gênio para saber o que NÃO vai acontecer entre 2010 e 2015.

Importante: Ao contrário do indicado neste texto, de autoria anônima mas em sua maior parte acurado e equilibrado, a nebulosa que vemos difundindo a luz das Plêiades não faz parte do sistema. Mais informações sobre as Plêiades podem ser conferidas aqui.

Confira também:

- Is the earth about to enter the Photon Belt, causing the end of life as we know it? - The Straight Dope- The Photon Belt

http://www.ceticismoaberto.com/referencias/cintfotons.htm

As Crianças Índigo e Cristal - pela ciência

As Crianças Índigo e Cristal

Charlet C. Estes, excertos do original publicado em SkepticReport
tradução gentilmente autorizada


"Estes lindos seres são diretos e então podem ter parecido grossos a você. Suportar o tédio é seu maior desafio".
Uma citação direta do "grupo", como canalizado e citado em MetaGifted.org

De acordo com Lee Carroll, um homem formado em administração e economia e quem, antes de se tornar o escritor extremamente lucrativo e o "profeta" canalizador que é hoje, administrava um negócio de áudio na Califórnia, as Crianças Índigo são uma nova raça geneticamente única de crianças que possuem um conjunto muito específico de características de personalidade, e que são unidas psiquicamente a Kryon, um ser que dizem ser uma entidade sem corpo de uma ordem diferente que a humana, que "tem estado com a Terra desde o começo". Quando canalizado por Carroll, Kryon é conhecido por se apresentar da maneira seguinte: "Eu sou Kryon do serviço magnético".

Suas mensagens são supostamente dirigidas a humanos que desejam "ascender a um nível vibracional mais alto". Os humanos, de acordo com o profeta, foram feitos de espécies sub-humanas nativas da Terra que já existiam e que foram modificadas por uma raça avançada das Plêiades, daí as descobertas de antropólogos que nos levam a acreditar na evolução natural. Aparentemente, como um encobrimento, todas as espécies existentes na Terra na ocasião foram sujeitas ao mesmo estilo de modificação, de forma que não seria aparente que os humanos haviam sido re-esculpidos. Eles fazem esta declaração, enquanto sem perder o fôlego alegam que, "os Humanos são seres essencialmente eternos que assumem encarnações na Terra para tomar parte em uma experiência importante sobre os efeitos do livre-arbítrio". Assim, seríamos nós os produtos de seres geneticamente modificados que evoluíram durante os anos, ou seres que são sobrenaturalmente encarnados? E por que uma civilização tão avançada estaria interessada em vir aqui, investindo tudo isso no homem primitivo de um planeta distante? As Plêiades, a propósito, eram associadas pelos Celtas ao luto e na astrologia com a tristeza, raiva e teimosia, o que é bastante apropriado quando ligado às crianças Índigo como veremos depois em nossa discussão das características de comportamento comuns dos Índigos.

Kryon não é apenas "um ser angelical fortalecedor e cheio de amor" como citado no Sedona Journal of Emergence, mas também um ser muito lucrativo. Carroll escreveu 11 livros sobre Kryon e as Crianças Índigo e foi co-autor de The Indigo Children e An Indigo Celebration com sua parceira, Jan Tober. Parece haver um grande mercado para artigos relacionados aos Índigos. Não apenas livros, como sites e lojas oferecem cristais, DVDs, CDs, guias de currículo, seminários ao vivo e à distância e há agora as chamadas "Escolas Progressivas" que oferecem um currículo especializado projetado especialmente para a inteligência sem igual e propriedades mentais/físicas de Crianças Índigo. Em um site da Web, há mesmo uma lista on-line seleta de música apenas para o aperfeiçoamento e prazer de Crianças Índigo, que inclui artistas como Outkast, Eminem, Bullit Nuts e Leggo Beast. Escolas e pesquisas especializadas em Índigos são particularmente populares na Hungria e Rússia. James Twyman, que co-produziu um filme sobre os Índigos, também vende cursos on-line, livros e administra seminários e conferências, além de cobrar bastante para participar em um curso na internet sobre suas aparentes conversas com o próprio Cristo. Ele possui um retiro e seminário de 42 acres para as crianças. Infelizmente, devido a ocorrências prévias em tais instalações, este tipo de descrição deixa um pouco de mau gosto.

