quinta-feira, 16 de julho de 2009

Influências invisíveis

 
Somos corpos expostos ao vento gelado tal qual sobreviventes de uma queda nos Andes. Sofremos tantas influências que raramente nos damos conta.
 
O primeiro e mais adorável ser que nos influencia é o orgulho. Ele nos coloca no colo, nos aconchega nos braços, cochicha em nossos ouvidos sobre nossa importância, nos conta sobre nossos valores. Ele nos faz bem, parecemos seguros, acreditamos no poder de nossa utilidade. Nossa bondade é bandeira erguida em mastro dourado. Ahhh! Como é sedutor este amante de corações inseguros e perdidos, de espíritos hesitantes no caminho do progresso.
 
Mas existe outra doce influência, a vaidade, estreitamente ligada ao orgulho a vaidade é como neblina suave, que turva a vista que não a percebe. Tece um emaranhado invisível de fios que parecem nos sustentar no ar. É como mãe provedora, nos oferece tudo que a ilusão lhe permite.
 
O prazer surge tal qual magnífica música divina, nos tornamos pequenos roedores em um conto infantil e seguimos pelo desejo a mais bela flauta mágica. Ahhh como é doce o som do elogio, como e suave o carinho da atenção. 
 
Nesta caminhada seguimos com os olhos fechados, cegos conscientes,
 
Por fim, eis que não vimos as fendas afiadas e nelas desabamos. Feridos e raivosos, maldizemos o caminho, enquanto se divertem outros tolos. Paramos cansados de nossos próprios gritos e percebemos que houve sempre a escolha.
 
Sem conseguir esconder-nos de nós mesmos, choramos em prantos infantis. É nesse instante que se aproveita o mais cruel influenciador.
 
O desânimo chega tal qual um leve vento, sua influência é mortal, pode derrubar um herói e sequestrar a esperança. Deixa-nos na chuva fria e nos mostra a realidade. Senta ao nosso lado e se diz companheiro. Nas palavras parece escorrer a razão, no olhar uma sinceridade cortante. Tuas verdades são como pequenas chagas que parecem não curar. Paciente e perseverante não demonstra cansaço ou irritação, nos acompanha por quanto tempo quisermos.
 
Somos todos culpados de nossas quedas e pelos caminhos turbulentos, pelo fato de não compreendermos a vida, maldizemos a pedra que machuca o dedo, maldizemos o frio que gela o corpo e o calor que nos fatiga. Queremos algo que não existe. Uma ilusão que chega ao fim com a luz do conhecimento.
 
 

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