terça-feira, 10 de março de 2009

DOS ANIMAIS

Há entre vós uma coisa que sempre vos excita a atenção e a curiosidade. Esse mistério, pois que o é e grande para vós, é a ligação, ou antes, a distância existente entre a vossa alma e a dos animais, mistério que, a despeito de toda a sua ciência, Buffon, o mais poético dos naturalistas, e Cuvier, o mais profundo, jamais puderam penetrar, assim como o escalpelo não vos detalha a anatomia do coração. Ora, sabeis, os animais vivem, e tudo o que vive pensa.


REVISTA ESPÍRITA
Jornal de Estudos Psicológicos
Publicada sob a direção de Allan Kardec

julho de 1860


(DISSERTAÇÕES ESPONTANEAS FEITAS PELO ESPIRITO DE CHARLET,
EM VÁRIAS SESSÕES DA SOCIEDADE)

Há entre vós uma coisa que sempre vos excita a atenção e a curiosidade. Esse mistério, pois que o é e grande para vós, é a ligação, ou antes, a distância existente entre a vossa alma e a dos animais, mistério que, a despeito de toda a sua ciência, Buffon, o mais poético dos naturalistas, e Cuvier, o mais profundo, jamais puderam penetrar, assim como o escalpelo não vos detalha a anatomia do coração. Ora, sabeis, os animais vivem, e tudo o que vive pensa. Não se pode, pois, viver sem pensar.

Assim sendo, resta demonstrar-vos que quanto mais o homem avança, não conforme o tempo, mas conforme a perfeição, mais penetrará a ciência espiritual, o que se aplica não somente a vós, mas ainda os seres que estão abaixo de vós: os animais. Oh! Exclamarão alguns homens persuadidos de que o vocábulo homem significa todo o aperfeiçoamento, mas há um paralelo possível entre o homem e o bruto? Podeis chamar inteligência aquilo que não passa de instinto? Sentimento o que é apenas sensação? Numa palavra, podeis rebaixar a imagem de Deus? Responderemos: houve um tempo em que a metade do gênero humano era considerada do nível irracional, onde o animal não figurava; um tempo, agora o vosso, em que a metade do gênero humano e encarada como inferior e o animal como bruto. Então? Do ponto de vista espiritual a coisa é diferente. O que os Espíritos superiores diriam do homem terreno, os homens dizem dos animais.

Tudo é infinito na Natureza: o material como o espiritual. Ocupemo-nos, pois, um pouco, desses pobres brutos, falando espiritualmente, e vereis que o animal vive realmente, desde que pensa.

Isto serve de prefácio a um pequeno curso que darei a respeito. Alias, em vida, eu havia dito que a melhor companhia do homem era o cão.

Continua no próximo número.

CHARLET


O mundo é uma escada imensa, cuja elevação é infinita, mas cuja base repousa num horrível caos. Quero dizer que o mundo não é senão um progresso constante dos seres. Estais muito embaixo, sempre, mas haverá muito abaixo de vós. Porque, ouvi bem, não falo apenas de vosso planeta, mas de todos os mundos do universo. Não temais, porém, pois nos limitaremos na Terra.

Antes disso, entretanto, duas palavras sobre um mundo chamado Júpiter, do qual o engenhoso e imortal Palissay vos deu alguns esboços estranhos e tão sobrenaturais para a vossa imaginação. Lembrai-vos de que nesses encantadores desenhos ele vos representou alguns animais de Júpiter. Não há neles um progresso evidente e podeis negar-lhes um grau de superioridade sobre os animais terrestres? E ainda só vedes nisso um progresso de forma e não de inteligência, posto que a atividade de que se ocupam não possa ser executada pelos animais terrestres. Só vos cito este exemplo para vos indicar desde logo uma superioridade de seres que estão muito abaixo de vós. Que seria se vos enumerasse todos os mundos que conheço, isto é, cinco ou seis? Mas limitando-nos à Terra, vede a diferença que entre eles existe. Então! Se a forma é tão variada, tão progressiva, que mesmo na matéria há progresso, podeis deixar de admitir o progresso espiritual desses seres? Ora, sabei-o, se a matéria progride, mesmo a mais atrasada, com mais forte razão o espírito que o anima.

Continuarei da próxima vez.

CHARLET


Nos mundos adiantados, os animais são de tal modo superiores que a mais rigorosa ordem lhes é dada pela palavra, e entre vós, muitas vezes, a pauladas. Em Júpiter, por exemplo, basta uma palavra, e entre vós as chicotadas não bastam. Contudo, há um sensível progresso em vossa Terra, jamais explicado: é que o próprio animal se aperfeiçoa. Assim, outrora o animal era muito mais rebelde apo homem. Também há progresso de vossa parte, por terdes instintivamente compreendido esse aperfeiçoamento dos animais, pois que vos proibis de bater-lhes. Eu dizia que há progresso moral no animal. Há também progresso de condição. Assim, um pobre cavalo açoitado, ferido por um carroceiro mais brutal que ele, comparativamente estará numa condição muito mais tranqüila, mais feliz que a de seu carrasco. Não é de toda justiça, e devemos acaso admirar-nos de que um animal que sofre, que chora, que é reconhecido ou humilhado, conforme a suavidade ou a crueldade de seus donos, tenha a recompensa por haver pacientemente suportado uma vida cheia de torturas? Antes de tudo, Deus é justo: "Todo ser fraco que tiver sofrido será recompensado". Sempre comparativamente ao homem, entendo, e ouso acrescentar, para concluir, que por vezes o animal tem mais alma, mais coração que o homem, em muitas circunstâncias.

CHARLET


Em vosso globo a superioridade do homem se manifesta por essa elevação da inteligência que o torna o rei da Terra. O lado do homem, o animal é muito fraco, muito inferior e, pobre escravo desta terra de provação, por vezes tem que suportar caprichos cruéis de seu tirano: o homem! A antiga metempsicose era uma lembrança muito confusa da reencarnação e, contudo, essa mesma doutrina não passa de crença popular. Os grandes Espíritos admitiam a reencarnação progressiva; não compreendendo como eles o Universo, a massa ignorante naturalmente dizia: Desde que o homem se reencarna, isto não pode ser senão na Terra; então sua punição, seu tártaro, sua provação é a vida no corpo de um animal; absolutamente como na Idade Média, os cristãos diziam: É no grande vale que se dará o julgamento, após o que os condenados irão para baixo da terra queimar-se em suas entranhas.

Acreditando na metempsicose, os antigos acreditavam portanto, em espíritos de animais, desde que admitiam a passagem da alma humana para corpos de animais. Pitágoras lembrava-se de sua  antiga existência e reconhecia o escudo que usava no cerco de Tróia. Sócrates morre predizendo sua nova vida.

Desde que, como disse, tudo é progresso no universo, desde que as leis de Deus não são e não podem ser senão leis do progresso, do ponto de vista em que estais, do ponto de vista de vossas tendências espiritualistas, não admitir o progresso do que está abaixo do homem seria insensato e uma prova de ignorância ou de completa indiferença.

Como o homem, o animal tem aquilo a que chamais consciência, e que não é outra coisa senão a sensação da alma quando fez o bem ou o mal? Observai e vede se o animal não da prova de consciência, sempre, relativamente ao homem. Credes que o cão não saiba quando fez o bem ou o mal? Se não o sentisse, não viveria. Como já vos disse, a sensação moral, numa palavra, a consciência, existe nele como no homem, sem o que seria preciso negar-lhe o sentimento de gratidão, o sofrimento, os pesares, enfim todos os caracteres de uma inteligência, caracteres que todo homem sério pode observar em todos os animais, conforme seus diversos graus, porque, mesmo entre eles, há diversidades singulares.