Ok, então o que exatamente é isso que engloba esta tendência lucrativa e recentemente popular? As Crianças Índigo são na verdade de outro sistema estelar, descendentes de genes que sofreram uma mutação, manipulados por extraterrestres há um bazilhão de anos atrás para alguma experiência estranha sobre o livre arbítrio? De acordo com um website, um grupo de investigadores, cientistas, programadores e outros peritos determinaram que o que é conhecido como "DNA lixo" ou "seqüências não-codificadoras" são de fato extraterrestres em origem. Segundo investigadores do Projeto Genoma Humano, toda a vida na Terra até o menor esporo de fungo contém tais seqüências que não codificam, assim eles estão dizendo que toda a vida na Terra é na verdade vida extraterrestre transplantada? O que eles não nos dizem é o que eles teriam disponível como uma comparação... onde está o controle? Como eles sabem quais as propriedades do DNA extraterrestre para compará-lo ao nosso DNA lixo? Eles vão tão longe a ponto de alegar que este DNA lixo humano "tem suas próprias veias, artérias e seu próprio sistema imunológico que resiste vigorosamente a todas nossas drogas de anti-câncer".

Os tumores também.

As Crianças Cristal

A introdução sobre as Crianças Índigo é um precursor para outro grupo que supostamente começou a preparar seu retorno no ano 2000, As Crianças da Vibração Cristalina ou Crianças Cristal. De acordo com "o Grupo", o grupo mãe do qual mensagens são canalizadas por humanos que estão dispostos a recebê-las para a humanidade, os Índigos têm pavimentado o caminho, para dizer assim, para nossa evolução para o próximo nível, que é de acordo com o Grupo, as Crianças Cristal.

Crianças índigo são descritas como diretas e grossas, enquanto as Crianças Cristal são em contraste recatadas, introvertidas, criaturas suaves que têm uma atração empática a campos eletromagnéticos e problemas com eletricidade em excesso que, se elas não podem assimilar, serão refletidas e destruirão todos os eletrodomésticos elétricos em seu caminho. Elas possuirão sentidos físicos jamais experimentados por humanos comuns. Estas mensagens canalizadas contêm muita descrição das características e poderes destas crianças, indo tão longe a ponto de chamá-los de habilidades mágicas, porém, eu ainda preciso encontrar uma mensagem que indique um propósito definido para elas ou o que elas esperam realizar em detalhe. Encontro apenas que as Crianças Cristal estão aqui para mudar nosso modo de pensar, nosso modo de interagir com crianças, e "salvar o mundo e anunciar um mundo novo de paz."

Houve alegações coincidentes em outras partes do mundo. As Crianças de Abril, um grupo supostamente nascido na Grécia em abril de 1983, época de um evento cósmico incomum, era supostamente de inteligência maior que a normal, tinham alguma marca incomum em sua pele e reformariam o mundo. Ioannis Fourakis, um autor grego, escreveu um livro e vários artigos sobre este fenômeno e motivou um estudo universitário.

Ok, falemos sobre aura

Uma aura é descrita como "um conjunto de linhas contínuas, emanando da superfície de um objeto". Todas as coisas têm uma aura, que quando fotografada usando um método que existe desde 1939, chamado de Fotografia Kirlian (devido ao seu inventor Semyon Kirlian), mostra sucessões de cor variadas como um halo ao redor do objeto. Um tema favorito de fotografias Kirlian são fotos frontais do rosto, da qual se supõe ser possível discernir o nível de energia, saúde e bem-estar da pessoa fotografada. Também se acredita que indique habilidades extra-sensoriais ou a falta delas, e na teoria Nova Era atual como um indicador sobre se você é ou não Índigo. Supostamente, Crianças Índigo têm uma energia azul escura ou índigo emanando de si. A cor índigo é associada por médicos metafísicos com intensas habilidades psíquicas. Na cromoterapia, que é um método de cura pelo uso da cor seja pelo uso de objetos físicos ou através de luz colorida, a cor índigo pode ser benéfica no tratamento dos olhos, orelhas e sistema nervoso e ajuda a promover e intensificar o processo de intuição e clarividência. Supõe-se que dê poder à glândula pituitária que estaria ligada a habilidades mentais e psíquicas. Também dizem que ajuda com constipação crônica.

