terça-feira, 20 de abril de 2010

Como a ciência explica o espiritismo

20/04 - 15:08 - Isis Nóbile Diniz, especial para o iG

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2010/04/20/como+a+ciencia+explica+o+espiritismo+9463955.html

Neste mês, Chico Xavier completaria 100 anos. Mesmo após quase uma década de sua morte, os espíritas continuam idolatrando-o como o médium que deixou de viver a própria vida para confortar os outros. Já os céticos desconfiam de sua capacidade de entrar em contato com os mortos, se é que existe mesmo vida após a morte. E a ciência, a cada dia que passa, dispõe de mais recursos e estudos para explicar, racionalmente, os fenômenos relacionados ao espiritismo.

“A maior dificuldade que os cientistas encontram para checar a mediunidade é enquadrar os ‘fenômenos espíritas’ em métodos científicos”, explica o neurologista e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Renato Sabbatini. O método científico pressupõe que se deve testar repetidamente e de diferentes formas um fenômeno a fim de prová-lo. No entanto, nem sempre um médium consegue reproduzir de igual maneira a sua mediunidade ou seu suposto contato com os mortos. “Existem muitas coisas que não explicamos agora, mas isso não abala a minha convicção de que usando os métodos adequados ainda iremos descobrir. Até hoje, apenas 1% do cérebro humano foi investigado. É questão de tempo e de acumulação de conhecimento”, acredita.

Uma das áreas da ciência que mais possui estudos que conseguem desvendar alguns fenômenos espíritas é a medicina. O efeito placebo e o fim natural da doença são apontados por especialistas como o porquê das cirurgias espíritas funcionarem. E já foi comprovado que as visões do além que são vistas por pessoas à beira da morte têm causa biológica: são alucinações causadas pelo excesso de dióxido de carbono na circulação sanguínea.
Por sua vez, a psicologia mostra que o inconsciente é o principal personagem para compreender porque as pessoas conseguem falar, ouvir e ver espíritos. “As pessoas ouvem a voz do próprio inconsciente e a atribui aos falecidos”, diz a psicóloga clínica e professora titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Denise Gimenez Ramos.


sábado, 17 de abril de 2010

Chico Xavier: o sincretismo além do filme

Médium de Uberaba criou um ‘espiritismo à brasileira’ ao inserir na prática da religião espírita valores absorvidos do catolicismo

17 de abril de 2010 | 16h 00

Sandra Jacqueline Stoll

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Visões. Filme não contempla construção da imagem pública nem sua obra literária. Foto: Ique Esteves/ Divulgação

A sedução do espiritismo na sociedade brasileira há muito se projeta na imprensa: sempre que o espiritismo figura como capa de revista, os índices de vendagem aumentam. O filme Chico Xavier, porém, parece ter superado expectativas, com sessões lotadas tanto em bairros de classe média como em cinemas de periferia.

Entretanto, ao contrário do que se pensa, Chico Xavier não representa unanimidade no mundo espírita. Ainda que seguido e admirado por milhões de brasileiros, é do meio espírita mais apegado às tradições kardecistas que vem pesada crítica a seu trabalho. Esse meio questiona a inserção que Chico Xavier fez, na prática da religião espírita, de valores que absorveu do catolicismo, criando assim um "espiritismo à brasileira". Baseado nos princípios e práticas do catolicismo, ele instaurou o que podemos chamar de uma "ética da santidade", consolidada em torno da prática da caridade que exerceu por mais de 70 anos e outros valores monásticos, como a pobreza e a castidade.

É importante, porém, ressalvar que Chico Xavier não criou tal modelo de forma pensada, para dar outra diretriz ao espiritismo no Brasil. Essa construção envolveu tensões políticas, doutrinárias e simbólicas que sua história de vida retrata: de um lado, viu-se envolvido em uma série de conflitos com a Igreja Católica, que não lhe poupou críticas; de outro, na busca de legitimação de sua autoridade acabou por reafirmar elementos simbólicos da identidade religiosa de origem, fortemente marcada por suas experiências de infância, vividas numa pequena cidade do interior de Minas Gerais.