CHARLET


Rei da Terra pela inteligência, o homem é também um ser superior do ponto de vista material. Suas formas são harmoniosas e, para se fazer obedecer, seu Espírito tem um organismo admirável: o corpo. A cabeça do homem é alta e olha o céu, diz o Gênesis; o animal olha a terra e, pela estrutura de seu corpo, a ela parece mais ligado que o homem. Além disso, a harmonia magnífica do corpo humano não existe no animal. Vede a infinita variedade que os distingue uns dos outros e que, entretanto, não corresponde ao seu Espírito, porque os animais - e entendo sua imensa maioria - tem, quase todos, o mesmo grau de inteligência. Assim, no animal variedade de forma; ao contrário, no homem, variedade de Espírito. Tomai dois homens que tenham os mesmos gostos, aptidões, inteligência; tomai um cão, um cavalo, um gato, numa palavra, mil animais e dificilmente notareis diferenças em sua inteligência. Assim, o Espírito dorme no animal; no homem brilha em todos os sentidos; seu Espírito adivinha Deus e compreende a razão de ser da perfeição.

Assim, pois, no homem, a harmonia simples da forma, começo do infinito no Espírito; e vede agora a superioridade do homem que domina o animal, materialmente por sua estrutura admirável e intelectualmente por suas imensas faculdades. Parece que, nos animais, aprouve a Deus variar mais a forma, encerrando o Espírito; ao contrário, no homem, fazer do próprio corpo humano a manifestação material do Espírito.

Igualmente admirável nessas duas criações, a Providência tanto é infinita no mundo material quanto no espiritual. O  homem está para o animal como a flor e todo o reino vegetal estão para a matéria bruta.

Nestas poucas linhas quis eu estabelecer o lugar que deve ocupar o animal na escala da perfeição. Veremos como pode elevar-se comparativamente ao homem.

CHARLET


Como se eleva o Espírito? Pela submissão, pela humildade. O que perde o homem é a razão orgulhosa, que o impele a desprezar todo subalterno e invejar todo superior. A inveja é a mais viva expressão do orgulho; não é o prazer do orgulho, é o desejo doentio, incessante, de poder goza-lo. Os invejosos são os mais orgulhosos, quando se tornam poderosos. Olhai o mestre de todos vós, o Cristo, o homem por excelência, mas na mais alta fase da sublimidade. O cristo, digo eu, em vez de vir com audácia e insolência para derrubar o mundo antigo, vem a Terra encarnar-se numa família pobre e nasce entre os animais. Porque encontrareis por toda parte esses pobres animais, a todos os instantes, onde o homem vive simplesmente com a natureza, numa palavra, pensando em Deus. Nasce entre os animais e estes lhe exaltam o poder  na sua linguagem tão expressiva, tão natural e tão simples. Vede que tema para reflexão! O Espírito em toda a sua essência de perfeição. Balaão, o falso profeta, o orgulho humano em toda a sua corrupção, blasfemou contra Deus e bateu no seu animal. De súbito, o Espírito ilumina o Espírito ainda muito vago no jumento e este fala. Por um instante torna-se igual ao homem e, por sua palavra, é o que será nalguns milhares de séculos. Poderíamos citar muitos outros fatos, mas este me parece bem notável, a propósito do que eu dizia sobre o orgulho do homem, que nega até a sua alma, por não poder compreende-la, e vai até a negação do sentimento entre os seres inferiores, entre os quais o Cristo preferiu nascer.

CHARLET


Eu vos entretive durante algum tempo com o que vos havia prometido. Como disse de começo, não falei do ponto de vista anatômico ou médico, mas apenas da essência espiritual que existe nos animais. Terei ainda que falar sobre outros vários pontos que, sendo bem diferente, não são menos úteis à doutrina. Permiti-me uma última recomendação, a de refletirdes um pouco sobre quanto eu disse: nem é extenso, nem pedante e, crede-me, nem por isso é menos útil. Um dia, quando o Bom Pastor dividir suas ovelhas, que vos possa contar entre os bons e excelentes animais que tiverem seguido melhor os seus preceitos. Perdoai esta imagem pouco viva. Ainda uma vez, precisais refletir no que vos digo. Alias, continuarei a vos falar enquanto quiserdes. Terei que vos dizer outra coisa da próxima vez, para definir meu pensamento sobre a inteligência dos animais.
 
Todo vosso,

CHARLET


Tudo quanto vos posso dizer no momento, amigos, é que vejo com prazer a linha de conduta que seguis. Que a caridade, esta virtude das almas verdadeiramente francas e nobres, seja sem pré o vosso guia, pois é o sinal da verdadeira superioridade. Perseverai neste caminho que necessariamente vos deve conduzir, a todos, a despeito dos esforços cuja força não suspeitais, à verdade e à unidade.

A modéstia também é um dom muito difícil de adquirir; não é, senhores? É uma virtude bastante rara entre os homens. Pensai que para progredir na via do bem e do progresso, só tendes que usar a modéstia. Sem Deus, sem seus divinos preceitos, que sereis? Um pouco menos que esses pobres animais dos quais vos falei, e sobre os quais tenho ainda a intenção de vos entreter. Cingi os rins e preparei-vos para lutar de novo, mas não fraquejeis. Pensai que não é contra Deus que lutais, como Jacó, mas contra o Espírito do mal, que invade tudo e a vós próprios, a cada instante.

O que vos tenho a dizer seria muito longo para esta noite. Tenho a intenção de vos explicar a queda moral dos animais, após a queda moral do homem. Para concluir o que vos disse e o primeiro animal tornado feroz.

Desconfiai dos maus Espíritos. Não suspeitais de sua força, disse-vos há pouco. E embora esta última frase não se relacione com a precedente, não é menos verdadeira e muito a propósito. Agora, refleti.

CHARLET


Quando foi criado o primeiro homem, era tudo harmonia na Natureza. A Onipotência do Criador tinha posto em cada ser uma palavra de bondade, de generosidade e de amor. O homem era radioso; os animais desejavam seu olhar celeste e suas carícias eram as mesmas para eles e para a sua celeste companheira. A vegetação era luxuriante; o sol dourava e iluminava toda a Natureza, como o sol misterioso da alma, centelha de Deus, iluminava interiormente a inteligência do homem. Numa palavra, todos os reinos da Natureza apresentavam essa calma infinita, que parecia compreender Deus; tudo parecia ter bastante inteligência para exaltar a Onipotência do Criador. O céu sem nuvens era como o coração do homem, e a água límpida e azul tinha reflexos infinitos, como a alma do homem tinha os reflexos de Deus.

Muito tempo depois tudo pareceu mudar subitamente. A Natureza oprimida soltou um longo suspiro e, pela primeira vez, a voz de Deus se fez ouvir. Terrível dia de desgraça, em que o homem, que até então não tinha ouvido senão a grande voz de Deus, que lhe dizia em tudo: "Tu és imortal", ficou apavorado com essas coisas terríveis palavras: "Caim, por que mataste teu irmão?" Logo, tudo mudou: o sangue de Abel espalhou-se por toda a Terra; as árvores mudaram de cor; a vegetação, tão rica e colorida, murchou; o céu tornou-se escuro.

