quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Sistemas de classificação humana

Extraído do cap. 1 do livro Criança Índigo

Por Richard Seigle, M.D.

Na história da civilização ocidental temos vindo a ter uma forte necessidade de explorar, definir e julgar. À medida que fomos descobrindo novas terras e outras pessoas, os nossos primeiros pensamentos foram: Quem é como nós e quem não é? E o que é que podemos tomar? Estas pessoas, que não são como nós em termos de cor, crenças, cultura e linguagem, foram consideradas inferiores durante muito tempo, ao longo da História. Em termos científicos, tratamos de categorizar as pessoas pela forma da cabeça, cor da pele, coeficiente intelectual (Q.I.), etc. Antropólogos e sociólogos levaram anos a considerar como pensamos, sentimos e actuamos.

Alguns exemplos de vários sistemas de categorização dos seres humanos:

Testes de inteligência
Testes de personalidade
Testes de memória, etc.
Factores sociológicos específicos
Teorias psiquiátricas reconhecidas

Gandhi disse: “ A nossa habilidade para alcançar a unidade dentro da diversidade será a beleza e o teste da nossa civilização.”

O final deste milénio assinala um nível mais elevado de consciência de amor e aceitação entre as pessoas – algo que poderíamos ter aprendido há séculos atrás através das culturas nativas, se não as tivéssemos considerado como culturas inferiores.

Para além dos sistemas tradicionais de classificação, existem os sistemas de classificação espirituais e metafísicos, que tratam de classificar os seres humanos com base, por exemplo, nos atributos astrológicos de nascimento, na sua energia vital ou a sua associação com um Animal Sagrado (na tradição chinesa e dos índios norte-americanos). Seja qual for a sua opinião sobre a Astrologia ou qualquer outro sistema similar não científico, eles foram reconhecidos e identificados institucionalmente como algumas das crenças ancestrais que foram encontradas em muitos textos antigos relacionados com os estudos humanos. Todos estes sistemas, antigos e modernos, existem para ajudar os Humanos a entender melhor outros Humanos.

Nancy Ann Tappe identificou, pela primeira vez, o padrão de comportamento das Crianças Índigo no seu livro publicado em 1982 “Compreendendo a sua vida através da cor” (Understanding Your Life Through Color). Trata-se do primeiro livro conhecido no qual se identificam os padrões de comportamento destas novas crianças.
Nancy classificou determinados tipos de comportamento humano em grupos de cor e, intuitivamente, criou um surpreendentemente exacto e revelador sistema de natureza metafísica. O livro é divertido de ler, e não evita que você identifique algumas das suas características em alguma parte do sistema, rindo-se de si mesmo e maravilhando-se por parecer tão acertado. Nancy continua a facilitar conferências e seminários sobre comportamento humano em todo o mundo.

Notem que Richard coloca que esta classificação criada por Nancy foi feita ‘intuitivamente’. Isto não diminui, apenas esclarece melhor.

Aqueles que pensam que é estranho classificar os humanos com base na cor, gostaria de dar a conhecer – principalmente aos interessados em metafísica – um novo livro intitulado “O Código da Cor: Um a nova forma de ver-se a si mesmo, às suas relações e à Vida” (The Color Code: A new Way to See Yourself, Your Relationships, and Life), de Hartman Taylor, Ph.D. Este livro não tem nada que ver com as Crianças Índigo. Mencionamo-lo somente para demonstrar que a associação da cor com os atributos humanos não vale somente para o grupo dos fantasmas! O livro aborda o modelo medieval de tipificar as personalidades – sanguíneo, melancólico, fleumático e colérico, e associa-lhes as cores vermelho, azul, branco e amarelo.

Como dissemos, o agrupamento de cor de Nancy Ann Tappe é intuitiva, mas também muito exacta, baseada na observação prática. No seu livro, um dos grupos de cor é, adivinhem, o Índigo. Esta classificação pela cor revela, muito claramente, um novo tipo de criança, algo que foi feito há 17 anos.

* * * * * *

Introdução aos Índigo

Nancy Ann Tappe
Entrevista de Jan Tober (Primeira Parte)

Estas foram as suas palavras e observações de Nancy sobre as Crianças Índigo:
Nancy, você foi a primeira a identificar e a escrever, no seu livro, sobre o fenômeno Índigo. O que é uma Criança Índigo e por que lhes chamamos assim?

- Chamo-lhes assim porque essa é a cor que “vejo”.

O que significa isso?

- Significa a cor da vida. Eu olho para a cor da vida das pessoas para conhecer qual é a sua missão aqui, no plano da Terra – o que é que vieram aprender, qual o seu programa de estudos. Por volta dos anos 80, senti que outras duas cores tinham sido acrescentadas ao sistema, outras duas tinham desaparecido. Vimos desaparecer o fúscia e a magenta tornou-se obsoleto. Assim, pensei que essas duas cores de vida seriam substituídas. Surpreendeu-me encontrar uma pessoa fúscia em Palm Springs, porque é uma cor que desapareceu no início de 1990, foi o que disseram. Dizia a toda a gente que iríamos ter mais duas cores, mas não sabia quais seriam. Enquanto procurava, “vi” o índigo. Estava a investigar na Universidade Estatal de San Diego, tratando de construir um perfil psicológico coerente, que pudesse resistir à crítica acadêmica.

Aqui está algo que acho perigoso, ela diz que olha para a pessoa e sabe a sua missão aqui na Terra, qual seu programa de estudo. Porque perigo? Por que esta informação passa necessariamente pela interpretação de Nancy. Se nem nós, na maioria das vezes, sabemos realmente a nossa missão aqui, como ela poderia, somente nos olhando, dizer qual é? As cores fúscia e magenta tornaram-se obsoletas? Como assim, qual o perfil destas pessoal? Que tipo de comportamento se tornaram obsoletos a ponto de duas classificações desaparecerem?

Nessa altura trabalhava comigo um psiquiatra chamado Dr. McGreggor. Estou a ver se me lembro do nome do outro doutor, mas agora não me recordo. Também ele trabalhava no hospital infantil, mas ele foi o primeiro que me chamou a atenção porque a sua esposa teve um bebé, e não era previsível que viesse a ter filhos. O bebé nascera com um forte sopro no coração, e ele chamou-me para eu ver do que se tratava.

Fui e, quando olhei para a criança, dei-me conta que essa era uma nova cor, que não constava do meu sistema. O bebé morreu cerca de seis semanas mas tarde – foi muito rápido. Essa foi a minha primeira experiência física que me mostrou que as crianças eram diferentes. A partir daí comecei a procurá-los. Deixei de ensinar naquela Universidade em 1975, e sei que este episódio foi anterior a isso. De facto, não lhe prestei muita atenção até 1980, quando comecei a escrever o meu livro. A impressão do livro demorou dois anos – 1982 para a primeira edição e 1986 para a actual. Portanto, foi durante os anos 70 que me apercebi dos Índigos.

Em 1980 registei-o e comecei o processo de personalização, porque, nessa altura, tínhamos algumas crianças com cinco, seis e sete, que podíamos observar, “ler” a sua personalidade e ver do que se tratava. O que aprendi de mais importante é que eles não tinham um plano de estudos tal como nós – ainda não o tinham. E continuam a não ter durante muitos mais anos. Aos 26, 27 anos, poderemos observar uma notável mudança nas Crianças Índigo. Essa mudança é que o seu propósito irá manifestar-se. Os mais velhos ficarão seguros do que estão a fazer, e os mais jovens virão com uma clareza do que irão fazer ao longo da sua vida. No entanto, o que se passará só depende de nós. Continuamos a investigar, tendo sido por isso que protelei várias vezes a publicação. Fico contente que estejam a fazer este trabalho.

Novamente ela fala que pode “ler” a personalidade de alguém, isto é muito sério, porque define algo que não pode nem deve ser definido. Ao “ler” nossa personalidade, ela nos aprisiona em seu sistema classificatório, aprisiona um espírito que se modifica a cada segundo vivido. È como alguns índios viam a máquina fotográfica, ao registrar a imagem, aprisionava-se seu espírito, pois ele ficaria daquela forma para o resto de sua vida.
Outra coisa que ela traz, é uma informação importante e que tem respaldo na doutrina espírita: que aos 26, 27 anos as crianças índigo mudam, porque neste momento manifesta-se seu propósito.
Livro dos Espíritos, Allan Kardec
“385. Qual o motivo da mudança que se opera no seu caráter a uma certa idade, e particularmente ao sair da adolescência? É o espírito que se modifica?
- É o Espírito que retoma a sua natureza e se mostra tal qual era.