O resultado dessa reinterpretação da doutrina de Allan Kardec causa ojeriza aos grupos que integram a vertente "científica" da doutrina. Mas será que o espiritismo ganharia a expressividade que tem hoje no Brasil se não fosse a força desse vínculo com a tradição católica? Talvez se diluísse como aconteceu na França depois de Kardec: lá, em meados do século 19, não chegou a ter grande expressão. Na verdade, o espiritismo no Brasil, em sua principal vertente, nunca conseguiu fugir do vínculo com o catolicismo. Antes de Chico Xavier, outro grande difusor da doutrina, Bezerra de Menezes, médico do Rio de Janeiro e primeiro presidente da Federação Espírita Brasileira, notabilizou-se pela introdução de símbolos e ritos católicos mesclados à pratica espírita. No caso de Bezerra de Menezes, é marcante sua devoção a Nossa Senhora e a inserção da Ave Maria nas sessões por ele presididas.

Chico Xavier, por sua vez, não se submeteu à hegemonia orgânica da Igreja Católica, mas inspirou a condução de sua vida pela dominação simbólica do catolicismo. Postura que lhe permitiu avançar a passos largos na construção de sua liderança no meio espírita, o que se deu entre os anos 40 e 50. Até então eram raros os líderes desse meio oriundos das classes populares. Chico Xavier conseguiu, porém, mais do que simplesmente romper a barreira de classe: sob sua liderança, o espiritismo se tornou a terceira opção religiosa do País.

Nesse sentido, ele é um marco na história do espiritismo brasileiro. Seu legado não se resume ao extraordinário volume de obras publicadas - mais de 400, com mais de 25 milhões de exemplares vendidos. Chico Xavier criou também modelos para a prática da caridade que servem de padrão de conduta tanto para os adeptos quanto para outros médiuns. Sua principal ocupação dos últimos anos - a produção de "cartas" dos mortos endereçadas aos familiares em processo de luto - angariou um sem-número de simpatizantes entre adeptos de outras religiões. Uberaba, cidade onde o médium morava, recebia semanalmente centenas de peregrinos vindos de diferentes partes do País e até do exterior. A maioria não se converteu, mas fazia coro com aqueles que viam em Chico Xavier um "homem santo".

Essa dimensão da construção de sua imagem pública infelizmente não é mostrada no filme. Este também não contempla adequadamente o trabalho literário de Chico Xavier.Nem sequer retrata de forma adequada o caráter inédito e polêmico de seu primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo, tema bem analisado na obra de Marcel Souto Maior, na qual se inspira o filme. A produção da série Nosso Lar, também omitida, teve papel fundamental na propagação de ideias a respeito da vida após a morte.

A propagação do mito Chico Xavier, após sua morte, também se assenta sobre elementos do rito católico, que acabam predominando - já que o espiritismo não tem uma simbologia de cerimonial religioso. Iniciaram-se peregrinações a seu túmulo, orações católicas em grupo (inclusive a Ave Maria), a crença em poderes milagrosos da água que brota de sua estátua no cemitério e o dito popular que "ele é um santo que está no céu". O que vem confirmar que a estruturação da mescla entre o catolicismo e a nova doutrina advém de uma raiz histórica e cultural muito profunda, cuja convertibilidade entre as categorias populares se faz orientada pelo ritual simbólico do catolicismo.

Está em curso o processo popular de santificação de Chico Xavier, a exemplo do que ocorreu com Padre Cícero e outros santos não canônicos. É nesse contexto que devemos olhar para o centenário do nascimento de Chico Xavier como um fenômeno além das expressões e interesses da mídia.

*Sandra Jacqueline Stoll é antropóloga, professora da Universidade Federal do Paraná (UfPR) e pesquisadora do Núcleo de Antropologia Urbana da USP

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,chico-xavier-o-sincretismo-alem-do-filme,539626,0.htm


quarta-feira, 14 de abril de 2010

O momento do desencarne na Novela


Desencarne do personagem Daniel na novela Escrito nas Estrelas.