Por que o animal se tornava feroz? Magnetismo todo poderoso, invencível, que então tomou as criaturas, a sede de sangue, o desejo de carnagem brilhavam em seus olhos, outrora tão suaves, e o animal tornou-se feroz como o homem. Pois o homem, que tinha sido e rei da Terra, não havia dado o exemplo? O animal seguiu o seu exemplo e desde então a morte planou sobre a terra, morte que se tornou odiosa, em vez de uma transformação suave e espiritual. O corpo do homem deveria dispersar-se no ar, como o corpo do Cristo, e dispersou-se na terra, nessa terra regada pelo sangue de Abel. E o homem trabalhou, e o animal trabalhou.

CHARLET

* * * * *

EXAME CRÍTICO

DAS DISSERTAÇÕES DE CHARLET SOBRE ANIMAIS

1. Dizeis: Tudo o que vive, pensa. Então não se pode viver sem pensar. A proposição nos parece algo absoluta, pois a planta vive e não pensa. Admitis isto como um princípio?
R - Sem dúvida. Só falo da vida animal e não da vida vegetal. Deveis compreende-lo.

2. Mais adiante dizeis: Vereis que o animal vive realmente, desde que pensa. Não há inversão na frase? Parece que a proposição é: Vereis que o animal pensa, realmente, desde que vive.
R - Isto é evidente.


SOBRE O II

3. Lembrais o desenho feito dos animais de Júpiter. Nota-se que tem uma notável analogia com os sátiros da fábula. Essa idéia dos sátiros seria uma intuição da existência desses seres em outros mundos e, neste caso, não seria mera criação fantástica?
R - Quanto mais o novo mundo, mais ele se lembrava. O homem tinha a intuição de uma ordem de seres intermediários, ora mais atrasados que ele, ora mais adiantados. Era o que ele chamava os deuses.

4. Então admitis que as divindades mitológicas não eram senão o que chamamos Espíritos?
R - Sim.

5. Foi-nos dito que em Júpiter é possível o entendimento pela simples transmissão do pensamento. Quando os habitantes desse planeta se dirigem aos animais, que são seus servidores e operários, recorrem a uma linguagem articulada particular? Para os animais teriam uma linguagem articulada e, entre si, a do pensamento?
R - Não, não há linguagem articulada, mas uma espécie de magnetismo poderoso que faz curvar o animal e o leva a executar os menores desejos e as ordens de seus senhores. O Espírito todo poderoso não pode curvar-se.

6. Evidentemente, entre nós os animais tem uma linguagem, pois se compreendem, mas é muito limitada. Os de Júpiter tem uma linguagem mais precisa e positiva que os nossos? Numa palavra, uma linguagem articulada?
R - Sim.

7. Os habitantes de Júpiter compreendem melhor que nós a linguagem dos animais?
R - Vêem através deles os compreendem perfeitamente.

8. Examinando a série dos seres vivos, encontra-se uma cadeia ininterrupta, desde a madrépora, a própria planta, até o animal mais inteligente. Mas entre o animal mais inteligente e o homem há uma evidente lacuna, que em algum lugar deve ser preenchida, porque a Natureza não deixa elos vazios. De onde vem essa lacuna?
R - Essa lacuna dos seres é apenas aparente; não existe na realidade: vem das raças desaparecidas (São Luiz).

9. Tal lacuna pode existir na Terra, mas certamente não existe no conjunto do Universo e deve ser preenchida em alguma parte. Não o seria por certos animais de mundos superiores que, como os de Júpiter, por exemplo, parecem aproximar-se muito do homem terreno pela forma, a linguagem e outros sinais?
R - Nas esferas superiores o germe surgido da Terra desenvolveu-se e jamais se perde. Tornando-vos Espíritos, reencontrareis todos os seres criados e desaparecidos nos cataclismos do vosso globo (São Luís).


SOBRE O III

10. Dizeis que tudo se aperfeiçoa e, como prova do progresso do animal, dizeis que outrora ele era mais rebelde ao homem. É evidente que o animal se aperfeiçoa; mas, pelo menos na Terra, não se aperfeiçoa pelos cuidados do homem. Abandonado a si mesmo, retorna sua natureza selvagem, mesmo o cão.
R - E o homem se aperfeiçoa pelos cuidados de quem? Não é pelos de Deus? Tudo é escalado na Natureza.

11. Falais das recompensas para os animais que sofrem maus tratos e dizeis que é justiça que haja compensação para eles. Assim, parece que admitis no animal a consciência do eu após a morte, com a recordação do passado. Isto é contrário ao que nos foi dito. Se as coisas se passarem como dizeis, resultaria que no mundo dos Espíritos haveria Espíritos de ostras. Podeis dizer se vedes em torno de vós Espíritos de cães, de gatos, de cavalos ou elefantes, como vedes Espíritos humanos?
R -A alma do animal - tendes toda razão - não se reconhece após a morte: é um conjunto confuso de germes, que podem passar para o corpo de tal ou qual animal, conforme o desenvolvimento adquirido. Não é individualizada. Contudo, direi que em certos animais, mesmos em muitos, é individualizada.

12. Aliás, de modo algum esta teoria justifica os maus tratos dos animais. O homem é sempre culpado por fazer sofrer qualquer ser sensível, e a doutrina nos diz que por isso ele será punido. Mas daí a por o animal numa condição superior a ele, há uma grande distância. Que pensais disto?
R - Sim; mas, no entanto sempre estabeleceis uma escala entre os animais; pensais que há distância entre certas raças. O homem é tanto mais culpado quanto mais poderoso.

13. Como explicais que mesmo no mais selvagem estágio o homem se faça obedecer pelo mais inteligente animal?
R - É sobretudo a Natureza que age no caso. O homem selvagem é o homem da Natureza; conhece o animal familiarmente; o homem civilizado estuda o animal, e este se curva ante ele. O homem é sempre o homem em frente ao animal, quer seja selvagem, quer civilizado.


SOBRE O V

14. (A Charlet). Nada temos a dizer sobre este parágrafo, que nos parece muito racional. Tendes algo a acrescentar?
R - Apenas isto: os animais tem todas as faculdades que indiquei, mas neles o progresso se realiza pela educação que recebem do homem e não por si mesmos. Abandonado no estado selvagem, o animal retoma o tipo que tinha ao sair das mãos do Criador. Submetido ao homem, aperfeiçoa-se. Eis tudo.

15. Isto é perfeitamente certo para os indivíduos e as espécies. Mas se considerarmos o conjunto da escala dos seres, há uma evidente marcha ascendente, que não para nos animais da Terra, desde que os de Júpiter são física e intelectualmente superiores aos nossos.
R - Cada raça é perfeita em si mesma e não emigra para raças estranhas. Em Júpiter são os mesmos tipos, formando raças distintas, mas não são os Espíritos dos animais mortos.

16. Então em que se torna o princípio inteligente dos animais mortos?
R - Volta à massa em que cada novo animal toma a porção de inteligência que lhe é necessária. Ora, é precisamente isto que distingue o homem do animal. Naquele o Espírito é individualizado, e progride por si mesmo e é isso que lhe dá superioridade sobre todos os animais. Eis por que o homem, mesmo selvagem, como fizestes notar, se faz obedecer, mesmo pelos mais inteligentes animais.


SOBRE O VI

17. Dais a história de Balaão como fato positivo. Seriamente, que pensais disto?
R - É uma pura alegoria, ou antes, uma ficção, para castigar o orgulho. Fizeram falar o burro de Balaão. Como La Fontaine fez falar muitos outros animais.