O problema com as auras é que tudo tem uma aura. Plantas, pedras, seu dedão, tudo. Aparentemente o sistema Kirlian detecta a combinação de eletricidade com a umidade/gás no objeto e a exibe no filme. Experiências com este método usado em um vácuo controlado não produz nenhuma imagem "paranormal" enquanto que o mesmo objeto fotografado fora do vácuo produz a "aura" familiar.

Adicionalmente, trabalhadores metafísicos clamam freqüentemente a habilidade de ver auras a olho nu e/ou de poder vê-las usando um tipo especial de "óculos" vendido em lojas Nova Era. O detalhe é que pessoas com enxaquecas, desordens do sistema visual, fadiga da retina e sinestesia freqüentemente relatam o mesmo tipo de visualizações. O cérebro, quando sob tensão ou mau funcionamento físico como em dores de cabeça vasculares, pode fornecer suas próprias imagens fantasma desta natureza.

(Infelizmente o blogger não está colocando a imagem, tentarei mais tarde)
Crédito da fotografia: Instituto Nacional de Saúde Mental

Scans PET parecem indicar que as pessoas com uma "aura" de cor índigo como descrita pelas crianças índigo como sendo uma evidência de sua inclusão na "nacionalidade" (ie serem descendentes de outra raça extraterrestre) pode ser na verdade indicativa de seja de TDAHI (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), ou de ter atividade cereberal menor em áreas específicas - ou globais - do cérebro.

Veja a imagem acima: Tomografia de Emissão de Pósitrons (PET), note que a imagem no lado esquerdo é de um cérebro "normal" funcionando e mostra várias cores, principalmente rosa/amarelo, enquanto que a imagem à direita lado é o cérebro de uma pessoa com TDAHI e mostra principalmente a cor "índigo"-ie a aura índigo. Note também que em um scan PET as cores azul ou preto (ie índigo) indicam atividade menor ou ausente na região cerebral.

Agora que apresentamos as crianças Índigo/Cristal e seus criadores

... vamos raciocinar juntos, para dizer assim. As características destas crianças são listadas como segue: (Coincidência com duas outras síndromes comuns também são listadas):

Característica Índigo
Sintomas de Asperger (SA) e Sintomas de DA/TDAHI
Uma criança que fica frustrada com sistemas orientados por rituais - SA e DA/DTAHI
Uma criança que "melhora" métodos estabelecidos ou faz coisas de um modo incomum todo seu - SA e DA/DTAHI
Um não-conformista - SA e DA/DTAHI
Recusa a responder à autoridade ou sentimentos de culpa - SA e DA/DTAHI
Fica rapidamente entediada com tarefas designadas - SA e DA/DTAHI
Mostra sintomas de Déficit de Atenção
(eles admitem este aqui prontamente) - DA/DTAHI
Uma criança extraordinariamente criativa para sua idade - SA
Intuitiva além de seus anos - SA
Exibe pensamento abstrato muito cedo - DA/DTAHI
Inteligência incomum, um prodígio, chegando ao superdotado - SA
Um sonhador - SA e DA/DTAHI
Olhos muito profundos, sábios - SA e DA/DTAHI
Uma exibição incomum de inteligência espiritual - SA
Parecem anti-sociais a menos que estejam com outros de mentalidade mente ou comportamento similar - SA e DA/DTAHI
Introvertida - SA
Exigente - DA/DTAHI
Ignora palavras faladas ou parece ignorar as pessoas quando lhe falam - SA e DA/DTAHI
Não segue instruções ou deixa tarefas inacabadas, evitando tarefas que requerem organização - DA/DTAHI
Não espera a sua vez, não respeita os direitos de outros, respondendo uma pergunta antes que ela seja terminada, corrigindo repetidamente outros e especialmente os adultos, interrompendo as atividades de outros em horas impróprias DA/DTAHI