Na terça feira desta semana, no segundo capítulo da novela Escrito Nas Estrelas o jovem Daniel sofre um acidente e acaba desencarnando, é claro que por ser uma novela é uma obra de entreternimento nós podemos compreender isto. Mas podemos também analisar as cenas sob a ótica da doutrina espírita, apontando o que esta de acordo ou não.

Olhem como um bom exercício de reflexão e raciocínio.

Voltando agora ao momento do desencarne do rapaz:

No O Livro dos Espíritos, questão 149 Kardec pergunta ao espíritos no que se transforma a alma no instante da morte e eles respondem: “– Volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos, que ela havia deixado temporariamente.” Quando eles falam em retornar ao mundo dos Espíritos não estão querendo dizer que a alma vai para algum lugar, mas ela se libertando da matéria e tornando-se Espírito está no mundo dos Espíritos, que é todo o Universo. Isto fica mais claro na cena da novela, onde Daniel e sua mãe estando no local do acidente assistem aos acontecimentos sem serem percebidos por ninguém. Nós estamos dentro do mundo dos Espíritos mas devido a limitação da matéria não percebemos.

Não estou querendo dizer com isto que ficamos aqui neste planeta, não é isto, apenas quero dizer que o Universo inteiro é o mundo dos Espíritos e a Terra está dentro dele.

Na questão 154 Kardec pergunta se a separação da alma e do corpo é dolorosa, os Espíritos dizem que não, que o corpo sofre mais durante a vida do que no momento da morte, neste momento a alma não sente nada. Daniel, que sofria as dores dos graves ferimentos sofridos no acidente, ao se libertar do corpo sem vida não sente mais nenhum sofrimento físico.

“161. Na morte violenta ou acidental, quando os órgãos ainda não se debilitaram pela idade ou pelas doenças, a separação da alma e a cessação da vida se verificam simultaneamente? – Geralmente é assim; mas, em todos os casos, o instante que os separa é muito curto.” O Livro dos Espíritos.

Como pode ser percebido, no caso de Daniel logo após a vida se extinguir no seu corpo físico, súa alma se separou e numa visão poética poderíamos dezer que despertou.

“160. O Espírito encontra imediatamente aqueles que conheceu na Terra e que morreram antes dele? – Sim, segundo a afeição que tenham mantido reciprocamente. Quase sempre eles o vêm receber na sua volta ao mundo dos Espíritos e o ajudam a libertar-se das faixas da matéria. Vê também a muitos que havia perdido de vista durante a passagem pela Terra; vê os que estão na erraticidade, bem como os que se encontram encarnados, que vai visitar.” OLE

Daniel foi recebido principalmente por aquele espírito que foi sua mãe nesta encarnação. Ela veio ajudá-lo a se libertar da matéria e vemos isto em dois momentos, no momento da morte do corpo, vemos a imagem da sua mão tocando-lhe o corpo e logo em seguida o espírito se liberta e depois quando ele quer estar junto a moça, a mãe pede a ele que a acompanhe.

“163. Deixando o corpo, a alma tem imediata consciência de si mesma? – Consciência imediata não é o termo: ela fica perturbada por algum tempo.”OLE

“… Nas mortes violentas, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos etc., o Espírito é surpreendido, espanta-se, não acredita que esteja morto e sustenta teimosamente que não morreu. Não obstante, vê o seu corpo, sabe que é dele, mas não compreende que esteja separado […] Surpreendido pela morte imprevista, o Espírito fica aturdido com a brusca mudança que nele se opera. Para ele, a morte é ainda sinônimo de destruição, de aniquilamento; ora, como continua a pensar, como ainda vê e escuta, não se considera morto.” Kardec, OLE.