SOBRE O XI

18. Nessa passagem Charlet parece ter sido arrastado pela imaginação, pois o quadro que faz da degradação moral do animal é mais fantástico do que científico. Com efeito, o animal é feroz por necessidade, e foi para satisfazer a essa necessidade que a Natureza lhe deu uma organização especial. Se uns devem nutrir-se de carne, é por uma razão providencial e porque era útil à harmonia geral que certos elementos orgânicos fossem absorvidos. O animal é, pois, feroz por constituição e não se conceberia que a queda moral do homem tivesse desenvolvido os dentes caninos do tigre e encurtado os seus intestinos, porque então haveria razão para que o mesmo não tivesse acontecido ao carneiro. Antes dizemos que, na Terra, sendo o homem mais adiantado, encontra-se com seres inferiores em todos os sentidos, cujo contato lhe é causa da inquietação, de sofrimentos e, consequentemente, uma fonte de provas que lhe auxiliam o progresso futuro.

Que pensa Charlet destas reflexões?
R - Apenas as posso aprovar. Eu era um pintor e não um literato ou um cientista. Por isso, de vez em quando me deixo arrastar pelo prazer, novo para mim, de escrever belas frases, mesmo com sacrifício da verdade. Ma o que dizeis é muito justo e inspirado. No quadro que tracei, bordei certas idéias recebidas, para não chocar nenhuma convicção. A verdade é que as primeiras épocas eram a idade do ferro, muito afastadas das pretensas suavidades. Descobrindo diariamente tesouros acumulados pela bondade de Deus, tanto no espaço quanto na Terra, a civilização levou o homem à conquista da verdadeira terra prometida, que Deus concederá à inteligência e ao trabalho, e que não entregou enfeitada nas mãos dos homens-crianças, que a deviam descobrir pela própria inteligência. Aliás, este erro que cometi não poderia ser prejudicial aos olhos da gente esclarecida, que o notaria facilmente. Para os ignorantes passaria inapercebido. Contudo, concordo que errei. Agi levianamente, e isto vos prova até que ponto devereis controlar as comunicações que recebeis.


OBSERVAÇÃO GERAL

Um ensinamento importante do ponto de vista da ciência espírita, ressalta destas comunicações. A primeira coisa que se destaca, ao lê-las, é uma mistura de idéias justas, profundas e com o cunho do observador, ao lado de outras, evidentemente falsas e fundadas mais na imaginação do que na realidade. Sem sombra de dúvida, Charlet era um homem acima do vulgar; mas, como Espírito, não é mais universal do que o era em vida e pode equivocar-se porque, não sendo acima bastante elevado, só encara as coisas de seu ponto de vista. Aliás, só os Espíritos chegados ao último grau de perfeição estão isentos de erros. Os outros, por melhores que sejam, nem tudo sabem e podem enganar-se; mas, quando verdadeiramente bons, o fazem de boa fé e concordam francamente, ao passo que os outros o fazem coincidentemente e se obstinam nas mais absurdas idéias. Por isso devemos guardar-nos contra o que vem do mundo invisível, sem se ter submetido ao controle da lógica. Os bons Espíritos o recomendam incessantemente e jamais se ofendem com a crítica porque, de duas uma: ou estão seguros do que dizem e, então, nada temem, ou não estão e, se tem consciência de sua insuficiência, eles mesmos buscam a verdade. Ora, se os homens podem instruir-se com os Espíritos, alguns deste podem instruir-se com os homens. Ao contrário, os outros querem dominar, esperando fazer aceitar as suas utopias por causa da sua condição de Espíritos. Então, seja presunção de sua parte ou má intenção, não suportam a contradita: querem ser acreditados sob palavra, porque sabem que vão perder no exame. Ofendem-se à menor dúvida sobre sua infantilidade e soberbamente ameaçam vos abandonar, como indignos de os ouvir. Assim, só gostam dos que se ajoelham ante eles. Não há homens assim? E é de admirar que os encontremos com seus caprichos no mundo dos Espíritos? Nos homens, uma tal característica é sempre, aos olhos de gente sensata, um indício de orgulho, de vã suficiência, de tola vaidade e, portanto, de pequenez nas idéias e de falso julgamento. O que seria um sinal de inferioridade moral nos homens, não poderia ser indício de superioridade nos Espíritos.

Como acabamos de ver, Charlet de boa vontade se presta à controvérsia; escuta e admite as objeções e responde com benevolência; desenvolve o que era obscuro e reconhece lealmente o que não era exato. Numa palavra, não quer passar por mais sábio do que é, e nisto prova mais elevação do que se obstinasse nas idéias falsas, a exemplo de certos Espíritos que se escandalizam ao simples enunciado de que suas comunicações parecem susceptíveis de comentários.

O que é ainda próprio desses Espíritos orgulhosos é a  espécie de fascinação que exercem sobre seus médiuns, através da qual por vezes os fazem compartilhar dos mesmos sentimentos. Dizemos de propósito seus médiuns, porque deles se apoderam e neles querem ter instrumentos que agem de olhos fechados. De modo algum se acomodariam a um médium perscrutador ou que visse bem claro. Não se dá o mesmo entre os homens? Quando o encontram, temendo que lhes escape, inspiram-lhe o afastamento de quem quer que o possa esclarecer. Isolam-no de certo modo, a fim de estarem em liberdade, ou não o aproximam senão daqueles de quem nada tem a temer. E, para melhor lhes captar a confiança, fazem-se de bons apóstolos, usurpando os nomes de Espíritos venerados, cuja linguagem procuram imitar. Mas, por mais que façam, jamais a ignorância poderá contrafazer o verdadeiro saber, nem uma natureza perversa a verdadeira virtude. O orgulho brotará sempre sob o manto de uma falsa humildade; e porque temem ser desmascarados, evitam a discussão e afastam seus médiuns.

Não há ninguém que, julgando friamente e sem prevenção, não reconheça como má uma tal influência, porque ressalta ao mais vulgar bom-senso que um Espírito realmente bom e esclarecido jamais procura exercê-la. Pode, pois dizer-se que todo médium que a ela se submete se acha sob o império de uma obsessão, da qual deve quanto antes procurar livrar-se. O que se quer, antes de tudo, não são comunicações a todo custo, mas comunicações boas e verdadeiras. Ora, para ter boas comunicações são necessários bons Espíritos; e para ter bons Espíritos é preciso ter bons médiuns, livres de qualquer influência má. A natureza dos Espíritos que habitualmente assistem um médium é, pois, uma das primeiras coisas a considerar. Para a conhecer exatamente há um critério infalível e não é nos sinais materiais, nem nas fórmulas de evocação ou de conjuração que será encontrada. Esse critério está nos sentimentos que o Espírito inspira ao médium. Pela maneira deste último agir, pode julgar-se a natureza dos Espíritos que o dirigem e, consequentemente, o grau de confiança que merecem suas comunicações.

Isto não é uma opinião pessoal, um sistema, mas um princípio deduzido da mais rigorosa lógica, se admitirmos esta premissa: um mau pensamento não pode ser sugerido por um bom Espírito. Enquanto não se provar que um bom Espírito pode inspirar o mal, diremos que todo ato que se afaste da benevolência da caridade e da humildade, e no qual se note o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho ferido ou a simples acrimônia, não pode ser inspirado senão por um mau Espírito, ainda quando este hipocritamente pregasse as mais belas máximas, porque, se fosse realmente bom, prová-lo-ia pondo seus atos em harmonia com suas palavras. A prática do Espiritismo é cercada de tantas dificuldades; os Espíritos enganadores são tão astuciosos, tão sabidos e, ao mesmo tempo tão numerosos, que não seria demais armar-se do máximo de precauções para os desalojar. Importa, pois, rebuscar com o maior cuidado todos os indícios pelos quais eles se podem trair. Ora, esses indícios estão, ao mesmo tempo, em sua linguagem e nos atos que provocam.