Não conheceis o mistério que as crianças ocultam em sua inocência; não sabeis o que elas são, nem o que foram, nem o que serão; e no entanto as amais e acariciais como se fossem uma parte de vós mesmos, de tal maneira, que o amor de uma mãe por seus filhos é reputado como o maior amor que um ser possa ter por outros seres. De onde vêm essa doce afeição, essa terna complacência que até mesmo os estranhos experimentam por uma criança? Vós sabeis? Não; e é isso que vou explicar.
As crianças são os seres que Deus envia a novas existências, e para que não possam acusá-lo de demasiada severidade, dá-lhes todas as aparências de inocência. Mesmo numa criança de natureza má, suas faltas são cobertas pela não-consciência dos atos. Esta inocência não é uma superioridade real, em relação ao que elas eram antes; não, é apenas a imagem do que elas deveriam ser e, se não o são, é sobre elas somente que recai a culpa.
Mas não é somente por elas que Deus lhe dá esse aspecto, é também e sobretudo por seus pais, cujo amor é necessário à fragilidade infantil. E esse amor seria extraordinariamente enfraquecido pela presença de um caráter impertinente e acerbo, enquanto que, supondo os filhos bons e ternos, dão-lhe toda a afeição e os envolvem nos mais delicados cuidados. Mas, quando as crianças não mais necessitam dessa proteção, dessa assistência que lhes foi dispensada durante quinze a vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda a sua nudez: permanecem boas, se eram fundamentalmente boas, mas se irisam sempre de matizes que estavam ocultos na primeira infância.
Vedes que os caminhos de Deus são sempre os melhores, e que, quando se tem o coração puro, é fácil conceber-se a explicação a respeito.
Com efeito, ponderai que o Espírito da criança que nasce entre vós pode vir de um mundo em que tenha adquirido hábitos inteiramente diferentes. Como quereríeis que permanecesse no vosso meio esse novo ser, que traz paixões tão diversas das que possuís, inclinações e gostos inteiramente opostos aos vossos; como quereríeis que se incorporasse no vosso ambiente, senão como Deus quis, ou seja, depois de haver passado pela preparação da infância? Nesta vêm confundir-se todos os pensamentos, todos os caracteres, todas as variedades de seres engendrados por essa multidão de mundos em que se desenvolvem as criaturas. E vós mesmos, ao morrer, estareis numa espécie de infância, no meio de novos irmãos, e na nova existência não terrena ignorareis os hábitos, os costumes, as formas de relação desse mundo novo para vós, manejareis com dificuldade uma língua que não estais habituados a falar, língua mais vivaz do que o é atualmente o vosso pensamento.
A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos não ingressam na vida corpórea senão para se aperfeiçoarem, para se melhorarem; a debilidade dos primeiros anos os tornam flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que devem fazê-los progredir. É então que se pode reformar o seu caráter e reprimir as suas más tendências. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão que responder.
É assim que a infância não é somente útil, necessária, indispensável, mas ainda a conseqüência natural das leis que Deus estabeleceu e que regem o Universo.”


Parece existir um grande interesse, uma tremenda necessidade de saber.

- Sim. Existe, porque as pessoas não compreendem as Crianças Índigo. São Crianças computorizadas que vêm a este mundo com uma capacidade de visualização mental do que é bom. São crianças orientadas para a tecnologia, o que significa que vamos estar adquirir mais técnica do que a que temos agora. Estas crianças, com três ou quatro anos, lidam com os computadores de uma forma que um adulto de 65 anos não poderá fazê-lo. São crianças tecnológicas – nascidas para uma tecnologia que nem somos capazes de imaginar. Creio que estas crianças estão a abrir um portal. Chegaremos a um ponto em que nada terá de ser feito, excepto nas nossas cabeças. Esse é o seu propósito. O que vejo agora é que, em alguns casos, o meio ambiente em que estas crianças se desenvolvem os bloqueou de tal maneira que, por vezes, estas crianças chegam a matar. Porém, eu crio na seguinte paradoxo: Precisamos da escuridão e precisamos da luz para escolher. Sem a possibilidade de escolher não há crescimento. Se fôssemos robots não teríamos livre-arbítrio, não teríamos poder de escolha, não haveria nada. Estou a divagar, mas estou a fazê-lo por uma razão.

Se estas crianças vêm ao mundo com uma capacidade de visualização mental do que é bom, como podem chegar a matar?

O que, ultimamente, tenho dito aos meus estudantes é que, para crer nas nossas origens, temos de crer na nossa Bíblia que diz: “No início era o vazio e a escuridão profunda, e Deus disse: Faça-se luz, e houve luz.” Deus não criou a escuridão; ela sempre esteve aí. Toda a criação foi um processo de separação. Deus separou a noite do dia, a luz da escuridão, a terra do céu, o firmamento do ar, a terra das águas. Deus separou a mulher do homem e criou o feminino e o masculino. A norma da criação é a separação por escolha. Sem escolha não podemos crescer. Assim, o que vejo é que nos movemos entre extremos, especialmente na presente dimensão. Temos tido o mais santo dos santos e o mais mau dos maus. A maioria de nós encaixa-se a meio termo, esperando ser santa enquanto comete erros. O que vejo agora é que os extremos se integram mais. Quer o mais santo dos santos, quer o mais mau dos maus está entre gente mediana, e este equilíbrio está a alcançar um nível cada vez mais refinado.

Se Deus não criou a escuridão, ela sempre esteve aí, a escuridão é anterior a Deus, a escuridão nem a luz foram criados por Deus, Ele apenas teria separado aquilo que já existia. Tiraram de Deus toda a sua característica Divina, deram seu poder à escuridão. Somos filhos da escuridão! É isto que o texto está dizendo, e o que é a escuridão se não a ignorância. E se Deus não criou nada, quem é o Criador de tudo?

Quando estas crianças chegam a estes extremos é porque conhecem muito bem o seu caminho, e, quando sentem que a sua missão está a ser bloqueada, tratam de se desfazer daquilo que eles acham que está a bloqueá-los. Quando você e eu éramos crianças, tivemos pensamentos horríveis de escapar, mas tivemos medo de fazê-lo. As Crianças Índigo, porém, não têm medo porque sabem quem são. Eles acreditam em si mesmos. Cerca de 90% das crianças com 10 anos de idade (em 1998) são Índigos.

Livro Crianças Índigo - Introdução

INTRODUÇÃO

À medida que forem lendo talvez pensem: Mais outro livro sobre condenação e sofrimento, e sobre a forma como a sociedade está a mudar as nossas crianças? Não: esta é talvez a mudança mais emocionante e, no entanto, a mais estranha em matéria fundamental humana, nunca antes vista e documentada em qualquer sociedade que disponha de ferramentas para o fazer. Pedimos que utilizem o vosso discernimento à medida que forem prosseguindo a leitura.

Jan e eu somos conferencistas nacionais especializados em auto-ajuda e, também, escritores. Nos últimos seis anos, viajámos pelo mundo e temos falado para grupos grandes e pequenos. Temos lidado com pessoas de todas as idades e muitas culturas com os idiomas mais diversas. Os meus filhos cresceram e deixaram o ninho há já algum tempo; Jan nunca teve filhos mas, no entanto, sentia que, de algum modo, estava a trabalhar com eles. Dos seis livros que publicámos nenhum trata de crianças, porque o nosso trabalho não focalizava esse assunto. Então, como é que estamos a escrever agora um livro sobre esse mesmo tema?

Quando se é terapeuta de aconselhamento e se passa o tempo em contacto pessoal com as pessoas, não é possível deixar de notar certos padrões que surgem no comportamento humano e que se convertem no tema principal do trabalho que se faz. O nosso trabalho, trata do aumento do próprio poder e da autoestima. Permite que as pessoas tenham mais esperança dando-lhes o poder para se elevarem a si próprias acima do nível em que “pensavam” estar. Também envolve a autocura (não religiosa) e promove o autoexame com o objectivo de encontrar “Deus no nosso interior” em vez de o procurar em qualquer fonte exterior. Falar de autocura, bem como de libertação de preocupações num mundo em mudança. É um trabalho muito gratificante – mas faz com que prestemos atenção às coisas.

Há alguns anos as pessoas começaram a falar sobre determinados problemas com os seus filhos. O que é que há de novo? Muitas vezes os filhos são a maior bênção de uma vida e, também, o maior desafio. Escreveram-se muitos livros sobre como ser bons pais e sobre psicologia infantil, mas o que chamou a nossa atenção foi diferente. Começámos a ouvir falar, cada vez mais, de um novo tipo de criança ou, no mínimo, de um novo tipo de problemas para os pais. As dificuldades eram de natureza estranha porque representavam um intercâmbio inesperado entre o adulto e a criança, que aparentemente não era o típico que tinha vivido a nossa geração. Ignorámo-lo até começarmos a ouvir os profissionais que trabalhavam com crianças. Também eles relatavam desafios semelhantes. Muitos sentiam-se desesperados e a ponto de perder as estribeiras. Os profissionais de cuidado diário, em todo o país, alguns com mais de 30 anos de experiência profissional, contavam o mesmo tipo de histórias e de como eram diferentes as coisas com
estas crianças. Vimos, então algo de horrível: quando estes “novos” problemas se agudizaram, começou a haver uma tendência esmagadora para resolver o assunto através de drogas legais (medicamentos)!

Ao princípio assumimos que seria uma característica cultural que reflectia uma América do Norte em mudança. Parte do nosso temperamento norte-americano é ser flexível e capaz de passar por mudanças extraordinárias como nenhum outro país pode fazê-lo, mantendo uma base governamental estável. Pergunte- se a qualquer professor de hoje e ele dir-vos-á que o sistema educativo precisa de uma remodelação geral. Provavelmente já é tempo, mas isso não é novidade, e não é isso que nos inspirou a escrever este livro.

Jan e eu trabalhamos a nível independente e individual e mantemo-nos afastados da política inclusive das “causas” relativas ao meio ambiente. Não é por não estarmos interessados nisso, mas o nosso empenho como assessores e conferencistas recai sobre a ajuda a homens e mulheres a nível pessoal (apesar de, com frequência, falarmos em grupos alargados). A nossa premissa tem sido sempre de que um humano equilibrado, com uma visão positiva e que transmita bem-estar, é capaz de fazer as mudanças necessárias de uma forma poderosa. Por outras palavras, até a mudança social mais drástica deve começar no interior da mente e do coração de cada pessoa.

Adicionalmente assumimos que, quando ocorreram grandes mudanças nas crianças, os profissionais e os investigadores informavam a sua área respectiva – que os profissionais também estariam a detectar este facto. Há anos atrás, esperávamos ver relatórios e artigos sobre as características das novas crianças nos boletins das escolas primárias e de maternais. Não foi isto o que aconteceu – pelo menos numa escala que chamasse a atenção e muito menos de uma forma que ajudasse ou informasse os pais. Como isto não sucedeu, reforçámos a ideia inicial de que as nossas observações, possivelmente, não eram tão generalizadas como tínhamos pensado, e, repito, as crianças não eram o nosso assunto. Demoramos vários anos a mudar a nossa mentalidade e a decidir que alguém teria de, pelo menos, reunir informação e relatá-la,
não importando quão estranha ela era. Estava ali!