Daniel vê sua mãe e se espanta por estarem juntos, não entende o que acontece, olha seu corpo mas mesmo assim não compreende, sente-se reconfortado com a presença da mãe. Quando encontra outros espíritos, que ainda não sabemos quem são, ele demonstra no seu rosto uma expressão de surpresa e incompreensão.

Assim que outras cenas interessantes para uma reflexão sob a ótica da doutrina espírita aparecerem eu as coloco aqui com alguns comentários.

Bjs

ClaudiaC.

Technorati Marcas:

Superinteressante – Sobre Chico Xavier

Retirado de: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=585FDS008#

SUPERINTERESSANTE
Sobre Chico Xavier

Por José Edmar Arantes Ribeiro em 13/4/2010

A última edição da revista Superinteressante (nº 277, de abril de 2010) teve a figura de Chico Xavier como tema de sua principal matéria, que segue da pág. 50 à pág. 59 do número em questão da revista, já referido no título deste artigo. Logo na capa, em sequência a uma pergunta com um erro de concordância verbal, segue outra mal formulada: "Quem foi o homem que fez milhões de brasileiros acreditar em espíritos? Qual o segredo das mensagens que ele psicografou?" (grifo nosso). A revista começa assim, e o mesmo erro de concordância verbal seria repetido na abertura da reportagem em foco, à pág. 50: "Há 100 anos nascia o homem que faria brasileiros de todos os credos acreditar na vida após a morte" (grifo também nosso)...

No índice do número da revista em questão, é afirmado, em relação à matéria em foco: "A Super foi a Minas Gerais descobrir como o médium virou um mito. Encontrou histórias de fé e de mistério – e alguns efeitos especiais." Entretanto, como poderá ser visto em alguns dos itens que discutiremos na subseção "Leviandades" deste artigo, nenhuma pesquisa mais cuidadosa fora feita no sentido de embasar afirmações como a da existência de "efeitos especiais" envolvendo a fenomenologia de Chico Xavier.

Na seção "Escuta", destinada a palavras do diretor de redação da revista, com o título "Com todo respeito", Sérgio Gwercman nos diz: "Respeito você vai encontrar em cada página da reportagem escrita por Gisela Blanco (...) Porque o jornalismo existe nas perguntas (...) É assim que trabalhamos aqui na Super". Infelizmente, não é verdade que encontramos respeito em cada página escrita por Gisela Blanco (basta ver a seção "Leviandades", abaixo). Igualmente, não é verdade que a Super adotara o princípio do questionamento saudável na matéria em questão: a maior parte da reportagem é constituída de afirmações irresponsáveis, que buscam disfarçadamente, porém a todo custo, reduzir a figura de Chico Xavier à de um mistificador carismático.

Nas linhas que seguem analisaremos detalhadamente os problemas apresentados na reportagem em foco.

Os vários problemas apresentados na reportagem serão divididos, a título didático e por ordem de gravidade, em cinco classes: (1) Uma colocação fora de contexto; (2) Um box que nada explica; (3) Informações erradas; (4) Conceitos errados; (5) Leviandades.

Uma colocação fora de contexto

Em meio às suas considerações sobre as repercussões no meio literário da obra Parnaso de Além-Túmulo, psicografada por Chico Xavier e atribuída a espíritos de poetas brasileiros e portugueses, a autora da matéria nos diz:

"A história dividiu o mundo da literatura. Alguns desconfiavam de que tudo não passava de uma fraude. A viúva de Humberto de Campos até tentou na Justiça, sem sucesso, levar os direitos autorais sobre as obras psicografadas do marido. Mas outros o defendiam. `Se Chico Xavier produziu tudo aquilo por conta própria, merece quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras´, declarou Monteiro Lobato" (págs. 55-56).

O trecho sobre a viúva de Humberto de Campos está fora de contexto. Chico Xavier só começara a psicografar Humberto de Campos em 1935, três anos após a publicação do Parnaso. Além disso, o "caso Humberto de Campos" iria ocorrer somente em 1944, doze anos após a publicação do Parnaso! E mais: neste caso, a viúva pedia à Justiça um posicionamento justamente na decisão sobre a autenticidade das mensagens atribuídas a Humberto de Campos. Caso a decisão fosse favorável, a viúva acataria e exigiria os direitos autorais, de modo que este caso não serve para ilustrar a posição daqueles que consideravam que tudo não passava de fraude.