De acordo com Carroll e Tobar, os Índigos parecem egoístas e exigentes quando suas necessidades não são satisfeitas imediatamente, e freqüentemente agem como se fossem da realeza e não têm nenhum problema em expressar seu próprio valor, têm dificuldade com autoridade e não se submetem, esperar em uma fila é difícil para eles. Todos estes são sintomas do TDA/TDAHI e em alguns casos da Síndrome de Asperger. Índigos também estão supostamente vibrando energicamente a uma freqüência mais alta e são afetados por energia negativa (humana ou de máquinas), e têm mais problemas com sensibilidade ambiental e com alimentos -- estes problemas são observados na maioria das crianças diagnosticadas com a Síndrome de Asperger assim como muitas outras com Desordens do Espectro Autista. As crianças com estas desordens têm freqüentemente dificuldade com a sobrecarga sensória e são extraordinariamente sensíveis a som, cheiro ou gosto e muito freqüentemente extremamente sensíveis ao toque.

Índigos são supostamente aprendizes visuais/espaciais, com o cérebro direito dominante. As características deste tipo de aprendizes incluem problemas de leitura/escrita/soletragem apesar de ter inteligência ou "bom senso", eles freqüentemente têm problemas de comportamento severos, normalmente obtêm altos pontos em testes psicológicos e de inteligência mas se saem academicamente mal em ambientes de sala de aula, são normalmente muito criativos nas áreas de arte, drama, música, etc., pensam e entendem com imagens em lugar de diálogo interno, ou freqüentemente não têm muita coordenação física. Todas estas características podem ser observados prontamente em Desordens do Espectro Autista bem como no TDAHI e outras desordens de desenvolvimento.

Os professores no campo de Educação Especial experimentam freqüentemente com métodos de ensino alternativos ao trabalhar com crianças ou muito talentosas com problemas de desenvolvimento. Alguns destes métodos incluem múltiplos auxílios de inteligência e estratégias visuais para alguns estudantes contra a aprendizagem auditiva para outros, como também abordagens criativas e aprendizado personalizado, projetos baseados no currículo, estratégias de aprendizado direcionadas a crianças e uma aprendizagem de sala de aula auto-suficiente. Todos estes métodos são amplamente aceitos e recomendados para crianças com a Síndrome de Asperger, TDA/TDAHI e outros problemas de aprendizado, e também são listados especificamente como métodos pedagógicos sugeridos para salas de aula de aprendizagem alternativa para crianças Índigo.

Se esta não é coincidência o suficiente com problemas de aprendizagem comuns, em um artigo chamado "Compreendendo Por que a Violência Escolar está Acontecendo", Wendy Chapman, diretor de MetaGifted.org, declara:

"Eu gostaria de comentar sobre este mais recente incidente de violência escolar no Colégio Santana e outros episódios de violência escolar que ameaçam muitas escolas recentemente. Os perpetradores destes atos são Crianças Índigo como são muitas outras crianças em nossas escolas hoje, e estes atos podem ser prevenidos..

Índigos são ou muito calorosas e atenciosas ou são exatamente o oposto e bastante frios e apáticos. Eu acredito que Índigos que são frios e os mais propensos a ficarem violentos são aqueles que tiveram que criar um escudo emocional tão denso por causa de dor emocional como crianças que já não se importam e desejam causar dano a pessoas em vingança pela dor em suas vidas.

Índigos precisam ser vistos como no mesmo nível que adultos. Eles precisam de respeito. Precisam de LIBERDADE para se desenvolver, equilibrada com SUPERVISÃO e limites de SEGURANÇA.

Sua não-conformidade a sistemas e disciplina tornarão difícil passar pelos seus anos de infância e talvez até mesmo seus anos de vida adulta."

Não seria todo grupo de crianças seja muito compassivo e atencioso ou frio e apático? Muitas crianças humanas" normais" não passam por dor emocional e às vezes buscam vingança? E muitas crianças com atrasos ou problemas de desenvolvimento não exibem não-conformidade a sistemas e disciplina - é não é por causa disso que reconhecemos que elas têm uma síndrome em primeiro lugar?