Como podem ver, um número de factores tornou este livro uma realidade, e vocês devem conhecê-los antes de interpretarem as nossas palavras cegamente, como algo que cairia na categoria do “está a acontecer à nossa volta - mas é inexplicável”.

Agora percebemos o seguinte:

1. Não se trata de um fenómeno norte-americano. Vimo-lo pessoalmente em três continentes.
2. Parece que ultrapassa as barreiras culturais (e abrange muitas línguas).
3. Escapou à atenção porque é demasiado “estranho” para ser considerado no paradigma da psicologia humana, que considera que a humanidade é estática, um modelo que não muda. Regra geral, a sociedade tende a crer na evolução, mas somente quando referida ao passado. O pensamento de que podemos estar a ver uma nova consciência humana, que chega lentamente ao planeta agora – manifestada nas nossas crianças – ultrapassa o pensamento conservador estabelecido.
4. O fenómeno está a aumentar – continuam a surgir mais relatos.
5. Está a acontecer há tempo suficiente para que os profissionais comecem a estudá-lo.
6. Surgem algumas respostas aos desafios.

Por todas estas razões estamos a aflorar a questão e a dar a melhor informação que podemos sobre o que observámos sobre um tema que, sem dúvida alguma, é controverso por várias razões. Até onde sabemos este é o primeiro livro dedicado inteiramente à Criança Índigo. à medida que o lerem, muitos reconhecerão o que se apresenta. Esperamos sinceramente que este tema seja explorado mais extensamente no futuro por quem esteja mais preparado para o fazer.

A META DESTE LIVRO

Este livro foi escrito para os pais. Trata-se de uma informação inicial, e não é “o ponto final” do tema sobre as Crianças Índigo. É apresentado para ajudar a si e à família, e para informar sobre soluções práticas, no caso de se identificar com o tema tratado. Pedimos-lhe que discrimine tudo o que lhe apresentamos. Não estaríamos a publicar esta recompilação se não estivéssemos seguros de que muitos a acharão reveladora e útil. Este livro foi, acima de tudo, preparado com um estímulo e, também, a pedido de centenas de pais e professores com quem temos falado em todo o mundo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Os obscuros conceitos de uma seita

Paulo Henrique Figueiredo
Fonte:ttp://www.se-novaera.org.br/

As suspeitas levantadas sobre essa obra nos motivaram a investigar mais profundamente seus autores, a origem, as finalidades de sua publicação, e quem está divulgando seus conceitos no país em que surgiu, os Estados Unidos.

O que encontramos é grave e é preciso esclarecer os fatos.Desde 2006, pesquisadores espíritas, como Rita Foelker, Dora Incontri, Heloísa Pires, e a "Revista Universo Espírita" vêm alertando para as inúmeras contradições entre a doutrina espírita e o best-seller "Crianças índigo", publicado nos Estados Unidos em 1999, e no Brasil em 2005.

Algumas das características das crianças índigo são alarmantes:

"Nascem, sentem-se e agem com realeza. (...) Conseguem inverter as situações, manipulando ao invés de serem manipulados, especialmente seus pais. (...) Não se relacionam bem com pessoa alguma que não seja igual a elas. (...) Alguns têm propensão ao vício, especialmente drogas durante a adolescência".

Citada em "Crianças índigo" como a primeira a supostamente reconhecer a aura azul dessas crianças, diz a vidente Nancy Ann Tappe:"Todas as crianças que mataram colegas de escola ou os próprios pais, com as quais pude ter contato, eram índigos. Eles tinham uma visão clara de sua missão, mas algo entrou em seu caminho e elas quiseram se livrar do que imaginavam ser o obstáculo. Trata-se de um novo conceito de sobrevivência. Todos nós possuíamos esse tipo de pensamento macabro quando crianças, mas tínhamos medo de colocá- lo em prática. Já os índigos não têm esse tipo de medo".

Esse é o novo conceito de sobrevivência das crianças índigo? Matar os pais e colegas de escola? O que isso tem a ver com o espiritismo?A pedra angular é a fraternidade:

Os espíritos da codificação realmente anunciaram uma nova geração, mas nos seguintes termos: "Cabendo a eles fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por uma precoce inteligência e razão, juntas ao sentimento inato do bem e das crenças espiritualistas, constituindo um sinal indiscutível de um adiantamento anterior", explicaram em "A gênese".

Os espíritos estão falando de progresso moral e de uma geração com o sentimento inato do bem. Isso pressupõe a habilidade de resolver conflitos, paciência, solidariedade e tolerância. Segundo o espiritismo, "a fraternidade será a pedra angular da nova ordem social". Já as crianças índigo descritas são revoltadas, agressivas e prepotentes. A chegada de uma nova geração anunciada na doutrina espírita nada tem a ver com o conceito de crianças índigo pertencente à seita estrangeira criada por Lee Carroll.

As suspeitas levantadas sobre essa obra nos motivaram a investigar mais profundamente seus autores, a origem, as finalidades de sua publicação, e quem está divulgando seus conceitos no país em que surgiu, os Estados Unidos. O que encontramos é grave e é preciso esclarecer os fatos.

O Grupo Iluminação Kryon:Um dos autores de "Crianças índigo" é Lee Carroll, formado em economia pela Universidade da Carolina do Norte. Durante 30 anos trabalhou em sua empresa de engenharia de som, em Del Mar, San Diego, onde vive até hoje.

O ano em que tudo começou foi 1989, quando um sensitivo disse ter visto ao lado de Lee Carroll uma entidade extraterrestre que se identificou pelo nome "Kryon".Intrigado, Lee começou a "canalizar" (esse é o nome que ele dá para as psicografias) textos da entidade extraterrestre Kryon num grupo esotérico de sua cidade.

A co-autora do livro "Crianças índigo" é a cantora Jan Tober, ex-mulher de Lee Carroll. Ela o ajudou a criar uma seita própria, o Grupo Iluminação Kryon, em 1991.

Durante 10 anos, as mensagens renderam a publicação de 12 livros, As edições, traduzidas para 23 línguas, venderam mais de um milhão de exemplares.

Os encontros do Grupo Iluminação Kryon, onde é possível consultar-se pessoalmente com Kryon por meio de Lee Carroll, reúnem platéias pagantes de 3 mil pessoas. Elas lotam caríssimos salões e teatros da Europa e Estados Unidos. Lá também são vendidos livros, filmes, souvenires e bijuterias. As mensagens do extraterrestre Kryon na internet recebem cerca de 20 mil visitas por dia.

Uma tese panteísta:
Quem é esse ser que se diz extraterrestre e que revelou as crianças índigo?

O site oficial da seita dá sua versão:"Kryon é o mais evoluído ser de luz a que a Terra jamais teve acesso. Proveniente do `Sol Central', com a função primordialmente técnica ligada ao `serviço eletromagnético'. Foi enviado por um grupo de `Mestres Extrafísicos', chamado `A Irmandade'. Veio dessa vez para reordenar a `rede magnética planetária', visando uma série de mudanças magnéticas no eixo da Terra, que se encerrará no ano de 2012".

Em "O livro dos espíritos", "Jesus foi o ser mais puro que já apareceu na Terra".

Ainda há muito mais. De acordo com Kryon, Deus não existe. Ele propõe o panteísmo, ou seja, segundo ele, "todos os seres do universo são parte de um todo e as individualidades são apenas ilusões".

Esse pensamento panteísta se opõe claramente aos ensinamentos do espiritismo. Basta ler a o seguinte diálogo em "O livro dos espíritos": "Que pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo, seriam partes da divindade e constituiriam, pelo seu conjunto, a própria divindade; ou seja, que pensar da doutrina panteísta?", perguntou Allan Kardec. E os espíritos responderam: "Não podendo ser Deus, o homem quer pelo menos ser uma parte de Deus.".

Quem são as crianças índigo:

A doutrina do Grupo Iluminação Kryon vai ainda mais longe. Damos aqui apenas um resumo das palavras de Krion:

"Os seres humanos que vivem na Terra eram anjos muito evoluídos que assinaram um contrato para vivenciar uma experiência humana no planeta Terra, motivo pelo qual seríamos honrados e celebrados em todo o universo.

"De acordo com o "extraterrestre", "a humanidade atingiu a `Convergência Harmônica' necessária. Essa experiência é a de vivermos com um nível vibracional rebaixado para a terceira dimensão, sem as memórias ou lembranças de nossa origem divina".

O que seria "Convergência Harmônica"? Nos livros psicografados por Lee Carroll, informações pseudocientíficas como essa estão por todo o texto, sem explicação alguma.

Segundo Kryon, desde 1987 estariam nascendo crianças com o DNA alterado, que seriam as tão comentadas "crianças índigo". Há também referências às crianças cristal.

Todavia, de acordo com a doutrina espírita a moral é um atributo do Espírito e não do corpo. Nenhuma alteração do DNA transformaria moralmente indivíduo algum.

E quais as conseqüências dessa suposta mutação das crianças? Segundo o extraterrestre Kryon, "elas se tornarão uma nova raça que irá habitar uma galáxia que está sendo criada a 12 bilhões de anos-luz da Terra". A astrofísica está bastante avançada e podemos afirmar que a idéia da criação tardia de uma galáxia não tem embasamento científico algum.

Mais uma vez, é Kardec quem alerta: "Toda heresia científica notória, todo princípio que choque o bom-senso, aponta a fraude, desde que o espírito se dê por ser um espírito esclarecido", em "O livro dos médiuns".

Idéias estranhas:As mensagens publicadas no site da seita criada por Lee Carroll falam do novo acontecimento programado, segundo ele, para 2012: "Celebremos o fim do teste! As estrelas são nossas. Agora é chegado o momento de uma parte da família ir para casa, precisamente em 2012. E ele, Kryon, estará lá quando chegarmos".