Um box que nada explica

A autora, no box "A Ciência e Chico Xavier", à pág. 56, após dizer que, para cientistas, a explicação da fenomenologia de Chico Xavier estaria em um meio-termo entre a fraude e a hipótese espírita, simplesmente aloca definições de psicose, epilepsia, criptomnésia e telepatia, sem apresentar quaisquer posições de cientistas de que os conceitos mencionados explicariam o caso Chico Xavier!... Não bastasse isso, duas de suas definições estão equivocadas, o que será discutido na seção "Conceitos Errados", mais abaixo.

Informações erradas

1. À pág. 51, a autora diz que a origem de toda a história do fenômeno Chico Xavier foram as cartas dos mortos, e nas páginas seguintes (até a pág. 55) ilustra a afirmação com episódios de pessoas que teriam recebido cartas de seus filhos ou irmãos falecidos. Errado! Chico Xavier começou escrevendo versos de poetas brasileiros e portugueses mortos, que apareceram em Parnaso de Além-Túmulo, obra publicada em 1932 pela Federação Espírita Brasileira que chamou a atenção de vários intelectuais brasileiros pelo estilo dos poemas, fiel ao dos autores aos quais eles eram atribuídos.

2. À pág. 54, é dito que Waldo Vieira fundara um centro de estudos religiosos em Foz do Iguaçu. Errado! O centro fundado por Waldo Vieira é voltado ao estudo da consciência e não tem caráter religioso.

3. À pág. 56, Gisela Blanco escreve o seguinte:

"O que você veria se estivesse na plateia de Chico Xavier na década de 1940? Para começar, um médium sentado em frente a uma cortina, a cerca de 10 metros dos espectadores. (...) Lentamente, vultos brancos apareceriam – os médiuns explicavam que eram espíritos que haviam se materializado".

Errado! Primeiramente, ao que nos consta, Chico Xavier somente iniciara sua atuação pública como médium de materialização em 1952, e pouco tempo depois, em 1953. deixaria de atuar como tal (vide livro Chico Xavier - Mandato do Amor). Depois, nas sessões de materialização o médium mineiro ficava deitado e atrás de uma cortina. Por fim, nestas mesmas sessões, que os vultos eram espíritos materializados podia ser deduzido pelos próprios espectadores.

4. À pág. 57, a autora escreve, referindo-se com ironia aos fenômenos de materialização envolvendo Chico Xavier: "Com shows como esses, Chico foi ficando famoso, graças a reportagens como uma publicada em 1944 por O Cruzeiro (...)". Errado! A reportagem publicada em 1944 pela O Cruzeiro não tratou de fenômenos de materialização envolvendo Chico Xavier. E nem poderia! Nesta época Chico Xavier não atuava como médium para este tipo de fenômeno.

Conceitos errados

1. No final da seção em que a autora trata das cartas de falecidos enviadas a parentes próximos através de Chico Xavier, fenômeno que erroneamente (vide item 1 de nossa seção anterior) fora considerado dentre as primeiras manifestações mediúnicas de Chico Xavier, a autora nos diz o seguinte: "(...) A verdadeira polêmica surgiria no outro filão do médium: os romances" (pág. 55). Entretanto, se lermos os parágrafos seguintes da nova seção ("A Polêmica"), verificaremos que ali o assunto tratado é o livro Parnaso de Além-Túmulo, que é constituído de... poemas e poesias. A autora parece não saber o que é um "romance"...

2. À pág. 56, a autora enfeixou sob o termo "psicose" todos os quadros ditos dissociativos, o que não é aceito pela Associação Americana de Psiquiatria desde 1994 (vide Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), e também considerou "criptomnésia" como um distúrbio da memória, quando não há qualquer razão para categorizar este fenômeno, genericamente, como "distúrbio".