Tendo submetido estas reflexões ao Espírito de Charlet, eis o que disse a respeito: "Não posso senão aprovar o que acabais de dizer e aconselhar a todos quantos se ocupam do Espiritismo a seguir tão sábios conselhos, evidentemente ditados por bons Espíritos, mas que não são absolutamente - bem podeis crê-lo - do gosto dos maus, pois estes sabem muito bem que é esse o meio mais eficaz de combater a sua influência. Assim, fazem tudo quanto podem para desviar disso aqueles que querem prender em suas redes".

Charlet disse que foi arrastado pelo prazer, para ele novo, de escrever belas frases, mesmo com sacrifício da verdade. Que teria acontecido se tivéssemos publicado seu trabalho sem comentários? Teriam acusado o Espiritismo por aceitar idéias ridículas, e a nós mesmos por não sabermos distinguir entre o verdadeiro e o falso. Muitos Espíritos estão no mesmo caso: acham uma satisfação para o amor-próprio em espalhar, através dos médiuns, já que não o podem diretamente, essas peças literárias, científicas, filosóficas ou dogmáticas de grande fôlego. Mas quando tem apenas um falso saber, escrevem coisas absurdas, assim como o fariam os homens. É sobretudo nessas obras continuadas que podemos julgá-los, porque sua ignorância os torna incapazes de representar o papel por muito tempo e eles próprios revelam sua insuficiência, a cada passo, ferindo a lógica e a razão. Através de uma porção de idéias falsas, há, por vezes, algumas boas, com que contam para iludir. Tal incoerência apenas demonstra sua incapacidade: são os pedreiros que sabem alinhar as pedras da construção, mas incapazes de construir um palácio. É, por vezes, curioso ver o dédalo inextricável de combinações e de raciocínios em que se metem, e dos quais não saem senão à força de sofismas e de utopias. Vimos alguns que, a custa de expedientes, deixaram o seu trabalho. Outros, porém, não se dão por vencidos e querem agir até o fim, rindo-se ainda à custa dos que levam a sério.

Estas reflexões nos são como um princípio geral, e seria erro ver nelas uma aplicação qualquer. Entre os numerosos escritos publicados sobre o Espiritismo, sem dúvida alguns poderiam dar lugar a uma crítica fundada; mas não os pomos a todos na mesma linha; indicamos um meio de os apreciar e cada um fará como entender. Se ainda não empreendemos fazer-lhes um exame em nossa Revista é pelo receio de que se  equivoquem quanto ao móvel da crítica que poderíamos fazer. Assim, preferimos esperar que o Espiritismo seja melhor conhecido e, sobretudo, melhor compreendido. Então nossa opinião, apoiada em base geralmente admitida, não poderá ser suspeitada de parcialidade. O que esperamos acontece diariamente, pois vemos que em muitas circunstâncias o julgamento da opinião toma a dianteira da nossa. Assim, nos aplaudimos por nossa reserva. Empreendermos este exame, quando julgarmos oportuno o momento. Mas já se pode ver qual será a base de nossa apreciação: está não tempo a tola pretensão de lher ter o privilégio. Com efeito, a lógica é o grande critério de toda comunicação espírita, como o é de todos os trabalhos humanos. Sabemos bem o que aquele que raciocina erradamente julga ser lógico. Ele o é à sua maneira, mas só para si e não para os outros. Quando uma lógica é rigorosa como dois são quatro, e as conseqüências são deduzidas de axiomas evidentes, o bom-senso geral, mais cedo ou mais tarde faz justiça a todos esses sofismas. Cremos que as proposições seguintes tem este caráter:

1. - Os bons Espíritos não podem ensinar e inspirar senão o bem; assim, tudo o que não é rigorosamente bem não pode vir de um bom Espírito;

2. - Os Espíritos esclarecidos e verdadeiramente superiores não podem ensinar coisas absurdas; assim, toda comunicação manchada de erros manifestos ou contrários aos dados mais vulgares da ciência e da observação, só por isso atesta a inferioridade de sua origem;

3. - A superioridade de um escrito qualquer está na justeza e na profundidade das idéias e não nos enfeites e na redundância do estilo; assim, toda comunicação espírita em que há mais palavras e frases brilhantes do que pensamentos sólidos, não pode vir de um Espírito realmente superior;

4. - A ignorância não pode contrafazer o verdadeiro saber, nem o mal contrafazer o bem de maneira absoluta; assim, todo Espírito que, sob um nome venerado, diz coisas incompatíveis com o título que se dá, é responsável por fraude;

5. - É da essência de um Espírito elevado ligar-se mais ao pensamento do que à forma e à maneira, de onde se segue que a elevação do Espírito está na razão da elevação das idéias; assim, todo Espírito meticuloso nos detalhes da forma, que prescreve puerilidades, numa palavra, que liga importância aos sinais e às coisas materiais, acusa, por isso mesmo, uma pequenez de idéias, e não pode ser verdadeiramente superior;

6.- Um Espírito realmente superior não pode contradizer-se; assim, se duas comunicações contraditórias forem dadas sob um mesmo nome respeitável, uma delas necessariamente é apócrifa, e se uma for verdadeira, será aquela que em nada desmente a superioridade do Espírito cujo nome a encima.

A conseqüência a tirar destes princípios é que, fora das questões morais, só deve acolher com reservas o que vem dos Espíritos, e que, em todo caso, jamais devem ser aceitas sem exame. Daí decorre a necessidade de ter a maior circunspecção na publicação dos escritos emanados dessa fonte, sobretudo quando, pela estranheza da doutrinas que contem, ou pela incoerência das idéias, podem prestar-se ao ridículo. É preciso desconfiar da inclinação de certos Espíritos para as idéias sistemáticas e do amor-próprio que buscam espalhar. Assim, é sobretudo nas teorias científicas que precisa haver extrema prudência e guardar-se de dar precipitadamente como verdades alguns sistemas por vezes mais sedutores do que reais e que, mais cedo ou mais tarde, podem receber um desmentido oficial. Que sejam apresentados como probabilidades, se forem lógicos, e como podendo servir de base a observações ulteriores, vá; mas seria imprudência tomá-los prematuramente como artigos de fé. Diz um provérbio: "Nada mais perigoso que um amigo imprudente." Ora, é o caso dos que, no Espiritismo, se deixam levar por um zelo mais ardente que refletido.


quinta-feira, 5 de março de 2009

QUEREM CRISTIANIZAR O ESPIRITSMO.

No Movimento Espírita Brasileiro,há a predominância em adequar o Espiritismo a um aspecto religioso que, inexiste na Doutrina.Querem "cristianizar" a Doutrina Espírita: Enxertando termos "igrejistas",idolatria à Jesus,adotando uma postura sincrética e mais afeita a um atavismo místico-religioso.

É preferível discernir do que confundir,pois é discernindo que se põe ordem nas idéias para procurar a Verdade.

Todas as doutrinas organizadas tem o seu corpo de princípios,seus postulados,sua orientação.O Espiritualismo,em sua amplitude,é a matriz de muitas escolas,religiões e correntes filosóficas,mas a própria disciplina da inteligência exige que se dê a cada religião ou doutrina o seu lugar inconfundível:Espiritismo é Espiritismo;Teosofia é Teosofia;e por aí vai...