Sobre questões como essa, disse Kardec: "Os bons espíritos nunca determinam datas. A previsão de qualquer acontecimento para uma época determinada é indício de mistificação", em "O livro dos médiuns".

Nos encontros do grupo, Kryon responde indagações do público que paga para ser atendido. Um adepto perguntou: "Querido Kryon, na Califórnia você nos falou que segurar pílulas na mão pode curar. Isso eliminará os efeitos colaterais? É seguro ficar segurando Prozac?". A resposta foi:"Seu corpo sabe que substância vocês estão segurando. Portanto, é possível impregnar as propriedades da intenção de usar a substância em suas células. Assim não há o efeito colateral de uma droga, por exemplo. Apenas pensem... um frasco de aspirina ou antiácidos durará anos!".

Kardec alertou: "Jamais os bons espíritos aconselham senão o que seja perfeitamente racional. Qualquer recomendação que se afaste da linha reta do bom-senso, ou das leis imutáveis da Natureza, denuncia um Espírito atrasado e, portanto, pouco merecedor de confiança", em "O livro dos médiuns".

A fragmentação de um meteoro:Outra questão intrigante proposta por um seguidor da seita é sobre o fim do mundo: "Algum planeta irá se chocar com a Terra? Irá haver extinção da raça humana?". E Kryon respondeu:"Depende do que os Humanos fizerem. Já revelamos que, antes de começar a canalizar, em 1989, o primeiro trabalho conjunto de Kryon e Lee Carroll foi fragmentar um meteoro (Myrva) que vinha, realmente, em rota de colisão com a Terra. Era um dos instrumentos das catástrofes previstas para o fim do século".

O espiritismo afirma com clareza que o mundo não será destruído fisicamente: "Não é racional se suponha que Deus destrua o mundo precisamente quando ele entre no caminho do progresso moral, pela prática dos ensinos evangélicos", em "A gênese".

Além dos milhares de dólares arrecadados pela venda de produtos, nos encontros da seita, há outra fonte de renda: os tratamentos patenteados por Peggy Phoenix Dubro, parceira de Lee Carroll.Segundo as idéias da seita, as pessoas que nasceram antes de 1987 não são índigo, mas para ganhar o direito de habitar a nova "galáxia" poderiam ter seu DNA alterado por meio do tratamento proposto por Peggy Dubro.

Eles criaram uma empresa, A Energy Extension Incorporation (Empresa de Ampliação Energética) que detém os direitos da Universal Calibration Lattice® (Malha de Calibração Universal), e também da EMF Balancing Technique® (Técnica de Equilíbrio). São tratamentos pagos aplicados nas sedes espalhadas pelo mundo (inclusive no Brasil).Acreditamos que as informações listadas são suficientes para dar uma idéia do que está por trás da obra "Crianças índigo". Quem ainda desejar conferir os volumosos livros e mensagens "canalizadas" por Lee Carrol e tudo mais sobre a seita Grupo Iluminação Kryon basta digitar "Kryon" nos sites de busca da internet.

A maquiagem na edição brasileira:As obras de Lee Carroll adotam o panteísmo, doutrina negada pelo espiritismo. Mas na edição brasileira os trechos panteístas foram alterados.

Lee Carroll, que com Jan Tober escreveu "Crianças índigo", publicou outros 11 livros. Dez deles são psicografados, com a autoria creditada ao "extraterrestre" Kryon. Esses volumosos livros trazem muitos conceitos conflitantes com a doutrina espírita.Já no primeiro, "Os tempos finais", publicado em 1990, Kryon descreve seu ensinamento panteísta: "Todos nós estamos vinculados. Eu assino Kryon, mas pertenço à totalidade. Você é uma parte de Deus. Todos somos coletivos em espírito, mesmo enquanto vocês estão encarnados na Terra".

Allan Kardec explicou essa doutrina em "O céu e o inferno": "O panteísmo propriamente dito considera o principio universal de vida e de inteligência como constituindo a Divindade. Todos os seres, todos os corpos da Natureza compõem a Divindade (...). Esse sistema não satisfaz nem a razão nem a aspiração humanas".

Constatamos, porém, um fato intrigante: todos os livros de Lee Carroll trazerem afirmações panteístas, mas na edição brasileira não há uma só frase. Assim, consultamos a edição original em inglês, "The indigo children", de 1999. Estava lá, no depoimento da psicóloga Doreen Virtue, a seguinte frase, que traduzimos: "Todas as crianças de Deus são iguais, porque todos são um só ser". A mesma frase na edição brasileira, na página 153, foi alterada para: "Todas as crianças de Deus são iguais, pois somos todos iguais".

Encontramos outra alteração na página anterior, na qual lemos a seguinte frase: "Não existem indivíduos, apenas uma ilusão de que somos diferentes". Mas a tradução da versã original é mais extensa: "Não existem indivíduos separados, apenas a ilusão de que os outros estão separados de nós mesmos". Esta reproduz o panteísmo do extraterrestre Kryon, mentor de Lee Carrol.

A constatação desse fato nos levou a folhear o livro para conferir o restante da tradução. No depoimento da reverenda Laurie Joy, na página 164 do livro brasileiro, lemos a seguinte frase: "Kathryn Elizabeth, fala sempre de seu anjo da guarda. Depois vai brincar com as outras crianças". Mas a tradução da obra original é diferente: "Kathryn Elizabeth fala sempre de seu anjo da guarda. Depois sorri, dá a mão ao anjo, e os dois vão cavar túneis na areia".

Há uma menção em "Crianças índigo" sobre os livros psicografados do "extraterreste" Kryon por Lee Carroll. Mas na tradução brasileira há uma alteração que modifica o sentido, e faz parecer que Kryon é um médium, e que nada tem a ver com Lee Carroll.

Veja: "I sent him all the Kryon books by Lee Carroll." (Versão original, p. 147).
"Enviei todos os livros de Kryon por Lee Carroll..." (Tradução correta).
"Enviei todos os do médium Kryon e Lee Carroll..." (Trecho alterado da edição brasileira, p. 162).

Peggy Dubro é uma integrante da seita "Grupo Iluminação Kryon", onde atua como médium. Os seres que dirigem o grupo teriam transmitido a ela o "tratamento magnético para alterar o DNA", denominada EMF Balancing Technique. Na versão brasileira, o fato foi alterado:"She also channeled the Phoenix Factor information, which contained the EMF Balancing Technique...". (Versão original, p. 226)
"Ela também recebeu mediunicamente a informação Phoenix Factor, que inclui a EMF Balancing Technique...". (Tradução correta).
"Desenvolveu, igualmente, a informação Phoenix Factor, que inclui a EMF Balancing Technique...". (Trecho alterado da edição brasileira, p. 243)

Na descrição do comportamento do rapaz Mark, ele demonstra o comportamento esquizofrênico de não distinguir o certo do errado. Na versão brasileira do livro Mark se torna apenas irresponsável.

"... could never see the consequences of his intended actions. He literally just did not get it. After the fact, his face would always be so blank, as if he couldn't believe he hadn't realized that what he was doing would get him into trouble." (Versão original, p. 145).
"... O problema é que não entendia as conseqüências de seus atos. Ele literalmente não compreendia. Depois do ocorrido, ficava com o rosto sem expressão, como se não acreditasse que tivesse feito algo que lhe trouxesse problemas..." (Tradução correta).
"... O problema é que não entendia as conseqüências de seus atos. Cometia erros, mas não percebia que teria que pagar por eles..." (Trecho alterado da edição brasileira, p. 161).

Paulo Henrique Figueiredo é editor da revista "Universo Espírita", que preparou o especial mensagem, sobre as crianças índigo.

As crianças índigo e o movimento espírita:Como explicar a adesão de lideranças e instituções em uma tese tão absurda.

Dora Incontri, para o Especial Mensagem

Fonte:http://www.se-novaera.org.br/

A entrada livre do movimento índigo dentro do movimento espírita brasileiro revela apenas o que os espíritas conscientes já sabem (e estes infelizmente são em muito pequeno número): nosso movimento anda longe da trilha proposta por Kardec. Entenda-se que não tomamos aqui essa trilha como um conjunto de dogmas fixos, como um sistema fechado de pensamento. O espiritismo - como queria Kardec - deve estar inserido no mundo, na cultura de seu tempo, deve dialogar com outras correntes de pensamento, deve continuar seu caminho de ciência e de pesquisa.

Mas para isto é preciso um método. A principal contribuição de Kardec foi a criação de um método de abordagem da realidade, que inclui a observação científica, a reflexão filosófica e a revelação espiritual. Esses três caminhos convergem na busca da verdade e um elemento controla o outro. Não se pode aceitar cegamente o que vem pela revelação mediúnica - é preciso passá-la pelo crivo da razão e pela análise do método científico. Aliás, somos nós, encarnados, que fazemos a ciência, e não os espíritos, que vêm apenas nos intuir, nos ajudar, sobretudo no plano moral. Uma ciência que supostamente nos viesse pronta do Além já deveria ser motivo de desconfiança e é própria de espíritos pseudo-sábios.
No caso de Lee Carrol, Jan Tober e o espírito de Kryon (que a tradução brasileira mudou para médium Kryon, quando se trata de um espírito que se afirma extra-terrestre e o Espírito mais próximo de Deus!), defrontamo-nos com uma grande mistificação, com fins comerciais, sem nenhuma racionalidade, sem nenhum critério científico... e os espíritas embarcaram gostosamente na idéia. Por quê?

Alguns certamente o fizeram de boa-fé, outros com claros interesses financeiros, porque se trata de um tema vendável, na linha de auto-ajuda descompromissada, aquela que agrada ao leitor, por trazer receitinhas prontas de como tratar um filho índigo - e muitos podem se iludir no orgulho de ter um filho de aura azul, predestinado a mudar o mundo, um mutante genético!