3. Sobre o fenômeno da materialização de espíritos, a autora, Gisela Blanco, às páginas 56-57, escreve o seguinte:

"Registre-se: materializar uma pessoa, ou fazer surgir massa do nada equivalente a um homem de 70 quilos, não seria tarefa fácil. Seria necessário produzir um total de energia duas vezes maior do que é hoje produzido pela hidrelétrica de Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por especialistas e exibidos por reportagens sobre Chico nos anos 70."

Aqui, a autora mistura alhos com bugalhos. O processo de materialização de espíritos não está relacionado à produção de matéria "do nada". Segundo informações dos próprios espíritos, aceitas e de certa forma já verificadas por pesquisadores da fenomenologia espírita como o russo Alexandre Aksakof (1832-1903), o italiano Ernesto Bozzano (1862-1943) e o brasileiro R. A. Ranieri (1919-1989), o referido processo se daria às custas de "desmaterialização" do médium (em maior escala) e dos participantes das sessões (em menor escala).

Leviandades

1. Em caixa alta na primeira página da reportagem (pág. 50), a autora do texto, Gisela Blanco, nos diz que fora o mito Chico Xavier que fizera brasileiros de todos os credos acreditarem em vida após a morte, que mudara a vida de famílias desconsoladas e que colocara a ciência em busca de respostas para seus fenômenos. A matéria, entretanto, não dá subsídios para tal afirmação. Fora o homem Chico Xavier o responsável por tudo aquilo.

2. Às págs. 52-53, lemos o seguinte (grifo nosso): "(...) Célia representa o público cativo de Chico: as mães. Atrás de notícias dos filhos mortos, elas compareciam em massa nos dois centros que Chico teve (…)." Aqui a autora procura imputar um caráter de sedutor ou algo do tipo a Chico Xavier. Pura leviandade.

3. À pág. 54, vemos em letras garrafais: "Show de materialização de espíritos e truques para incrementar as sessões de psicografia. O lado pirotécnico de Chico Xavier provocou desconfiança". Além do comentário estar desvinculado do assunto tratado nas páginas 54-55, a autora desconhece, ou finge desconhecer, que as sessões de materialização não tinham qualquer conotação de espetáculo. Além disso, levianamente, afirma que Chico usara de truques em suas sessões de psicografia, sem ao menos discutir mais amplamente a questão ao longo do texto sobre o assunto, às páginas 56-57, apenas fazendo referência ao caso de um fotógrafo da revista Realidade que, em 1971, teria visto um assessor de Chico Xavier borrifar perfume no ar...

4. À pág. 56, Gisela Blanco nos diz que a desconfiança dos críticos de Parnaso de Além-Túmulo tinha razão de ser:

"Apesar de não ter ido longe na escola, Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida. Colecionou cadernos com recortes de textos e poesias. Comprou livros de sebos em São Paulo. Em sua biblioteca, preservada até hoje em Uberaba, há mais de 500 livros e revistas, com obras em inglês, francês e até hebraico. A lista inclui volumes de autores cujo espírito o teria procurado para escrever suas obras póstumas, como Castro Alves e Humberto de Campos".

Mas tem o seguinte: leitor voraz ou não, a autora deixa de revelar, talvez propositadamente, que a biblioteca de Chico Xavier, que ela afirma ter mais de 500 livros e revistas, foi constituída ao longo de toda a vida do médium mineiro, de 92 anos, e que inclui os mais de 400 livros que ele próprio psicografou!... Além disso, o trecho está fora de contexto, pois o tema tratado era Parnaso de Além-Túmulo, primeiro livro de Chico Xavier, muito anterior à biblioteca que ele viria a formar.