Olhemos para alguns problemas de desenvolvimento que têm paralelos com características das crianças chamadas Índigo.

Como vimos antes, há a Síndrome de Asperger e outras síndromes PDD-NOS (desordem de desenvolvimento pervasiva não especificada) que fazem parte das Desordens do Espectro do Autismo. É interessante que um dos critérios para rotular uma criança como Índigo são níveis de inteligência incomum para a idade cronológica. Hans Asperger, que primeiro identificou a Síndrome de Asperger, freqüentemente chamou seus pacientes de "Pequenos Professores". Alguns dos sintomas de Asperger ou Autismo de Alto Funcionamento coincidem com Índigo são peculiaridades de fala ou linguagem, dificuldade social e emocional e dificuldade de aceitação por outros em um grupo típico, problemas em entender e interpretar comunicação não-verbal como linguagem corporal e expressão facial, padrões de pensamento excessivamente técnicos freqüentemente corrigindo outros em diferenças insignificantes em dialeto ou idéias e freqüentemente interpretando mal piadas ou sarcasmo de um modo lógico e seco, falando pedantemente, paranóia, tendo uma inabilidade de aceitar mudanças em rotina, sensibilidade extrema a luz, toque, sons, gostos e às vezes cheiros. Crianças com Síndrome de Asperger têm grandes chances de possuir TDAHI e Desordem Obsessivo-compulsiva comórbida. As pessoas com a síndrome de Asperger mencionam muito freqüentemente um sentimento de estarem desligadas do mundo ao redor deles e freqüentemente se retiram ou ficam problemáticas em seus padrões de comportamento.

Esquizofrenia tem menos sintomas coincidentes que a Síndrome de Asperger: alucinações sensórias ou sensibilidade sensória extrema, distorções visuais (que pode coincidir com a percepção de Índigos possuíram PES ou poderem ter visões), ilusões ou convicções fortes como acreditar que se é superior ou da realeza, ou ser de outra raça que não a humana, pensamento tangencial ou possuir padrões de pensamento compulsivos incontroláveis.

Desordem de Conduta, Desordem de Personalidade Anti-social e Desordem Desafiante Oposicional (ODD) também partilham características comuns com Índigos que incluem comportamento muito agressivo, intimidação, falta de culpa, baixo limiar de frustração, desafio/não-conformidade, ansiedade e uma atitude de confrontos.

Indivíduos com sintomas Bipolares, especialmente crianças, freqüentemente exibem o seguinte durante episódios maníacos: crenças irreais em suas próprias habilidades, um sentimento de superioridade ou pensamentos de si mesmos como sendo indestrutíveis, alucinações, ilusões de ser alguém de grande poder, como ser realeza ou mesmo deidades. Estes sintomas são muito mais pronunciados em crianças que em adultos. Soa muito como os sintomas de Índigos.

Também há algo chamado sinestesia na qual os caminhos sensórios de uma pessoa são de alguma maneira cruzados e eles podem "cheirar" um som ou podem "tocar" um gosto, etc. Freqüentemente isto resulta em percepção sensória exagerada e intolerância a certos sons, cheiros, ou coisas ásperas, inclusive a sensação de um choque elétrico através de certas texturas.

O TDAHI (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) também parece se ajustar muito bem ao quadro ao explicar os Índigos. Há três tipos de TDAHI em si mesmos, mas é tão freqüentemente comórbido com outras síndromes, muito freqüentemente com Desordem Bipolar, que a lista de subtipos poderia ser considerada infinita. Os três subtipos individuais são hiperativo-impulsivos, desatentos e combinados. A criança com TDAHI combinada com desordem Bipolar exibirá sentimentos de superioridade, humor soberbo e possivelmente padrões de fala rápidos e "adultos". TDAHI pode ser descrita de certo modo como não tendo nenhuma "Percepção de Profundidade Intelectual", em outras palavras tudo ao que a criança é exposta é igualmente importante em sua mente. A pessoa na parte de trás da sala rabiscando em um papel está na mesma categoria de importância na mente da criança que o professor na lousa ou a cadeira em sua frente. Ela não pode separá-los com relação à sua importância, tudo se mistura.