Os que aceitaram a idéia de boa-fé não são menos desculpáveis, principalmente em se tratando de lideranças, formadoras de opinião, que publicam livros, fazem palestras, porque deveriam ter a responsabilidade ética e intelectual de falar apenas sobre aquilo que pesquisaram em profundidade e manifestarem uma opinião abalizada sobre o assunto. Aos que fazem publicações com fins comerciais, não temos o que dizer. Kardec advertia que contra interesses não há fatos que prevaleçam.

É preciso esclarecer bem o que criticamos na questão de fins comerciais, pois temos também uma editora e podemos ser mal interpretados. É óbvio que o setor editorial espírita precisa ser profissional, movimentar dinheiro, contratar pessoas, trabalhar na base do profissionalismo e não do amadorismo. Isto também vale para uma escola, uma universidade, um empreendimento qualquer que leve o nome de espírita. Ou seja, temos pleno direito ético de vender um livro espírita (porque senão não podemos publicar outros), de cobrar um curso ou um congresso, para cobrir os custos e, inclusive, para reinvestirmos na própria divulgação do espiritismo. O que criticamos, que é próprio da mentalidade capitalista, é quando passamos o lucro na frente do ideal. Ou seja, quando traímos os princípios da doutrina espírita, publicamos qualquer coisa, para ganhar dinheiro, fazemos qualquer negócio, para obter dividendos e buscamos com isso enriquecimento pessoal.

É isso o que o capitalismo preconiza: lucro acima de tudo e princípios éticos totalmente descartáveis e secundários. A qualidade de um produto, as responsabilidades social, ideológica, moral ficam subordinadas ao desejo de venda fácil. As editoras espíritas que trabalham seriamente, com cultura e livros de conteúdo, sabem o quanto é preciso se sacrificar para manter bem alto o ideal!

A falta do espírito crítico:

O outro aspecto comprometedor que afasta o movimento espírita do rumo de Kardec é a ausência de criticidade, debates e exame livre das questões. Quando surgem às vezes alguns críticos, cometem o deslize que discutir pessoas, ao invés de discutir idéias. Mas a grande maioria, acostumada à cultura do "brasileiro cordial", acrescida pelo estereótipo de "espírita caridoso", não está habituada a nenhum exercício de crítica construtiva. Considera-se que crítica é falta de caridade.

Ora, Kardec, nos 12 volumes da "Revista espírita", estabelecia um debate eloqüente, ardido e, muitas vezes, usando aquele fino espírito francês de ironia, para colocar-se ante adversários e para esclarecer questões polêmicas. Não que transformasse as páginas da "Revista" em arena de combate, mas não deixava de exercitar o saudável espírito da análise crítica, inclusive como instrumento de construção do conhecimento espírita.

Todos os grandes pensadores agiram assim. Basta lembrar Sócrates, com sua fina ironia, debatendo com os sofistas; basta rememorar Descartes, com seu método racionalista, desmontando a teologia jesuítica. Toda a história do pensamento humano constitui-se no debate de idéias.

Quando a discussão é implicitamente proibida, cria-se o autoritarismo disfarçado, a idolatria por líderes, que passam a pontificar sem nenhum questionamento, dominando as consciências, e não há progresso e nem liberdade de pensamento.

É isso o que se vê no meio espírita atualmente. Qualquer pessoa pode publicar, falar, pontificar o que for, e ninguém rebate uma vírgula, ninguém faz uma objeção. Por isso, multiplicam-se os absurdos e estamos imersos numa avalanche de frivolidades.

Enquanto não aprendermos a debater sem melindres, a discutir idéias sem paixões pessoais, a criticar construtivamente e a exercitar o livre-exame (que já Lutero propunha há 500 anos), não teremos um movimento espírita esclarecido e progressista, que não engula mistificações tão grosseiras como essa das crianças índigo. Obviamente que só é possível criticar construtivamente a partir de um conhecimento aprofundado das questões. Para isso, é preciso estudar Kardec e procurar sempre ampliar o horizonte cultural.

Crianças índigo: o que é isso?

Liz Bittar
Publicado em 17 de junho de 2007

Em Junho de 2007 tive acesso ao Jornal "A Mensagem", com artigos de Paulo Henrique de figueiredo, Dora Incontri, Franklin Santana Santos e Heloísa Pires sobre as crianças índigo.

O tema me chamava atenção, mas até então eu não conhecia muito a esse respeito.

A partir da leitura do jornal, decidi fazer uma intensa pesquisa, e cheguei às conclusões que relato a seguir:

CRIANÇAS ÍNDIGO, O QUE É ISSO?
Em novembro de 1978, sob o comando do reverendo norte-americano Jim Jones, 914 seguidores da seita Templo do Povo foram forçados a beber uma mistura de suco de laranja, cianureto e analgésicos. Nas crianças, a solução foi injetada com seringas. Passados quase 30 anos, ainda nos lembramos do ocorrido com espanto e repulsa.Mas quem era este homem, que conseguiu arrebanhar uma multidão de crédulos, que o seguiam sem questionar?

Nascido nos Estados Unidos, Jones começou a fundar seitas religiosas evangélicas na década de 50 na Califórnia e, no fim dos anos 60, os diversos grupos por ele formados foram unificados no denominado Templo do Povo. Sua religião pregava o desenvolvimento da força moral e o desapego dos bens materiais - que eram convenientemente "transferidos para Deus" ou, em outras palavras, encaminhados para a igreja de Jones. Em 1970, a sede da seita foi transferida para São Francisco, onde Jones se tornou um político influente. Com o enorme crescimento de sua seita evangélica, e o conseqüente aumento de poder econômico, resultado das doações dos fiéis, Jones chegou a possuir emissoras de rádio e televisão, o que lhe permitiu mais meios de manipular a opinião pública, arrebanhando mais fiéis, e mais dinheiro. Em 1976, Jones foi acusado de obrigar seus seguidores a transferir propriedades para a igreja, torturando os que hesitavam em fazê-lo. Com as autoridades atrás dele, percebendo que teria que prestar contas de sua não tão santa igreja, Jones decidiu mudar-se para a Guiana, arrastando consigo cerca de mil fiéis.

Apesar de tantos "indícios" de conduta, no mínimo, duvidosa, Jones conseguiu tornar-se unanimidade entre seus seguidores. Suas atitudes não eram questionadas, suas excentricidades explicadas pelo fato dele ser um "ser superior", com "conhecimentos só dado a poucos", e ter uma "Missão Maior" na Terra. Essas e outras alegações absurdas explicavam, a quem não tinha olhos de ver e ouvidos de ouvir, as muitas aberrações praticadas e promovidas pelo pastor.

Hoje, passados quase 30 anos do ocorrido, as pessoas, abismadas, se perguntam: Será possível que ninguém enxergava quem esse pastor realmente era? Um homem perturbado, ambicioso, orgulhoso, sem um passado ilibado, de impecável conduta ética e moral, que pudesse abalizar seu pseudo-sacerdócio. Qualquer um que leia sobre a "vida e obra" de Jim Jones, se pergunta como é possível que seus seguidores não se apercebessem dos absurdos que ele pregava, fazendo-os abandonar seus lares, familiares, trabalho e uma vida produtiva, para segui-lo e servi-lo.

Infelizmente, oportunistas mistificadores conseguem enganar milhares de pessoas, com uma freqüência maior do que imaginamos - e ainda nos dias de hoje! Pessoas ávidas por resultados milagrosos que não exijam empenho pessoal nem transformação moral, se entregam de corpo e alma às mais bizarras teorias, esperando uma cura de fora pra dentro. Essas pessoas acham mais fácil acreditar numa solução mágica, do que se empenharem na reforma interior, para que o verdadeiro milagre aconteça, de dentro pra fora.

Nos últimos anos, lamentavelmente com espantosa repercussão, (muito maior do que o bom senso aconselharia), um novo coro de vozes se ergue, oferecendo milagres instantâneos e iluminação interior a preços módicos, em dólar. Desde 1991 o "Grupo Iluminação Kryon" vê suas contas bancárias atingirem níveis estratosféricos, às custas, aliás, de um ET, convenientemente importado da estratosfera para saciar a cobiça desenfreada dos fundadores da seita, Lee Carroll e sua ex-esposa Jan Tober, nos seus desvarios por fama e dinheiro.

O ET, ou a galinha dos ovos de ouro, é uma "entidade extraterrestre que se identificou pelo nome de Kryon", em missão na Terra junto ao "predestinado" Carroll. O site oficial da seita afirma, sem qualquer pudor, que "Kryon é o mais evoluído ser de luz a que a Terra jamais teve acesso". Ou seja: segundo esses lunáticos, o ser mais puro que já apareceu na Terra não é Jesus, mas sim Kryon.

No país das celebridades hollywoodianas, cujos modelos oferecidos aos adolescentes são personagens como Britney Spears, Michael Jackson e Paris Hilton, Kryon não deixa nada a desejar. Nem os mais criativos mestres do cinema fantasia, como Spielberg e seu ET e George Lucas e sua Guerra nas Estrelas, puderam imaginar uma estória tão surreal. Kryon, através do seu porta-voz terrestre, o "iluminado" Carroll, se declara "proveniente do `Sol Central', com a função primordialmente técnica ligada ao serviço eletromagnético. Foi enviado por um grupo de `Mestres Extrafísicos', chamado `A Irmandade'. Veio para `reordenar a rede magnética planetária', visando uma série de mudanças magnéticas no eixo da Terra, que se encerrará no ano de 2012."

Aquele que modestamente se intitula "o ser mais elevado que já apareceu na Terra" nos traz outras pérolas: "Os seres humanos que vivem na Terra eram anjos muito evoluídos, que assinaram um contrato para vivenciar uma experiência humana no Planeta Terra, motivo pelo qual seríamos honrados e celebrados em todo o Universo". Comprovadamente, o orgulho se compraz de tudo que o glorifique. Segundo este "ser evoluído", nós humanos, falíveis, providos de inveja, ciúme, cobiça, maledicência, preguiça, avareza, luxúria, muitas vezes incapazes de perdoar, esquecer, relevar, somos, na verdade "anjos muito evoluídos, honrados e celebrados em todo o Universo".