O Espiritismo é uma doutrina universalista,tanto quanto as doutrinas que mais o sejam;mas é indispensável não levar a noção de universalismo ao arbítrio de acomodações inconvenientes,senão prejudiciais à clareza do espírito analítico.
O Espiritismo é universalista,porque os fatos do Espírito são universais,os seus problemas tem o sentido da universalidade,mas também é oportuno acentuar que o Espiritismo não é uma forma de sincretismo doutrinário ou religioso,sem unidade nem consistência.
Já se falseou muito a idéia de universalismo.Ser universalista é ter visão global do conhecimento,é estimar a universalidade dos valores espirituais acima e além de todas as configurações geográficas ou históricas.Universalismo é convicção,é uma posição consciente em face da cultura humana e espiritual;não é,portanto,a junção pura e simples de crenças,doutrinas e práticas diversas.
Há muita confusão ideológica em lugar do universalismo.
Nesse movimento "evangélico-cristão" encontramos as maiores distorções doutrinárias quando nos reportamos à ótica espírita.

Espiritualista, aquele ou aquela pessoa cuja doutrina é oposta ao materialismo.
Aquele que crê que em nós existe outra coisa,além da matéria,é espiritualista,o que não implica a crença nos Espíritos e nas suas manifestações.
Todo espírita é necessariamente espiritualista,mas nem todos os espiritualistas são espíritas.
As verdades espirituais são únicas,estando nas leis de Deus,vigorando em todos os cantos do planeta e em todo o Universo.
É muito natural e válido que nós,espíritas,alarguemos nossa vista em torno do espiritualismo em geral...mas devemos tomar o devido cuidado para que,estudando as várias correntes espiritualistas,não deixemos de conhecer em profundidade o Espiritismo;porque se percebe que há um fascínio exercido pelas várias colocações espiritualistas,através de seus ritos,das suas expressões atávicas,dos seus modismos,produzem muito impacto em nossa mente sonhadora.E pelo desconhecimento das bases da Doutrina Espírita(que está assentada em leis naturais),que não tem culto nem ritual,que não está vinculada aos atavismos clericais do passado...
Devemos examinar tudo,reter o que é bom,mas ao falarmos de Doutrina Espírita,que o façamos conforme seus postulados...
A base do Espiritismo é Deus e é, por isso mesmo, que o Ensino dos Espíritos veio d'Ele e está embasada nas leis naturais.
Não confundir Moral com religião.
Primeiramente,a Moral não pertence à Jesus, pois,ele foi um enviado de Deus,entre tantos outros abnegados Espíritos.Em segundo lugar,no Espiritismo, estudamos as Leis Morais,num contexto da Lei de Deus.
Terceiro,devemos ter em mente,os exemplos morais de Jesus,como parâmetro de nossa reforma íntima e,portanto,não somos seguidores dele como convém à uma postura sincrética,idólatra e de visão antropomórfica, que agradam a quem tem atavismo místico-religioso.
O que nos preceitua a Doutrina Espírita codificada por Kardec:primeiramente,estejamos embasados na logicidade dos conteúdos dos textos doutrinários para esclarecermos melhor a nossa razão para aferição das coisas e em segundo lugar,o tema central do Espiritismo é o Espírito e, por isso mesmo,atende as necessidades evolutivas no seu aspecto intelecto-moral que nos insiram nas leis de Causa e Efeito que nos remetem aos princípios espirituais da Lei de Deus.
Não devemos nos ater à uma "tendência agregacionista",pois ao invés de o pensamento espírita ajudar a ver o mundo dentro da óptica da Vida Superior,para que o indivíduo saia do nível das considerações meramente materiais,vê-se que tudo que é encontrado de "interessante" mundo afora,deseja-se agregar ao Espiritismo.Cânticos,terapias,experimentações psíquicas diversas,mantras,vestuário,jargões,festividades de gosto execrável e coisas outras ocupando variado espectro...
Não devemos nos ater às peculiaridades de princípios particulares de sistemas humanos que não tenham uma proposta libertadora e edificante que,magistralmente, os Espíritos Superiores disponibilizaram com as ferramentas do aspecto da Doutrina Espírita:Ciência e Filosofia (Moral).
Já estamos ligados a Deus desde que fomos criados...não há a necessidade de "religação" ou fórmulas que nos alavanquem ou nos edifiquem nos caminhos evolutivos...a Religião é uma criação humana e enquanto visão antropomórfica "materializa conceitos" e cria "deidades e líderes" em detrimento justamente das leis naturais que não autorizam a idolatria e a "moral de rebanho" que são frutos espúrios da fé humana e não da Fé raciocinada!
Repito: Deus não criou a religião e nem Jesus o Cristianismo...toda a naturalidade de expressão paira, necessariamente, acima de "sistemas humanos" por se conciliar com a observância das leis naturais.
Não tomemos as coisas literalmente.
O entendimento do que seja a "obra do Cristo", é o exercício da função de um mensageiro, e não o criador do ensino.O cuidado apenas para que não se confunda com interpretações literais.
Bem como o fato de, o Espiritismo ser a extensão de leis naturais na forma de ensino dos princípios e leis que regem a fenomenologia espírita nos remetendo a Deus.
Isso para que não desfiguremos a obra divina.Que Jesus seja um exemplo e modelo sim, é correto, mas como exemplo moral que a criatura poderá sempre se espelhar. Um Espírito superior tem moral elevada,e é nesse sentido... e não o que a idolatria criou, como fazem dentro do Movimento Espírita.

Na medida em que se vai estudando e compreendendo o Espiritismo,nos desapegaremos de velhos sistemas e assim teremos Deus como tema central e deixaremos a idolatria da figura do Cristo de lado ,onde nos agarramos por vínculo das religiões vivenciadas no pretérito... Mas o Espiritismo nos direciona a entender as Leis Divinas.

Dentro das obras, com exceção do ESE que trata dos exemplos morais de Jesus, vemos a todo momento a indicação de que precisamos conhecer melhor as leis naturais(Lê-se Lei de Deus).
O que é enfocado no ESE são os Ensinos Morais e não a vida de Jesus...o que acontece é que a idolatria e a visão religiosa andam juntas e desvirtuam tudo que tocam...e não seria diferente com os conteúdos embasados em leis naturais...o que estava oculto em misticismo e de forma ininteligível foi esclarecido com maestria e clareza pelos Espíritos Superiores...
Simplesmente, a visão religiosa e enfoque antropomórfico...transformaram Jesus numa deidade...num líder religioso...e todos nós sabemos que a proposta espírita é libertadora e edificante...e não autoriza uma barbárie dessas...não devemos seguir a Jesus... mas tão somente nos espelharmos no exemplo moral desse excelso Espírito e também, de tantos outros abnegados e não menos importantes...que foram mensageiros de princípios espirituais da Lei de Deus.
O Cristianismo foi criado por homens e pelo que sabemos...o Espiritismo que tem o seu aspecto de Ciência e Filosofia (Moral)...não é um sistema humano e tem a chancela das leis naturais que nos remetem a Deus.
Devemos entender que o Homem que é sabedor das suas deficiências intelecto-morais, atingirá um determinado instante de sua vida que perceberá a necessidade de melhorias morais, se conscientizando da tão propalada "reforma íntima...
Segue ele em busca de algo que promova isso. Veja que ele espera que se "promova algo" e não que ele se "trabalhe interiormente" para que isso ocorra...
A quem deve se apegar para começar a se sentir melhor?
A Jesus.É aí que começa o processo da idolatria.
Ele passa a falar dos ensinos(que são de Deus), mas não os segue...ele fala da bondade de Jesus, mas não se torna bondoso.
Ele fala da moralidade(exemplos morais) de Jesus, mas não a pratica.
Ele fala do amor de Jesus pelos Espíritos encarnados na Terra, mas não se ama e a ninguém ama, pois é egoísta.
Ele não examina que o Cristo veio pelo amor que Deus tem por nós, e que o Cristo não transformou e nem salvou ninguém. Muito pelo contrário, os que se diziam amá-lo se calaram e nada fizeram nem por ele e nem por si mesmos...
Então, é por isso que o Homem elege um ídolo, para se sentir melhor consigo mesmo, para saber que segue alguma coisa que o eximirá do esforço pessoal, para se sentir mais seguro,mas fica na expectativa de que esse alguém que ele elegeu "promova" sua transformação.

