quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Pedagogia Espírita e as crianças índigo


“Devendo fundar a era do progresso moral, a nova geração distinguese por uma inteligência e uma razão geralmente precoces, aliadas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, o que constitui o sinal indubitável de um certo grau de adiantamento anterior.”

Allan Kardec

Cabe à Associação Brasileira de Pedagogia Espírita se manifestar oficialmente a respeito do tema crianças índigo, já que se trata de um assunto eminentemente pedagógico. É lamentável que dentro da tradição pedagógica espírita que temos no Brasil, desde Eurípedes Barsanulfo, passando por Anália Franco, Ney Lobo, Herculano Pires e hoje, alcançando foros de movimento nacional, com cidadania acadêmica, apareça em nosso meio um modismo pedagogicamente perigoso como esse das crianças índigo.

Algumas questões são muito graves do ponto de vista pedagógico: em primeiro lugar, é a concepção elitista, eugenista, de classificar os seres humanos, que fere o princípio da
igualdade entre todos. Filhos geneticamente modificados seriam superiores (fisicamente)
aos pais e em toda a literatura índigo, a interferência educacional da família parece um
estorvo na vida das realezas índigo!

Segundo ponto que nos parece particularmente problemático é justamente a recomendação
de uma certa renúncia à função educativa dos pais e responsáveis, já que as crianças índigo já vêm prontas. Aliás, na teoria ,original, são anjos extra-terrestres! Ora, sabemos que todos os Espíritos que reencarnam na terra, mesmos o mais evoluídos (que não é o caso desse modelo apresentado por Lee Carrol e Jan Tober e, mais particularmente por Nancy Ann Tappe, de crianças que matam, que roubam e com tendências viciosas), precisam de um processo educativo.

É claro, que a educação deve ser amorosa, respeitosa da personalidade reencarnante – mas isso vale para toda e qualquer criança, aliás, para todo e qualquer ser humano. No livro Educando Crianças Índigo, entre outras heresias pedagógicas, que fariam Comenius e Pestalozzi perderem as estribeiras, o autor Egidio Vecchio diz que a criança índigo:

“Necessita da parceria de pais e professores que se adaptem à sua condição atípica, em lugar de, como acontece freqüentemente, pretender adaptá-la a uma educação voltada aos que não possuem os mesmos recursos de que os índigo dispõem.”
Ou seja, elas são tão diferentes, que todos precisam se adaptar a elas e só elas merecem ou devem ter uma educação nova e diferente. Desde o século de Comenius, os grandes educadores
vêm lutando para promover uma reforma completa no modo de educar, que atinja a todos os seres humanos indistintamente e não alguns privilegiados, que supostamente sejam melhores que os outros. Já se imaginou o tamanho da vaidade, da prepotência e do orgulho que esse absurdo educacional vai provocar nessas mentes que estão chegando? Dizer a uma criança que é
preciso aceitar “que é um ser diferente dos outros” cria de imediato um abismo nas relações
humanas e um soberano desprezo pelo resto da humanidade.

A proposta pode criar monstrinhos que se julguem acima do bem e do mal e que não tenham
a mínima noção de convivência igualitária com o próximo. E pensar que estamos desenvolvendo seriamente uma proposta baseada em Comenius, Rousseau, Pestalozzi, Kardec, com inspiração
nos grandes educadores espíritas brasileiros, e dentro do próprio movimento, ignorando
ostensivamente o esforço de se firmar uma Pedagogia Espírita consistente e atual, escapa-se
por esse delírio pedagógico que, se aplicado, tenderá a deformar as personalidades do futuro!

Dora Incontri
Alessandro Cesar Bigheto

Edição Especial do jornal Mensagem - Crianças Índigo

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