5. Ainda à pág. 56, após dizer que das investidas da imprensa Chico Xavier não escaparia ("Eles queriam explicações não só para a linha direta que Chico dizia ter com as celebridades do outro lado, mas também para alguns shows que o médium andava fazendo por aí"), a autora inicia uma subseção com o título "A pirotecnia", sempre procurando incutir um tom humorístico à sua reportagem. O curioso é que Gisela Blanco fala nesta subseção de uma reportagem de 1944 da revista O Cruzeiro, de uma denúncia de Chico Xavier por um sobrinho e sobre o programa Pinga-Fogo de 1971 do qual Chico participara. Estes tópicos, porém, nada tem a ver com o que ela denomina "pirotecnia". Pirotécnica parece-nos a falta de clareza da autora...

6. Ainda sobre as sessões de materialização de espíritos envolvendo Chico Xavier, à página 56 encontramos: "Os personagens principais da noite eram médiuns de outras cidades, acostumados a rodar o país com seus shows." Como já afirmado no item 3 acima, as sessões de materialização não objetivavam meras mostras espetaculares.

7. À pág. 57, a autora escreve:

"(...) Acuado pelas críticas na Pedro Leopoldo de 15 mil habitantes, Chico resolveu fazer as malas e partir para Uberaba, um pólo do espiritismo onde contaria com o apoio de amigos. Mas não adiantou muito. A imprensa seguiu na cola. Em 1971 (...)"

Chico Xavier não saíra "fugido" de Pedro Leopoldo, em decorrência de críticas, como o trecho acima parece indicar. Além disso, ao ilustrar como a imprensa seguiu "na cola" de Chico após sua mudança para Uberaba, ocorrida em 1959, a autora cita uma reportagem de 1971, doze anos após... Se pesquisasse melhor, poderia encontrar uma reportagem anterior muito mais ilustrativa ao seu objetivo de denegrir Chico Xavier, como a publicada em uma das edições da revista O Cruzeiro de 1964.

8. Ainda à pág. 57, referindo-se à participação de Chico Xavier em 1971 do programa Pinga-Fogo, da TV Tupi, a autora escreve: "Por quase 3 horas, o médium foi bombardeado por perguntas. Mas se safou." Ora, safar-se é esquivar-se, escapulir-se, fugir. Assim referindo-se à atuação de Chico Xavier no Pinga-Fogo, a autora parte do pressuposto de que ele teria algo a esconder. Lamentável! Muita falta de imparcialidade.

9. À pág. 58, em garrafais (recurso comum utilizado na reportagem para escancarar as leviandades da autora), lemos: "Órfão maltratado na infância, um piadista quando adulto, vítima de uma série de doenças na velhice. Não foi à toa que Chico Xavier conquistou a compaixão de todo o país." Esta tentativa de desqualificar o real trabalho de Chico Xavier, imensurável, tanto no campo do assistencialismo espiritual quanto material, não foi bem-sucedida. Desde quando ser piadista conquista a compaixão das pessoas? Será que os responsáveis pela matéria não sabem o que significa "compaixão"?...

10. À pág. 59, a autora escreve: "Uma imagem captada pela TV Globo mostrou um raio de sol entrando no quarto do medium [sic] exatamente no dia em que Chico teve uma melhora repentina". Seria mesmo um raio de sol? Cadê as fontes que atestam isto?

11. Também à pág. 59, última do artigo, arrematando o festival de imprudência exibido ao longo de suas páginas, lemos no box "A Indústria de Chico Xavier":

"Dieta do Chico Xavier: revista dos anos 80 publicavam o ritual – meio copo de água pela manhã, com grãos de arroz dentro do copo representando o número de quilos que se quer perder."

Aqui, a matéria procura imputar um caráter ridículo à figura de Chico Xavier e tenta, sorrateiramente, ludibriar o leitor, que poderia pensar que tal dieta fora realmente prescrita pelo médium mineiro, o que não é verdade.