Mas a grande sacada comercial do "sensitivo" Carroll não foi descobrir um ET de estimação. A mina de ouro está mesmo na absurda teoria das "crianças índigo", que já lhe rendeu a publicação de 12 livros, com edições traduzidas para 23 idiomas, e mais de um milhão de exemplares vendidos. As revelações do "iluminado Kryon", contidas nas obras supostamente "psicografadas" pelo "sensitivo" Carroll, não têm nenhum embasamento científico, nem qualquer compromisso com conceitos morais e éticos. Aparentemente, as crianças índigo estão "acima" disso. Me explico: Kryon, do alto de seu Saber, afirma que "desde 1987 estariam nascendo crianças com o `DNA alterado', que se tornarão uma nova raça que irá habitar uma galáxia que está sendo criada a 12 bilhões de anos luz da Terra."

Até aí, nada tão grave, pensarão alguns. Afinal de contas, quantos de nós já não se perguntam se os nossos políticos não terão, de alguma forma, o DNA alterado, pra fazer o que fazem. Mas esses seres mutantes têm características especiais: Segundo o best-seller Crianças Índigo, publicado nos Estados Unidos em 1999, e em 2005 no Brasil, essas crianças "nascem, sentem-se e agem com realeza. (.) Conseguem inverter as situações, manipulando ao invés de serem manipuladas, especialmente seus pais.(.) Não se relacionam bem com pessoa alguma que não seja igual a elas. (.) Alguns têm propensão ao vício, especialmente drogas durante a adolescência". Ainda segundo esta absurda teoria, as crianças índigo teriam parte de seu DNA "mais ativado" que a maioria das pessoas. Essa ativação "extra" lhes permitiria acessar informações de uma dimensão espiritual superior, dando-lhes consequentemente, habilidades especiais, ou textualmente: "São crianças espetaculares. Elas estão chegando para ajudar na transformação social, educacional, familiar e espiritual de todo o planeta, independente das fronteiras e de classes sociais. São como catalisadores para desencadear as reações necessárias para as transformações. Elas possuem uma estrutura cerebral diferente no tocante ao uso de potencialidades dos hemisférios esquerdo (menos) e direito (mais). Isso quer dizer que elas vão além do plano intelectual, sendo que no plano comportamental está o foco do seu brilho. Elas exigem do ambiente em volta delas certas características que não são comuns ou autênticas nas sociedades atuais".

A "vidente" Nancy Ann Tappe, que diz possuir uma "habilidade" de enxergar e classificar a personalidade das pessoas segundo a cor de suas auras, afirma que essas crianças especiais possuem a aura azul, com predominância da tonalidade índigo, o que deu origem ao termo. Citada em Crianças Índigo como a primeira a supostamente reconhecer a "aura azul" dessas crianças "especiais", ela afirma, sem medo:

"Todas as crianças que mataram colegas de escola ou os próprios pais, com as quais pude ter contato, eram índigos. Eles tinham uma visão clara de sua missão, mas algo entrou em seu caminho e elas quiseram se livrar do que imaginavam ser o obstáculo. Trata-se de um novo conceito de sobrevivência. Todos nós possuímos esse tipo de pensamento macabro quando crianças, mas tínhamos medo de colocá-lo em prática. Já, os índigos não têm esse tipo de medo".

Segundo a teoria das crianças índigo, os adolescentes desajustados, com sérios problemas de adequação social, muitos deles portadores de graves patologias, são, na verdade, "seres escolhidos" que têm "uma missão" junto a nós. Esse "novo conceito de sobrevivência" defende abertamente a lei do mais forte, sem qualquer implicação moral.

Mas conceitos "pueris", como moralidade, não vendem nem deixam ninguém rico. A cuidadosa construção de um cenário absurdamente fantasioso, sob bases pseudo-científicas, é uma verdadeira mina de ouro para seus inconseqüentes fundadores. Sob a alegação que "o DNA do índigo é diferenciado e composto de substâncias químicas que estão sendo identificadas, e também de substâncias não químicas que completam 12 hélices", a seita ensina que "o único fator que frequentemente impede o desenvolvimento do índigo na sua plenitude - além da desinformação generalizada - são os resíduos genéticos dos pais, que se misturam, ainda, com as características do novo código, próprio de uma nova evolução em andamento. Quanto maior for a influência genética, maiores serão os obstáculos que as crianças terão para desenvolver o seu `DNA capacitado'. Isto requer a intervenção de um profissional que oriente o índigo, sua família e seus professores".

Perceberam a mina de ouro? Não?

Os encontros do Grupo Iluminação Kryon, onde é possível consultar-se "pessoalmente" com Kryon por meio de seu porta-voz terráqueo, Lee Carroll, reúnem platéias pagantes de 3 mil pessoas na Europa e Estados Unidos. Nesses encontros, a venda de livros, filmes, souvenirs e bijuterias engordam ainda mais os bolsos dos "mensageiros da nova era". Já os "profissionais capacitados a orientar o índigo, sua família e seus professores" alimentam uma outra muito rentável atividade: Em parceria com Peggy Phoenix Dubro, Lee Carroll fundou a Energy Extension Incorporation (Corporação para Ampliação Energética) para - pasmem - modificar o DNA de pessoas que não são índigo, mas que querem ganhar o direito de habitar a "nova galáxia". Isso mesmo! Eles cobram por um serviço de "energização especial" para simplesmente "modificar o DNA" das pessoas. Ao que tudo indica, a empreitada teve tanto êxito, que gerou mais duas empresas, a Universal Calibration LatticeÒ (Malha de Calibração Universal) e a EMF Balancing TechniqueÒ (Técnica de Equilíbrio EMF - seja lá o que isso signifique!!) Essas empresas promovem tratamentos pagos aplicados em suas sedes espalhadas pelo mundo, inclusive no Brasil, em São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Jundiaí.

Suas atividades no Brasil estão a pleno vapor, anunciando a "vinda do Amado Mestre encarnado Lee Carroll ao Brasil, em 2008." Os adeptos brasileiros têm se mostrado bastante atuantes no sentido de espalhar a "boa nova", e angariar fundos para a redenção dos "escolhidos" (leia-se: pagantes). Oferecem doses de "iluminação" mediante o que eles chamam de "investimento". Um deles é o "Seminário Ativação para a Ascensão", que é "um contato intergaláctico ao participante. Conduzido pelo seu Eu Divino, o participante que intenciona fazer na Terra o seu contrato de vida, tem esta oportunidade de estar em contato com os Mestres de Luz". Para esta iluminação em particular, o "investimento" é de duzentos reais por pessoa. Nos muitos sites do Grupo no Brasil, podemos ler mensagens de Kryon conjuntamente com o que ele chama de "Comando Estelar de Ascensão da Terra."

Outras afirmações do "iluminado" Kryon, em resposta ao público pagante por intermédio do seu porta-voz Carroll, podem ter efeitos ainda mais devastadores: Ele afirma que "segurar pílulas com a mão pode curar, eliminado assim os efeitos colaterais das drogas." São palavras dele: "Seu corpo sabe que substância vocês estão segurando, portanto, é possível impregnar as propriedades da intenção de usar a substância em suas células. Assim, não há o efeito colateral de uma droga, por exemplo. Apenas pensem: um frasco de aspirina ou antiácidos durará anos!"

Os desvarios da dupla dinâmica Kryon/Carroll aparentemente não têm limites. Kryon, apenas "o mais evoluído ser de luz a que a Terra jamais teve acesso", elevou o seu intérprete Carroll à condição de salvador do Planeta, ao afirmar categoricamente que "o primeiro trabalho conjunto realizado por Kryon e Lee Carroll foi fragmentar um meteoro (Myrva) que vinha em rota de colisão com a Terra. Era um dos instrumentos das catástrofes previstas para o fim do século", mas que a dupla conseguiu evitar. Não pensem que Carroll sirva-se disso para se auto-promover, pois ele tem a conveniência de ser apenas o "porta-voz" da energia Superior, vulgo Kryon, que ele "canaliza".

E, finalmente, para se ter uma lucrativa vida sobre a Terra, e não ter problemas com os moralistas de plantão, há que se fazer isso desmerecendo o principal concorrente na esfera de poder: Deus. Isso mesmo. Para tirar Deus e tudo o que Ele significa do seu caminho, a seita simplesmente optou por negar Sua existência, adotando o panteísmo e usando palavras-chave como "energia superior". O raciocínio é simples: sem poder ser Deus, o melhor a fazer é reduzir Sua importância e aumentar a nossa, afirmando que somos "parte" Dele. Segundo Kryon, "todos os seres do Universo são parte de um todo, e as individualidades são apenas ilusões". Em Os Tempos Finais, publicado em 1990, Kryon ensina que "todos nós estamos vinculados. Eu assino Kryon, mas pertenço à totalidade. Você é uma parte de Deus. Todos somos coletivos em espírito, mesmo enquanto vocês estão encarnados na Terra".

O "ser mais elevado a que a Terra jamais teve acesso", não podendo ser Deus, apresenta-se como "parte dele", e desvincula-se totalmente de quaisquer ensinamentos morais. Desta forma, é possível fazer comércio sem culpa.

Não são poucos e nem desconhecidos os efeitos devastadores dessas seitas estranhas que, de tempos em tempos, arrastam multidões de pessoas necessitadas de luz. Na era da internet, a informação chega em tempo real aos quatro cantos do mundo, mas é uma informação fragmentada, e poucos se ocupam de pesquisar e descobrir o que há por trás de um discurso envolvente.