Pura fé cega, fruto da idolatria e da necessidade de se transformar.
O que uma Doutrina que tem por caráter a revelação de uma realidade espiritual, assentada em uma lei natural, tem a ver com religião?
A revelação da verdade sobre o plano espiritual não é e nunca foi privilégio do Cristianismo.
O Cristo não fundou religião alguma, propagou, tão somente, Ensinos Morais(Lê-se Lei de Deus).

Em todas as épocas sempre houve granítica rejeição a novas idéias, principalmente quando vinham desestruturar antigos paradigmas. Com o Espiritismo não poderia ser diferente.
O conhecimento espírita vinha jogar por terra o poder religioso, contrariando fabulosos interesses, ancorados em poderosas estruturas. Isto porque veio proclamar que não são as religiões que salvam, mas apenas e exclusivamente a conduta de cada um. Veio informar também que não existe salvação, porque ninguém está perdido, mas há a reencarnação e a lei de causa e efeito, cujas engrenagens conduzem os seres à evolução, mostrando ainda, que cada pessoa é a única responsável por seu presente e pelo seu futuro.
Mas o Espiritismo não é uma religião, considerando-se que esse termo pressupõe dogmas, sacerdócio, culto, rituais, sacramentos, obrigações, adoração, etc..
As religiões cristãs pregam a divindade de Jesus e sua condição de "único Senhor e Salvador", aquele que, com seu "sacrifício", com o "derramamento do seu sangue", possibilitou a "salvação" dos homens que nele cressem e fossem em seu nome batizados.
No Espiritismo não há dogmas, sacerdócio, cultos, rituais, sacramentos, obrigações, adorações. É formado pelas ferramentas: Ciência e Filosofia (Moral),firmemente assentados em leis naturais.
A religião espírita inexiste,apenas povoam as mentes nostálgicas por vivenciar experiências fracassadas do passado no terreno das religiões.A religião foi criada pelo homem,uma proposta de religação da criatura a Deus,que não tem sentido lógico e nem divino,pois não estamos "desligados" de Deus e, nem Deus criou a religião,como Jesus não criou o Cristianismo (a idolatria humana o criou).
A Moral difere diametralmente de Religião;o que existe são abordagens morais num contexto religioso,simplesmente,a religião o enfoca,o que não significa se tratar da moral propriamente dita.
A Moral nos insere na Lei de Deus e, por isso mesmo,não seria um sistema humano(religião) que o substituiria e desempenharia o seu papel na Humanidade!!
No sentido filosófico,Kardec quis mencionar os aspectos comuns que são normalmente abordados pelas religiões,mas sem se constituir numa religião,como por exemplo, um Deus único,os aspectos morais e, isso, certamente, não o vincula aos aspectos particulares e especulativos de uma religião.
É tão claro e profundo,mas teimam em desvirtuá-lo,para acomodar à Doutrina a uma rotulagem religiosa que nada tem a ver...
O Cristianismo está estribado em uma personalidade, ou nesse caso em particular,num Espírito;independente de toda excelsitude e relevância dos ensinos morais que tiveram Jesus como parâmetro de evolução nesse contexto terrestre...está na contramão da proposta espírita que nos preceitua a libertação de velhos paradigmas que sempre nortearam as religiões de um modo geral...se espelhar nos exemplos morais de Jesus não torna ninguém cristão.
Na Doutrina Espírita estudam-se Leis Morais em que,temos Deus como referência maior ao entendermos as leis naturais em seus aspectos de alcance intelecto-moral...
Cristo é um título criado pelos homens para "ungido" e que originou um sistema humano(Cristianismo) que nada tem de "primitivo"ou "puro"...o Espiritismo aborda os aspectos moralizantes dos ensinos num determinado período da história em que Jesus foi um instrumento de Deus.
O Espiritismo não é religião e nem cristão.
Sergio Ma


quarta-feira, 4 de março de 2009

Apometria. Isto é o que mesmo?

"O termo Apometria vem do grego Apó - preposição que significa além de, fora de, e Metron - relativo a medida. Representa o clássico desdobramento entre o corpo físico e os corpos espirituais do ser humano. Não é propriamente mediunismo, é apenas uma técnica de separação desses componentes.
A Apometria é uma técnica de desdobramento que pode ser aplicada em todas as criaturas, não importando a saúde, a idade, o estado de sanidade mental e a resistência oferecida. É um método geral, fácil de ser utilizado por pessoas devidamente habilitadas e dirigentes capazes. Apresenta sempre resultado eficaz em todos os pacientes, mesmo nos oligofrênicos profundos sem nenhuma possibilidade de compreensão.


Conceito Geral

Para podermos compreender o que seja, vamos direto à origem, vamos refletir sobre o livro Apometria, do Dr. José Lacerda, seu criador e divulgador.

Vamos entender a palavra, o conceito trazido pelo livro:

"O termo Apometria vem do grego Apó - preposição que significa além de, fora de, e Metron - relativo a medida. Representa o clássico desdobramento entre o corpo físico e os corpos espirituais do ser humano. Não é propriamente mediunismo, é apenas uma técnica de separação desses componentes.
A Apometria é uma técnica de desdobramento que pode ser aplicada em todas as criaturas, não importando a saúde, a idade, o estado de sanidade mental e a resistência oferecida. É um método geral, fácil de ser utilizado por pessoas devidamente habilitadas e dirigentes capazes. Apresenta sempre resultado eficaz em todos os pacientes, mesmo nos oligofrênicos profundos sem nenhuma possibilidade de compreensão.

O êxito da Apometria reside na utilização da faculdade mediúnica para entrarmos em contato com o mundo espiritual da maneira mais fácil e objetiva, sempre que quisermos. Embora não sendo propriamente uma técnica mediúnica, pode ser aplicada como tal, toda vez que desejarmos entrar em contato com o mundo espiritual".

Primeiro ele afirma ser uma técnica de desdobramento, então vamos ver o que é um desdobramento:

De acordo com o dicionário Aurélio, Desdobramento é o ato ou efeito de desdobrar-se. Desdobrar é: "Abrir ou estender (o que estava dobrado). 2. Dividir em dois. 3. Fracionar ou dividir em grupos. 4. Dar maior incremento ou atividade a. 5. Dividir (uma tora de madeira) em tábuas. 6. Abrir-se (o que estava dobrado). 7. Fazer-se em dois. 8. Desenvolver-se, incrementar-se. 9. Prolongar-se no espaço ou no tempo. 10. Manifestar-se, produzir-se".