A última desordem a ser considerada é McDD ou Desordem de Desenvolvimento Complexo-Múltipla. Esta é uma desordem do espectro autista. Crianças com McDD são freqüentemente ou muito atentas ao ponto de serem controladores, ou totalmente opostas com relação àqueles em autoridade, freqüentemente uma criança com McDD fingirá ser bastante complacente simplesmente para adquirir o que quer, e então se tornam imediatamente opositoras. Elas entretêm freqüentemente pensamentos mágicos irracionais ou pensamentos que são muito mais sofisticados que colegas na mesma faixa etária cronológica. Elas têm uma tendência para confundir realidade e fantasia ao ponto da inabilidade de funcionar em situações sociais, e podem ter ilusões que produzem pensamentos de ter poderes onipotentes, e/ou paranóia. Todas estas foram listadas como características Índigo.

Uma outra nota de rodapé, a mídia é tão influente tanto em crianças como em adultos. Provavelmente 75% da programação para crianças lida diretamente com crenças e práticas Nova Era ou alternativas. Tudo de Yu-Gi-oh! a Avatar envolve material muito espiritual e influencia o pensamento e brincadeiras das crianças. Por exemplo, em 2006, o Dallas Observer noticiou um menino jovem que alegou ser um avatar que poderia reconhecer os quatro elementos de terra, vento, água e fogo e poderia ter 100 anos. Na época, a série animada Avatar era bastante nova e muitos não reconheceram os comentários do menino como sendo diretamente de um desenho animado.

As características descritas como "Índigo" também podem ser ligadas aos estágios de desenvolvimento de Piaget. No Estágio Pré-Operacional que normalmente dura até em torno dos 7 anos, a criança pensa na forma de fantasias, imagina como gostaria que coisas fossem e formula seus pensamentos para combinar com essas visões. A criança também pode esperar que outros pensem de uma maneira parecida. Quando o Estágio Concreto é alcançado, o pensamento se conecta mais com a realidade. Talvez as crianças Índigo tenham simplesmente se fixado no Estágio Pré-Operacional e, embora aumentam em conhecimento intelectual, nunca passam do estágio sócio/emocional de uma criança da pré-escola. Piaget, Vygotsky e Bruner todos ligam o desenvolvimento cognitivo à interação de contato social entre pares tanto da mesma idade como mais velhos. Se Índigos são separados de pares ao serem rotulados como "superdotados" ou "meta-superdotados", perderão esse desenvolvimento social que é uma parte tão integral do crescimento de toda criança, privados de um pedaço vital do quebra-cabeças.

Resumindo a história

É minha convicção, apoiada por fatos estabelecidos, que o "Fenômeno Índigo" é somente é um modo conveniente para pais que, por alguma razão, estão pouco dispostos a reconhecer a neurodiversidade de suas crianças, e preferem rotulá-las como algo não-humano, isto é, descendentes de outra raça longínqua. Não parece um caminho melhor aprender tanto quanto possível sobre as diferenças que nossas crianças exibem, de fato que todas as crianças exibem, (e agradecer por tal diversidade!) de forma a cuidar desses estilos de aprendizagem diferentes e promover excelência em todas as crianças? Dê-lhes as "ferramentas" de que precisam e relaxe as amarras, e as crianças se sairão bem por si mesmas, elas têm feito isto por milhares em milhares de anos, afinal de contas, a Mãe natureza não nasceu ontem, "ela" sabe o que está fazendo, deixemos que continue. Se não o fizermos, ela pode muito bem fechar a cortina.

http://www.ceticismoaberto.com/paranormal/criancas_indigo_cristal.htm

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Guris Azulíneos ... Índigos sem misticismo

Publicado em 09/9/2008 (275 leituras) http://www.panoramaespirita.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=8050

Jorge Hessen

Nestas linhas a seguir refletiremos sucintamente sobre o tema "crianças índigos", agindo a priori com o método proposto pelo Espírito Erasto (1) , porque sem muito esforço de investigação identificamos no tema um certo ar místico que tem "oxigenado" alguns defensores de conceitos bastante discutíveis ante a prudência espírita.