Pais orgulhosos e relapsos, sem tempo ou vocação para se dedicar aos filhos, encontram, assim, uma explicação para os desajustes ocasionados pela falta de amor, de diálogo e de exemplos: São "crianças azuis". São violentas, desequilibradas, mas são "especiais", com a "missão" de trazer uma "nova forma de sobrevivência".

Esses pais não percebem que o que está alterado nessas crianças pode não ser o DNA, mas talvez o excesso de facilidades materiais, a falta de valores morais e de exemplos sólidos. Quando não há coerência entre discurso e ação, os pais não podem reclamar de não serem ouvidos por seus filhos...

Diz "O evangelho segundo o espiritismo" que "o orgulho é indulgente para tudo quanto o agrada". Então, ser parte de Deus significa não ser submisso a ele, e não precisar seguir preceitos morais, verdadeiros entraves à obtenção do prazer instantâneo e das facilidades imediatas, que não implicam em grandes esforços de nossa parte.

Os filhos problema agora são "especiais", têm a aura azul e enxergam além.

É mesmo mais fácil maquiar a realidade, já que não se consegue lidar com ela. É mais fácil pagar do que fazer, e esperar que a felicidade, a paz de espírito e a iluminação interior lhes sejam entregues numa bandeja, graças ao esforço e ao trabalho dos outros.

Homens sem fé, terão o que procuram. Enquanto o homem não entender que a mudança começa aqui e agora, dentro de cada um, na sua pequena esfera de atuação, dentro de seus lares, no ambiente de trabalho e no convívio social, essas seitas proliferarão, e os cegos condutores de cegos enriquecerão, para encontrar justiça somente do outro lado da vida. E a tal mudança, comprada a peso de ouro, pode não ser o que o vendedor anunciou.

Mudar a si mesmo é muito mais difícil do que mudar os outros. Para mudar os outros basta ter uma visão tosca da realidade, e a ilusão de que um discurso vazio é o suficiente para ecoar na consciência de quem pretendemos atingir.

Mas mudar a si mesmo não é tarefa fácil. Moramos dentro de nós, e nos confrontamos incessantemente com nossas fraquezas, nossos vícios, nossos sentimentos inferiores e recalques. Alguns tentam libertar-se disso buscando outras galáxias, e a promessa de que um dia, em algum lugar, de alguma maneira, num passe de mágica, todas as dores serão aplacadas, e seremos finalmente aqueles "seres especiais" que desejamos ser. Tudo sem esforço. Num estalar de dedos - e alguns dólares, pra pagar o profeta dos novos tempos.
Fontes:
1. Crianças Índigo, Lee Carrol e Jan Tober.
2. Educando Crianças Índigo, de Egidio Vecchio.
3. Sites Farol de Luz, Grupo Kryon Brasil, Site Oficial Kryon, Casa Índigo, Crianças Índigo, Flor da Vida, Indigo Child, Caminhos de Luz sobre Crianças Índigo e Crianças Cristal, Somos Todos Um, Great Dreams, Indigo Kinder, Peregrina.
4. Crianças Índigo, uma geração de ponte com outras dimensões, de Tereza Guerra.
5. Artigos de Paulo Henrique de Figueiredo, Dora Incontri e Frankin Santana Santos para o Jornal Mensagem.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Joanna vive experiência mediúnica?

Uma História Sobrenatural

Sábado, 2 de Agosto de 2008 Por Amaury Jr.

Com receio de ser mal interpretada pela mídia, que poderia tratar o assunto de modo sensacionalista, como se fosse um apelo em busca de visibilidade, a cantora Joanna resolveu esconder uma de suas experiências mais fascinantes, vivida durante um show em Belém do Pará.Quem conhece Joanna bem sabe que seu escrúpulo jamais permitiria algo dessa natureza para ludibriar o público, até porque o sucesso da cantora é mais que suficiente sem a mínima necessidade de apelos e trapaças.

Normalmente Joanna não consegue enxergar quem está na platéia, o que é comum à maioria que enfrenta no palco os “spotlights” que ofuscam a visão. Mas nessa noite foi diferente. Ela conseguia, sim, enxergar, com nitidez, apenas uma pessoa. Era a figura de um jovem de singular beleza, que chamava a atenção por usar bandagens na cabeça, parecia um vistoso turbante. E o jovem sorria o tempo todo.

Joanna contou depois de encerrado o show que não conseguia desviar o olhar daquele homem, algo a impelia a cantar especialmente para ele.

No camarim, como sempre lotado de amigos e admiradores, Joanna então perguntou:- Quem era o rapaz de turbante na platéia? Ninguém soube responder, porque ninguém o havia notado.

Joanna: - Impossível. Ele estava na primeira fila e com aquele turbante era impossível não percebê-lo.

Intrigada, passou a descrevê-lo com detalhes, quando foi observando algumas pessoas da cidade se entreolhando, algumas boquiabertas.

Era a descrição exata da fisionomia de um eletricista de Belém que havia morrido eletrocutado em acidente de trabalho, poucas semanas antes do show. Fã ardoroso de Joanna, alguém lembrou que tinha sido ele um dos primeiros a procurar o teatro para garantir que não ficasse sem ingresso. Era seu sonho assisti-la.

O assunto era instigante demais. Mandaram chamar os pais do rapaz no dia seguinte trazendo uma foto do filho. Joanna quase desfaleceu. Era o próprio. Ficou sabendo de sua excitação desde quando anunciaram o show em Belém.

Católica e muito espiritualizada, ela tem absoluta certeza que viveu uma experiência mediúnica.

Detalhe: a família cuidou para que o filho fosse velado convenientemente. O choque elétrico de alta tensão que o matou castigou sua cabeça, queimando-a inteira, e ela foi coberta com uma atadura, parecendo um turbante.

PERGUNTAS E PROBLEMAS


Sobre a expiação e a prova.

Moulins,8dejulhode1863.

Senhor e venerável mestre,

Venho submeter à vossa apreciação uma questão que foi discutida em nosso pequeno
grupo e que não pudemos resolver por nossas próprias luzes; os próprios Espíritos,
que consultamos, não responderam bastante categoricamente para nos tirar da dúvida.

Redigi uma pequena nota, que tomo a liberdade de vos endereçar, nas quais reuni os
motivos de minha opinião pessoal, que difere da de vários de meus colegas. A opinião
destes últimos é de que a expiação tem lugar mesmo durante a encarnação, apoiando-se
sobre o fato de que esta expressão foi empregada em muitas comunicações, e notadamente
em O Livro dos Espíritos.

Venho, pois, vos rogar serdes bastante bom para nos dar a vossa opinião sobre esta
questão. Vossa decisão será lei para nós, e cada um de nós fará de boa vontade o sacrifício
de sua maneira de ver para se alinhar sob a bandeira que plantastes e que sustentais
de maneira tão firme e tão sábia.

Recebei, senhor e caro mestre, etc.

"T. T."

'Várias comunicações, emanando de Espíritos diferentes, qualificam indistintamente
de expiações ou de provas, os males e as tribulações formando o destino de cada um de
nós, durante nossa encarnação sobre esta Terra. Resulta dessa aplicação de duas palavras,
muito diferentes em seu significado, a uma mesma idéia, a uma certa confusão,
pouco importante, sem dúvida, para os Espíritos desmaterializados, mas que dá lugar,
entre os encarnados, a discussões que seria bom fazer cessar por uma definição clara e
precisa e explicações fornecidas pelos Espíritos superiores, as quais fixariam este ponto
de doutrina, de modo irrevogável.

'Tomando primeiro essas duas palavras em seu sentido absoluto, parece que a expiação
seria o castigo, a pena imposta para o resgate de uma falta, com perfeito conhecimento,
da parte do culpado punido, da causa desse castigo, quer dizer, da falta a expiar.

Compreende-se que a expiação, neste sentido, é sempre imposta por Deus.

"A prova não implica nenhuma idéia de reparação, pode ser voluntária ou imposta,
mas não é a conseqüência rigorosa e imediata das faltas cometidas.

"A prova é um meio de se constatar o estado de uma coisa para reconhecer se ela é
de boa qualidade. Assim, faz-se sofrer uma prova a um cordame, a uma ponte, a uma
peça de artilharia, não por causa de seu estado anterior, mas para assegurar-se de que
são próprios para o serviço ao qual estão destinados.

"Do mesmo modo, por extensão, chamam-se provas da vida, o conjunto dos meio físicos
e morais que revelam a existência, ou a ausência, das qualidades da alma, que estabelecem
sua perfeição ou os progressos que fez para essa perfeição final.

Parece, pois, lógico admitir-se a expiação propriamente dita, e no sentido absoluto
dessa palavra, ocorre na vida espiritual depois da desencarnação ou morte corpórea; que
pode ser mais ou menos longa, mais ou menos penosa, segundo a gravidade das faltas;
mas que ela se completa no outro mundo e termina sempre por um ardente desejo de
receber uma nova encarnação, durante a qual as provas escolhidas ou impostas deverão
dar à alma o progresso para a perfeição que suas faltas anteriores impediram de se cumprirem.

"Assim, pois, não conviria admitir que há expiação sobre a Terra, mesmo que ela
possa existir excepcionalmente, porque seria preciso admitir também o conhecimento das
faltas punidas; ora, esse conhecimento não existe senão na vida de além-túmulo. A expiação
sem esse conhecimento seria uma barbárie sem utilidade e não concordaria nem
com a justiça nem com a bondade de Deus.

"Pode-se conceber, durante a encarnação, quanto de provas, porque, quaisquer que
sejam os males e as tribulações desta Terra, é impossível considerá-los como podendo
constituir uma expiação suficiente para faltas de qualquer gravidade. Pensa-se que um
culpado deferido à justiça dos homens se encontraria bem punido se fosse condenado a
viver como o menos feliz de nós? Não exageremos, pois, a importância dos males desta
Terra para nos fazer um mérito o tê-los suportado. A prova consiste mais na maneira pela
qual os males foram suportados do que em sua intensidade que, como a felicidade terrestre,
é sempre relativa para cada indivíduo.