No Wikipédia:

"Projeção da consciência, experiência fora-do-corpo (EFC), experiência extracorporal, desdobramento, projeção astral ou viagem astral são termos usados alternativamente para designar as supostas experiências fora-do-corpo (do inglês, out-of-body experience – OBE ou OOBE) que poderiam ser realizadas por qualquer pessoa, estando em estado de vigília (acordado) ou por meio de sonhos lúcidos, via meditação profunda, ou outras técnicas de relaxamento. A Projeciologia acredita que, durante a projeção, quando lúcida, o indivíduo está ciente de que se encontra fora do próprio corpo, projetado por meio do (corpo astral, duplo etérico ou perispírito). E por intermédio da projeção da consciência, seria possível conhecer dimensões extrafísicas, relativas ao plano astral ou espiritual, assim como ao plano etérico."

"A projeção da consciência é uma experiência tipicamente subjetiva, descrita muitas vezes como próxima a sensação corporal de estar flutuando como um balão, e em alguns casos conforme relatos, havendo a possibilidade de estar vendo o próprio corpo físico, olhando-o sob o ponto de vista de um observador, fora do seu próprio corpo (autoscopia). Estatisticamente, uma em cada dez pessoas afirma ter tido algum tipo de experiência fora do corpo em suas vidas. Para alguns, o fenômeno ocorre espontaneamente, enquanto para outros está relacionado a circunstâncias de perigo, como os estados de coma, em sonho profundo, ou também relacionados as experiência de quase-morte, ou mesmo induzida através do uso de drogas e psicotrópicos.

A projeção astral com freqüência é associada ao esoterismo e o movimento da Nova Era. Paralelamente, a medicina começa a tratar o assunto com mais atenção devido aos inúmeros relatos de experiências quase-morte (EQM). No entanto, explicações científicas parciais foram elaboradas para as EQMs que não envolvem a projeção da consciência que, continua sem explicação científica.

Bunning e Blanke (2005) do Laboratório de Neurociência Cognitiva, Ecole Polytechnique Federale de Lausanne (EPFL), Lausanne, e Departamento de Neurologia, Hospital Universitário, Genebra, Suíça, revisaram alguns dos fatores clássicos que indicam e podem induzir a autoscopia. Estes são sono, abuso de droga, e anestesia geral, assim como o próprio neurobiologismo."

Vejam que em nenhum momento se fala em espiritismo ou técnica espírita. Mas muitos vão dizer que existe desdobramento no espiritismo. Então vamos procurar no Livro dos Espíritos.

"400. O Espírito encarnado permanece voluntariamente no envoltório corporal?

– É como perguntar se o prisioneiro está satisfeito sob as chaves. O

Espírito encarnado aspira incessantemente à libertação, e quanto mais grosseiro é o envoltório, mais deseja ver-se desembaraçado."

"401. Durante o sono, a alma repousa como o corpo?

– Não, o Espírito jamais fica inativo. Durante o sono, os liames que o unem ao corpo se afrouxam e o corpo não necessita do Espírito. Então ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos."

"402. Como podemos avaliar a liberdade do Espírito durante o sono?

– Pelos sonhos. Sabeis que, quando o corpo repousa, o Espírito dispõe de mais faculdades que no estado de vigília. Tem a lembrança do passado e às vezes a previsão do futuro; adquire mais poder e pode entrar em comunicação com os outros Espíritos, seja deste mundo, seja de outro. Freqüentemente dizes: "Tive um sonho bizarro, um sonho horrível, mas que não tem nenhuma verossimilhança". Enganas-te. É quase sempre uma lembrança de lugares e de coisas que viste ou que verás numa outra existência ou em outra ocasião. O corpo estando adormecido, o Espírito trata de quebrar as suas cadeias para investigar no passado ou no futuro. Pobres homens, que conheceis tão pouco dos mais ordinários fenômenos da vida!

Acreditais ser muito sábios, e as coisas mais vulgares vos embaraçam.

A esta pergunta de todas as crianças: "O que é que fazemos quando dormimos; o que são os sonhos?" ficais sem resposta. O sono liberta parcialmente a alma do corpo. Quando o homem dorme, momentaneamente se encontra no estado em que estará de maneira permanente após a morte. Os Espíritos que logo se desprendem da matéria, ao morrerem, tiveram sonhos inteligentes. Esses Espíritos, quando dormem, procuram a sociedade dos que lhes são superiores: viajam, conversam e se instruem com eles; trabalham mesmo em obras que encontram concluídas, ao morrer. Destes fatos deveis aprender, uma vez mais, a não ter medo da morte, pois morreis todos os dias, segundo a expressão de um santo."

"No sonambulismo, o Espírito está na posse total de si mesmo; os órgãos materiais, estando de qualquer forma em catalepsia, não recebem mais as impressões exteriores. Esse estado se manifesta sobretudo durante o sono; é o momento em que o Espírito pode deixar provisoriamente o corpo, que se acha entregue ao repouso indispensável à matéria. Quando se produzem os fatos do sonambulismo, é que o Espírito, preocupado com uma coisa ou outra, se entrega a alguma ação que exige o uso do seu corpo, do qual se serve como se empregasse uma mesa ou qualquer outro objeto material, nos fenômenos de manifestações físicas, ou mesmo a vossa mão nas comunicações escritas. Nos sonhos de que se tem consciência, os órgãos, inclusive os da memória, começam a despertar e recebem imperfeitamente as impressões produzidas pelos objetos ou as causas exteriores, e as comunicam ao Espírito que, também se encontrando em repouso, só percebe sensações confusas e freqüentemente fragmentárias, sem nenhuma razão de ser aparente, misturadas que estão de vagas recordações, seja desta existência, seja de existências anteriores.É portanto fácil compreender porque os sonâmbulos não se lembram de nada e porque os sonhos de que conservam a lembrança, na maioria das vezes não têm sentido. Digo na maioria das vezes, porque acontece também serem eles a conseqüência de uma recordação precisa de acontecimentos de uma vida anterior, e, algumas vezes, até mesmo uma espécie de intuição do futuro."

No desdobramento ou na projeção, tem-se a idéia de que nossa mente vai até onde desejarmos, nossa consciência é projetada para fora do corpo físico, enquanto que na emancipação da alma, pelo afouxamento dos liames, o espírito fica parcialmente liberto e retorna ao mundo espiritual, mantendo sempre uma ligação com o corpo físico em repouso.

No item Atendimento, temos o seguinte trecho:

"No atendimento aos enfermos, é utilizada a seguinte prática: Coloca-se inicialmente, por desdobramento, os médiuns em contato com as entidades médicas do astral. Uma vez firmado o contato, faz-se o mesmo com o doente, possibilitando dessa forma o atendimento do corpo espiritual do enfermo pelos médicos desencarnados, assistidos pelos espíritos dos médiuns que então relatam todos os fatos que ocorrem durante o atendimento, tais como: os diagnósticos, as cirurgias astrais, as orientações práticas para a vida, assim como a descrição da problemática espiritual que o paciente apresenta e suas origens."

Para refletirmos sobre este trecho, trago a questão 94 do O Livro dos Espíritos:

"94. De onde tira o Espírito o seu envoltório semi-material?

-Do fluido universal de cada globo. É por isso que ele não é o mesmo em todos os mundos; passando de um mundo para outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa."

Entende-se como corpo espiritual o perispírito, assim, porque se fariam atendimentos e cirurgias médicas em um corpo que é trocado ao se mudar de mundo? Bastaria reencarnar em outro globo, e o espírito teria um perispírito novinho em folha.

Ou seja, apometria é uma técnica, que pode ser usada de forma mediúnica, que visa fazer o atendimento espiritual, no plano espiritual.
Uma coisa que não ficou bem clara, é que se o auxílio será feito no plano espiritual, para que iriam precisar do médium encarnado?

Claudia C


segunda-feira, 2 de março de 2009

"Meu Pé"

Desenho à lápis, inspirado
02/03/2009

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