Não é novidade que crianças mais inteligentes e espertinhas têm renascido atualmente em nosso Orbe. O embaraçoso, porém, é o clima de misticismo infiltrado nas notícias em torno do tema. Em verdade, estudos e pesquisas se multiplicam nos domínios da psicologia quanto às complexidades do mundo da criança. Cada uma delas é um campo de tendências inatas, com tamanha riqueza de material para a observação e, no território de criações da mente infantil, ser-nos-á fácil identificar a direção dos potenciais da criança, uma vez que os pequeninos, recém-vindos da amnésia natural que a reencarnação lhes impõe não conseguem esconder as próprias disposições no campo das tendências.

No livro Momentos de Harmonia (2), o Espírito Joanna de Angelis refere-se a novas gerações: "(...) dá-se neste momento a renovação do planeta, graças à qualidade dos espíritos que começam a habitá-lo, enriquecidos de títulos de enobrecimento e de interesse fraternal". (Não se refere aqui a crianças "azuis").

Apesar de ouvir palestra do ínclito orador de Feira de Santana que aborda o tema com muita coerência, cremos que muitos confrades ungidos de fantasias e ilusões estão distorcendo as palavras do tribuno baiano . Crêem tais confrades que os mágicos "guris azulados" irão "salvar o mundo(!?...) talvez confundindo guris com gurus!...

Na condição de espíritas acreditamos que estejamos no limiar de uma nova era, a qual chamamos de regeneração. Para que ocorra este processo é necessário que a evolução dos espíritos aqui encarnados aconteça e que outros, mais preparados, reencarnem na Terra. Nesta premissa se encaixam os espíritos que estão reencarnando e sendo desnecessariamente identificados como índigos.

Os que escrevem sobre o tema entronizam o fato de que em Maio/99, Lee Carroll e Jan Tober, ambos escritores norte-americanos e palestrantes sobre auto-ajuda, publicaram o livro "The Indigo Children" (As Crianças Índigo), nele narrando suas observações sobre as crianças que estão chegando ao mundo. Porém na década de 80, Nancy Ann Tape, parapsicóloga, norte-americana, foi quem primeiro cunhou a expressão "crianças índigo" (3) com base na cor por ela observada na aura de crianças que de alguma forma se destacavam das demais.

Nancy escreveu um livro narrando suas observações: Understandig Your Life Through Color - Entendendo sua vida através da cor. A partir daí, tais crianças também passaram a ser denominadas de "Crianças da Luz", "Crianças do Milênio", "Crianças Estrela". Tudo isso soa estranhíssimo como estudante de Kardec. Embora considerando instigante o tema "crianças índigo", não o concebemos nem como comprovado ou comprovável, nem como reprovado ou reprovável muito embora o método adotado para tais afirmações ser bastante heterodoxo. Visualização de auras nos trabalhos acadêmicos atuais é problemático.

Nancy seria uma espécie de câmera de Kirlian, ou seja, ela "veria" campos eletromagnéticos, as cores e as freqüências. Destarte percebeu que existia uma cor da aura associada com alguns recém-nascidos. À época ela estava trabalhando no seu doutorado. Para ela cerca de 80% das crianças nascidas após a década de 80 são índigos.(!)

Crêem alguns que uma criança de "aura azulada" é aquela que apresenta um novo e incomum conjunto de atributos psicológicos e mostra um padrão de comportamento geralmente não documentado ainda, pois não existe no Brasil relatório conclusivo sobre o assunto e há pouco estudo sobre tais crianças por aqui , não conhecemos nenhuma pesquisa que constate essa incidência no País.

Afirma-se que tais crianças têm um sentimento de "desejar estar aqui", porém não se auto-valorizam(?)parecem anti-sociais ,sentindo-se bem com outras do mesmo tipo. Por esta razão a escola é freqüentemente difícil para elas do ponto de vista social. Porque segundo sustentam os "indigólogos", o modelo de ensino é sempre imposto sem muita interação, um modelo feito para o hemisfério esquerdo do cérebro, o racional, o lógico, incompatível com os azulíneos que naturalmente têm o hemisfério direito mais desenvolvido o que lhes dá o grande poder intuitivo, a grande capacidade de percepção extra-sensorial.