Conclusão

Acreditamos ter deixado claro, pelas considerações acima, que a reportagem "Chico Xavier", veiculada na revista Superinteressante deste mês de abril de 2010 (n. 277), deixa a desejar em quatro aspectos do labor jornalístico de imprensa: ético (vide seção "Leviandades"), cultural (vide seção "Conceitos errados"), investigativo (vide seção "Informações erradas" e itens 7 e 10 da seção "Leviandades") e redacional (vide a "Introdução", as seções "Um box que nada explica" e "Uma colocação fora de contexto", e também os itens 4, 5, 9 e 10 da seção "Leviandades"), e nada mais temos a acrescentar. Como conclusão, apenas uma pergunta: uma revista dessas é confiável?...

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Technorati Marcas:

terça-feira, 13 de abril de 2010

Mediunidade – Análises cinetíficas

 

O estudo dos fenômenos mediúnicos era restrito às religiões. Hoje, começa a despertar interesse de algumas áreas da Ciência. Confira neste vídeo os resultados de alguns estudos feitos por cientistas a respeito destes fenômenos. O documentário é do programa "Globo Repórter" da Rede Globo, uma reportagem de 2003.
Nesta reportagem também veremos que pesquisas modernas estão revelando que quanto maior o número de um determinado cristal, o mini-cristal de apatita que todos nós produzimos na glândula pineal (glândula localizada no interior do cérebro) maior é a capacidade parapsíquica da pessoa, indicando então, que esta glândula parece ser o equipamento orgânico, fisiológico que nos permite os acontecimentos mediúnicos e isto já foi dito em livros de Alan Kardec psicografados há séculos atrás e no livro Missionários da Luz de Chico Xavier, onde os espíritos diziam que a mediunidade é um fator orgânico e não espiritual.
Os médiuns são como antenas que captam sinais, freqüências vibratórias dos espíritos bons e ruins. Embora a maioria das pessoas nunca sentiram algo mediúnico durante toda a vida, todos nós, segundo os espíritos, temos esta faculdade natural uns mais que os outros porque nem todas as glândulas pineais são iguais, alguns produzem mais cristais que os outros, e estes cristais que são também encontrados natureza captam o campo eletromagnético em nossa volta, campo eletromagnético este que também carregam informações e por isto "talvez" ela possa captar o campo eletromagnético de outras mentes, tanto as encarnadas como as desencarnadas. Os cristais de apatita são muito parecidos com os cristais que são usados em celulares, cristais que captam sinais de outros celulares. Os médiuns às vezes sentem uma leve dor de cabeça em momentos mediúnicos, talvez a dor esteja ligada à glândula pineal ou a produção do mini-cristal de apatita.
Antigamente estas pessoas que possuíam uma mediunidade mais aflorada eram chamadas de profetas e eram até conselheiros de reis; já as tribos indígenas os chamavam de feiticeiros, xamãs e curandeiros; na idade média eram taxados de bruxos e infelizmente morriam na fogueira como a jovem Joana D'Arc que foi considerada mais tarde como sendo uma santa; pessoas muito boas e com certa mediunidade são chamados de santos pelos católicos, pois consideram estas capacidades especiais como sendo milagres, algo de origem divina ou espiritual e não de origem orgânica como dizem os espíritos, já outras religiões acreditam que estas capacidades tão naturais são obras do diabo, como muitos judeus e sacerdotes à dois mil anos atrás, desconfiados, questionaram a respeito da origem dos primeiros milagres de Jesus.
Fenômenos mediúnicos são fenômenos naturais, o cinema principalmente os filmes de terror gostam de passar uma imagem de que estes fenômenos tão naturais são "coisas de outro mundo", coisas demoníacas e super perigosas. Já a imprensa mais conservadora gosta de transformá-los em assuntos sensacionalistas. Fazem isto por vários motivos, um dos motivos é o medo, pois tudo aquilo que é desconhecido para o ser humano, gera o medo. Que não deixa de ser um medo natural.
Estes fenômenos podem e devem ser estudados pela ciência, o problema é que sofrem bastante preconceitos por parte dos cientistas mais conservadores e por isto são pouco estudados, mas isto já começa a mudar!
Edição de 2009 feita por mim:
Fernando Lima Ribeiro

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