"Os caracteres distintivos da expiação e da prova são que a primeira é sempre imposta
e que sua causa deve ser conhecida daquele que a suporta, ao passo que a segunda
pode ser voluntária, quer dizer, escolhida pelo Espírito, ou imposta pelo próprio
Deus, na falta de escolha; além disso, concebe-se muito bem sem causa conhecida, uma
vez que ela não é, necessariamente, a conseqüência das faltas passadas.

"Em uma palavra: A expiação cobre o passado; a prova abre o futuro.

"O número de julho da Revista Espírita contém um artigo intitulado: Expiação terrestre,
que parece contrário à opinião emitida acima; no entanto, lendo atentamente, ver-se-á
que a expiação verdadeira ocorreu durante a vida espírita, e que a posição que Max ocupou
durante sua última encarnação não era senão o gênero de provas que escolheu ou
que lhe foi imposto, e do qual saiu vitorioso; mas que, durante toda essa encarnação, ignorante
de sua posição anterior, não podia aproveitar nada de uma expiação sem objeto.

"Esta questão, talvez, seja antes uma questão de palavras do que de princípio. Com
efeito, foi dito freqüentemente: "Não vos ligueis às palavras, vede o fundo do pensamento."

Em todos os casos, convém, para nós, que nos entendamos no meio das palavras, de
estar bem fixados sobre o sentido que a elas se dá."

Resposta. - A distinção estabelecida pelo autor da notícia acima, entre o caráter da
expiação e o das provas é perfeitamente justa, e, no entanto, não saberíamos partilhar
sua opinião no que concerne à aplicação dessa teoria à situação do homem sobre a Terra.

A expiação implica necessariamente a idéia de um castigo mais ou menos penoso,
resultado de uma falta cometida; a prova implica sempre a de uma inferioridade real ou
presumida, porque aquele que chegou ao ponto culminante, ao qual aspira, não tem mais
necessidade de provas. Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, quer dizer
que a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta
para obter um grau, sofre uma prova; se fracassa, lhe é preciso recomeçar um trabalho
penoso; esse novo trabalho é a punição da negligência levada no primeiro; a segunda
prova torna-se assim uma expiação. Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento
ou uma comutação conduzindo-se bem, a pena é, ao mesmo tempo, uma expiação
por sua falta, e uma prova para a sua sorte futura; se, em sua saída da prisão, não
estiver melhor, a prova é nula, e um novo castigo trará uma nova prova.

Se consideramos agora o homem sobre a Terra, vemos que ele aqui sofre males de
todas as espécies e freqüentemente cruéis; esses males têm uma causa; ora, a menos de
atribuí-las ao capricho do Criador, é-se forçado a admitir que essa causa está em nós
mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser o resultado de nossas
virtudes; portanto, elas têm sua fonte em nossas imperfeições. Que um Espírito se encarne
sobre a Terra no seio da fortuna, das honras e de todos os gozos materiais, poder-se-á
dizer que sofre a prova do arrastamento; para aquele que cai na infelicidade por sua má
conduta ou sua imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais, e pode-se dizer que é
punido por onde pecou. Mas que se dirá daquele que, desde seu nascimento, luta com as
necessidades e as privações, que arrasta a existência miserável e sem esperança de melhoria,
que sucumbe sob o peso de enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente
nada feito para merecer uma semelhante sorte? Que isso seja uma prova ou uma expiação,
a sua posição não é menos penosa, e isso não seria mais eqüitativo do ponto de vista
de nosso correspondente, uma vez que se o homem não se lembra da falta, não se
lembra mais de ter escolhido a prova. É preciso, pois, procurar em outra parte a solução
da questão.

Todo efeito tendo uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma
causa; se essa causa não está na vida atual, deve estar na vida anterior. Além disso, admitindo
a justiça de Deus, esses efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima
com os atos precedentes, dos quais são, ao mesmo tempo, o castigo pelo passado, e a
prova para o futuro. São expiações nesse sentido de que são a conseqüência de uma
falta, e provas em relação ao proveito que dela se retira. A razão nos diz que Deus não
pode ferir um inocente; portanto, se somos feridos, é que não somos inocentes: o mal que
sentimos é o castigo, a maneira pela qual o suportamos, é a prova.

Mas ocorre, freqüentemente, que, a falta não se achando nesta vida, acusa-se a justiça
de Deus, nega-se sua bondade, duvida-se mesmo de sua existência; aí, precisamente,
está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a divindade. Quem admite um Deus soberanamente
justo e bom deve-se dizer que ele não pode agir senão com sabedoria,
mesmo nesse caso que não compreendemos, e que se sofremos uma pena, é que a merecemos;
portanto, é uma expiação. O Espiritismo, pela revelação da grande lei da pluralidade
das existências,- levanta completamente o véu sobre o que essa questão deixava
de obscuro; nos ensina que, se a falta não foi cometida nesta vida, o foi em uma outra, e
que assim a justiça de Deus segue seu curso nos punindo por onde nós pecamos.

Vem em seguida a séria questão do esquecimento que, segundo nosso correspondente,
dá aos males da vida o caráter de expiação. É um erro; dai-lhe o nome que quiserdes,
não fareis que não sejam a conseqüência de uma falta; se o ignorais, o Espiritismo
vo-lo ensina. Quanto ao esquecimento das próprias faltas, não tem as conseqüências que
lhe atribuís. Demonstramos em outra parte que a lembrança precisa dessa faltas traria
inconvenientes extremamente graves, em que isso nos perturbaria, nos humilharia aos
nossos próprios olhos e aos de nossos próximos; que nos traria uma perturbação nas relações
sociais, e que, por isso mesmo, entravaria nosso livre arbítrio. De um outro lado, o
esquecimento não é tão absoluto quanto se supõe; não ocorre senão durante a vida exterior
de relação, no próprio interesse da Humanidade; mas a vida espiritual não tem solução
de continuidade; o Espírito, seja na erraticidade, seja em seus momentos de emancipação,
se lembra perfeitamente, e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz
pela voz da consciência que o adverte do que deve fazer ou não fazer; se não a escuta, é,
pois, culpado. O Espiritismo dá, além disso, ao homem um meio de remontar ao seu passado,
senão nos atos precisos, pelo menos nos caracteres gerais desses atos que pesaram
mais ou menos sobre a vida atual. Das tribulações que sofre, expiações ou provas,
deve concluir que foi culpado; da natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de
suas tendências instintivas, e apoiando-se sobre o princípio de que a punição mais justa é
aquela que é a conseqüência de sua falta, pode deduzir disso seu passado moral; suas
más tendências lhe mostram o que resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para
ele um novo ponto de partida; aqui chega rico ou pobre de boas qualidades; basta-lhe,
pois, estudar a si mesmo para ver o que lhe falta, e se dizer: "Se sou punido, é que pequei,"
e a própria punição lhe ensinará o que fez. Citemos uma comparação:

Suponhamos um homem condenado aos trabalhos forçados por tantos anos e nisso
sofrendo um castigo especial, mais ou menos rigoroso, segundo sua falta: suponhamos,
além disso, que, entrando na prisão, perde a lembrança dos atos que ali o conduziram;
não se poderá dizer: "Se estou na prisão, é que fui culpado, porque aqui não se colocam
as pessoas virtuosas; portanto, tratemos de nos tornar bons para não reentrar aqui quando
dela tivermos saído." Quer saber o que fez? Estudando a lei penal, saberá quais são
os crimes que para lá o conduzirão, porque não se é posto a ferro por uma travessura; da
duração e da severidade da pena, disso concluirá o gênero daqueles que deveu cometer;
para deles ter uma idéia mais exata, não terá senão que estudar aqueles para os quais se
sente instintivamente, arrastado; saberá, pois, o que deve evitar doravante para conservar
sua liberdade, e nisso será mais estimulado pelas exortações dos homens de bem, encarregados
de instruí-lo e de dirigi-lo no bom caminho. Se disso não se aproveita, sofre-lhe
as conseqüências. Tal é a situação do homem sobre a Terra, onde, não mais do que o
condenado à prisão não pode estar colocado por suas perfeições, uma vez que ali é infeliz
e forçado ao trabalho. Deus lhe multiplica os ensinamentos proporcionais ao seu adiantamento;
adverte-o, sem cessar, fere-o mesmo para despertá-lo de seu torpor, e aquele
que persiste em seu endurecimento não pode se desculpar sobre sua ignorância.

Em resumo, se certas situações da vida humana têm, mais particularmente, o caráter
de provas, outras têm, incontestavelmente, o do castigo, e todo castigo pode servir de
prova.

É um erro crer que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposto; vemos todos
os dias na vida expiações voluntárias, sem falar dos monges que se maceram e se
fustigam com a disciplina e a camisa de pele de cabra. Não há, pois, nada de irracional
em admitir que um Espírito, na erraticidade, escolha ou solicite uma existência terrestre
que o coloque de modo a reparar seus erros passados. Fosse essa existência mesmo
imposta, por isso não seria menos justa, apesar da ausência momentânea de lembrança,
pelos motivos acima desenvolvidos. As misérias deste mundo são, pois, expiações pelo
seu lado efetivo e material, e provas pelas suas conseqüências morais. Qualquer que seja
o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: a melhoria. Em presença de um
objetivo tão importante, seria pueril fazer uma questão de princípio de uma questão de
palavra; isso provaria que se liga mais importância às palavras do que à coisa.

Temos o prazer de responder às perguntas sérias e elucidá-las, quando isso é possível.
Tanto a discussão é útil com as pessoas de boa fé, que estudaram e querem aprofundar
as coisas, porque é trabalhar para o progresso da ciência, tanto é ociosa com aqueles
que julgam sem conhecer e querem saber sem se darem ao trabalho de aprender.
Revista Espírita, setembro de 1863, Allan Kardec

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