quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

As colônias são plausíveis??

As colônias as quais me refiro são aquelas descritas em diversos romances mediúnicos e quanto ao questionamento feito é para que possamos à luz da doutrina espírita refletir se a existência delas é algo razoável ou admissível.

Estas colônias são em geral descritas como um local circunscrito, muitas vezes com a presença de muralhas e portões, onde vivem diversos espíritos bons e medianos mas com o desejo sempre do bem.


Quanto a isto, Kardec perguntou na seguinte questão do O Livro dos Espíritos “1.011. Um lugar circunscrito no Universo está destinado às penas e aos gozos dos Espíritos, segundo os seus méritos?”, eis que os espíritos respondem: “Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição do Espírito. Cada um traz em si mesmo o princípio de sua própria felicidade ou infelicidade. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado se destina a uns ou a outros. Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes segundo o grau de evolução do mundo que habitam.”

Em Abril de 1859 Kardec publicou na Revista Espírita o seguinte trecho: “Se considerarmos o número infinito de mundos que povoam o Universo e o incalculável número de seres que o habitam, compreenderemos que os Espíritos têm muito em que se ocupar; tais ocupações, porém, nada têm de penosas; eles as realizam com alegria, voluntariamente, sem constrangimento, e sua felicidade é triunfar naquilo que empreendem; ninguém pensa numa ociosidade eterna, que seria um verdadeiro suplício. Quando as circunstâncias o exigem, reúnem-se em conselho, deliberam sobre a marcha a seguir, conforme os acontecimentos, dão ordens aos Espíritos que lhes são subordinados e vão para onde o dever os chama. Essas assembléias são mais ou menos gerais ou particulares, conforme a importância do assunto; nenhum lugar especial e circunscrito é destinado a essas reuniões: o espaço é o domínio dos Espíritos. Entretanto, elas se realizam de preferência nos globos onde estão os seus objetivos. Os Espíritos encarnados, que neles estão em missão, delas participam conforme a sua elevação; enquanto o corpo repousa, vão haurir conselhos dos outros Espíritos e, muitas vezes, receber ordens sobre a conduta que devem adotar como homens. É verdade que ao despertar não conservam uma lembrança precisa daquilo que se passou, delas guardando a intuição, que os leva a agir como se o fizessem por conta própria.”

Não existe no Universo um lugar circunscrito destinado ao encontro de espíritos, e esta idéia é mais uma vez fortalecida nas questões 278:

“Os Espíritos de diferentes ordens estão misturados?
- Sim e não; quer dizer, eles se vêem, mas se distinguem uns os outros. Afastam-se ou se aproximam segundo a semelhança ou divergência de seus sentimentos, como acontece entre vós. É todo um mundo, do qual o vosso é o reflexo obscuro. Os da mesma ordem se reúnem por uma espécie de afinidade e formam grupos ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e pelos propósitos; os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrarem entre os seres semelhantes a eles.”

“Igual a uma grande cidade, onde os homens de todas as classes e de todas as condições se vêem e se encontram, sem se confundirem, onde as sociedades se formam pela similitude de gostos, onde o vício e a virtude se acotovelam, sem se falarem.”

Isto significa dizer que se houvesse uma cidade no mundo espiritual ela seria habitada por todos os espíritos, desde o inferior, cujo desejo é fazer o mal, até o espírito puro, cujo desejo é fazer o bem. Quando Kardec diz igual a uma grande cidade ou quando os espíritos dizem que o nosso é um reflexo obscuro, não estão falando de sua constituição física, não estão dizendo que o mundo físico é uma réplica mal feita do mundo espiritual. Eles estão dizendo que lá é como aqui, onde numa grande avenida passam milhares de pessoas, médicos, professores, assaltantes, trombadinhas, padres, freiras, políticos, traficantes, crianças, mães, corruptos, todos eles se vêem, andam lado a lado mas não se confundem e se unem e se atraem pela afinidade de pensamentos e sentimentos. Só que no mundo espiritual esta relação é mais franca e aberta porque não tem as limitações da matéria física.

As muralhas, portões e sistemas de proteção são artefatos inúteis e sem propósito, porque além do que foi dito anteriormente há no mundo espiritual uma hierarquia moral irresistível, assim bastaria que os espíritos superiores não permitissem a entrada dos espíritos inferiores que estes obedeceriam, como explicado pelos espíritos no O Livro dos Espíritos:

“274. As diferentes ordens de Espíritos estabelecem entre elas uma hierarquia de poderes; e há entre eles subordinação e autoridade?

- Sim, muito grande. Os Espíritos têm, uns sobre os outros, autoridade relativa à sua superioridade. E a exercem por meio de uma ascendência moral irresistível.”