Crê-se que existem quatro tipos diferentes de "guris azulados" e cada um tem uma proposta: Os prováveis humanista que poderão trabalhar junto às massas humanas, Os conceituais que detêm um perfil mais técnico, os artistas que serão dotados de criatividade e os chamados interdimensionais que supostamente trarão novas filosofias e espiritualidade para o mundo.

A identificação das crianças cor de anil assinala seres dotados de bom potencial intelectual, porém destituídos de maior maturidade emotiva , visto que preferem a solidão , traumatizam-se quando erram ou se frustram quando suas idéias não são aceitas. Guris com auras da cor do céu podem ser criação do mercado de auto-ajuda norte-americano que confunde espíritas e professores mesclando sobrenatural e educação! Em verdade, tais crianças pós-80 não passam de espíritos endividados com a missão de superar seu exaltado orgulho, aproveitando as últimas chances nesse planeta para mudar de rumo.

Conforme consigna Rita Foelker "Não sabemos se ou até que ponto as chamadas Crianças índigo participam deste despertar para valores mais elevados de vida. Agora, se essas Crianças podem contribuir conosco? Claro. Se elas têm algo a nos ensinar? Muito provavelmente. Mas daí a dizer que são "filhos da luz" e "crianças da Nova Era" vai uma boa distância, criando expectativas que muito possivelmente recairão sobre elas mesmas, no presente ou no futuro." (4)Cremos ser fundamental as áreas do saber permutem informações que se completem para uma melhor compreensão do espírito encarnado e possam cooperar, em conjunto, na sua evolução, mas afastado do incontrolável pendor místico que paira na Pátria do Evangelho.

A Terceira Revelação não inventa a renovação social; "a madureza da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela amplitude de suas vistas, pela generalidade das questões que abrange o Espiritismo é mais apto do que qualquer outra doutrina, a secundar o movimento e regeneração; por isso, é ele contemporâneo desse movimento". (5)

Em face disso, os centros espíritas precisam proporcionar, prioritariamente, esclarecimento. O Espiritismo por seu aspecto religioso, filosófico e científico, tem por premissa esclarecer através da fé raciocinada., ou seja, através do bom-senso kardeciano. Desta forma, consideramos de subida relevância que os dirigentes e colaboradores dos centros espíritas estejam mais bem informados sobre o tema índigos, a fim de que possam orientar os freqüentadores e assistidos de forma coerente e objetiva, cumprindo a inexpugnável integração proposta pela Doutrina Espírita na sua base lógica.

Inalizamos por aqui nossas brevíssimas argumentações com a singeleza das letras da articulista Foelker: "Dizem, os que apóiam a tese dos índigos, que eles vieram para nos ajudar a evoluir. Então, eu encerro perguntando: qual é a criança que NÃO nos ajuda a evoluir?" (6) Eu também indago - qual?

FONTES:

1- Do Espírito Erasto encontramos em O livro dos médiuns, item 230 do cap. XX, a célebre frase: "Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea"

2- Franco, Divaldo Pereira. Momentos de Harmonia, Ditado pelo Espírito Joanna de Angelis, Salvador: Editora Leal, 1991.

3- "Crianças índigos" é teoria que surgiu da observação de auras azul brilhante, isso significando diferença (para "melhor") entre os que a possuem e os que a têm de outra cor.

4- Rita Foelker in Crianças índigo: uma simples opinião 13/02/2006 Artigo publicado no site da Fundação Espírita André Luiz (www.feal.com.br) http://www.feal.com.br/colunistas

5- Kardec Allan. A Gênese, RJ: Ed. FEB, 2004, Sinais dos Tempos - 4ª pte.(itens 21 a 26) (Estudo 131 e 132)

6- Foelker in Crianças índigo: uma simples opinião 13/02/2006 Artigo publicado no site da Fundação Espírita André Luiz

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