“274-a. Os Espíritos inferiores podem subtrair-se à autoridade dos superiores?

-Eu disse: irresistível.”


Até aqui falamos da possibilidade da existência de locais circunscritos, mas e quanto às construções, seria possível erguer prédios, hospitais, cidades inteiras no mundo espiritual? O mundo espiritual difere do mundo material que conhecemos por ser constituído de uma matéria mais ou menos quintessenciada, esta matéria foi chamada na A Gênese de fluídos espirituais apenas por ser a matéria do mundo espiritual.

Os espíritos criam fluidicamente objetos mas estes objetos apesar de serem tangíveis ao espírito não tem a permanência do objeto material, ele se mantém enquanto seu pensamento se mantém, bastando mudar o pensamento e o objeto se desfaz. Assim ocorre com as roupas, o espírito usará as roupas que estiverem em seu pensamento, se acreditar que a alma desencarnada usa aquela tradicional bata branca, vestimenta que já faz parte do arquétipo dos bons espíritos então será assim que se apresentará, mesmo que não tenha consciência do processo.

“Uma vez que tudo é relativo, esses fluidos têm para os Espíritos, que em si mesmo são fluídicos, uma aparência material quanto a dos objetos tangíveis para os encarnados, e são para eles o que para nós são as substâncias do mundo terrestre; eles as elaboram, as combinam para produzir efeitos determinados como o fazer os homens com seus materiais, embora usando processos diferentes.” A Gênese, Allan Kardec.

“Os Espíritos agem sobre os fluídos espirituais, não que os manipulem como os homens manipulam os gases, mas com o auxílio do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem. Pelo pensamento, eles imprimem a tais fluidos esta ou aquela direção; eles o aglomeram, os combinam ou o dispersam; formam com esses materiais, conjuntos que tenham uma aparência, uma forma, uma cor determinadas; mudam suas propriedades como um químico altera as propriedades dos gases ou de outros corpos, combinando-os segundo determinadas leis. É a grande oficina ou laboratório da vida espiritual.

Algumas vezes, essas transformações são resultado de uma intenção; frequentemente, são o produto de um pensamento inconsciente; basta ao Espírito pensar numa coisa para que tal coisa se produza, assim como basta modular uma ária para que a música repercuta na atmosfera.”

“É assim, por exemplo, que em Espírito se apresenta perante um encarnado dotado de visão psíquica, sob as aparências que tinha quando vivia na época em que os conheceram mesmo que isso se dê depois de diversas encarnações. Apresenta-se com as roupas, os sinais exteriores – enfermidade, cicatrizes, membros amputados, etc. – Que tinha então; um decapitado se apresentará com falta de cabeça. Não se diga que ele conservou tais aparências; não, certamente, pois, como Espírito, não é coxo, nem maneta, nem decapitado; mas seu pensamento entrando em relação com a época em que isto se dava, seu perispírito toma instantaneamente aquela forma, a qual também deixa instantaneamente, desde que o pensamento cesse de agir. Se, pois, ele foi uma vez negro e outra vez branco, apresentar-se-à como negro ou como branco, segundo qual das encarnações será evocado, e à qual reportará seu pensamento.

Por um efeito análogo, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos dos quais tem o hábito de se servir; um avaro manejará o ouro, um militar terá suas armas e seu uniforme, um fumante, seu cachimbo, um trabalhador, seu arado e seus bois, uma mulher velha, seus aparelhos de fiar. Esses objetos fluídicos são tão reais para o Espírito, o qual é fluídico também, como o eram no estado material para o homem vivente; porém, pela mesma razão de que são criados pelo pensamento, sua existência é também fugitiva como o pensamento.” A Gênese.

Em resposta à afirmativa da propriedade temporária dos objetos fluídos muitas pessoas afirmam que por serem estas colônias criadas por espíritos superiores, são eles que as mantém pelo pensamento, pois seu pensamento irradia-se e dirige-se para muitos pontos ao mesmo tempo. Porém é ilógico imaginar um ou mais espíritos superiores passarem a eternidade com o pensamento congelado na criação de uma cidade astral. Outra justificativa é afirmar que dezenas ou centenas de pessoas pensando a mesma coisa a tornam forte e material, como a doutrina explica a criação fluídica pelo pensamento de objetos é possível, mas eles são passageiros assim como o pensamento, mesmo sendo pensada por diversas pessoas.

Respondendo a questão é plausível criar objetos fluídicos, mas não uma cidade no plano espiritual, com a estrutura das cidades materiais, é querer dar ao mundo espiritual características do mundo material. O mundo espiritual é um mundo essencialmente moral.

ClaudiaC.
25/02/2010

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