Transcrito do programa Presença Espírita da Rádio Boa Nova
a partir de palestra de Divaldo Pereira Franco (Agosto/2001)
O Evangelho, como se costuma designar o Novo Testamento, não pertence de fato à Bíblia. É outro livro, escrito muito mais tarde, com a reunião dos vários escritos sobre Jesus e seus ensinos. O Evangelho é a codificação da segunda revelação cristã. Traz uma nova mensagem, substituindo o deus-guerreiro da Bíblia pelo deus-amor do Sermão da Montanha. No Espiritismo não devemos confundir esses dois livros, mas devemos reconhecer a linha histórica e profética, a linhagem espiritual que os liga. São, portanto, dois livros distintos.
A antiga religião hebraica é geralmente conhecida como Mosaísmo, porque surgiu e se desenvolveu com Moisés. A nova religião dos Evangelhos é designada como Cristianismo, porque vem do ensino do Cristo. Mas, assim como nas páginas da Bíblia está anunciado o advento do Cristo, também nas páginas do Evangelho está anunciado o advento do Espírito de Verdade. Esse advento se deu no século passado, com a terceira e última revelação cristã, chamada revelação espírita. Cinco novos livros aparecem, então, escritos por Allan Kardec, mas ditados, inspirados e orientados pelo Espírito de Verdade e outros Espíritos Superiores. Os cinco livros fundamentais do Espiritismo, que têm como base O Livro dos Espíritos, representam a codificação da terceira revelação. Essa revelação se chama Espiritismo porque foi dada pelos Espíritos. Sua finalidade é esclarecer os ensinos anteriores, de acordo com a mentalidade moderna, já suficientemente arejada e evoluída para entender as alegorias e símbolos contidos na Bíblia e no Evangelho. Mas enganam-se os que pensam que a Codificação do Espiritismo contraria ou reforma o Evangelho.
Qual a posição do Espiritismo diante do problema bíblico? Os recentes debates na televisão entre espíritas, pastores protestantes e sacerdotes católicos deram motivo a algumas incompreensões, das quais se aproveitaram adversários pouco escrupulosos da Doutrina Espírita, para lhe desfecharem novos e injustos ataques. Vamos procurar esclarecer, por estas colunas, a posição espírita, como já havíamos prometido.
Kardec define essa posição, desde O Livro dos Espíritos, como a de estudo e esclarecimento do texto, à luz da História e na perspectiva da evolução espiritual da Humanidade. No capítulo III desse livro, final do item 59, depois de analisar as contradições entre a Bíblia e as Ciências, no tocante à criação do mundo, ele declara: "Devemos concluir que a Bíblia é um erro? Não; mas que os homens se enganaram na sua interpretação".
Essas palavras de Kardec, sustentadas através de toda a Codificação, esclarecem a posição espírita. Devemos reconhecer na Bíblia a sua natureza profética (ou seja: mediúnica), encerrando a I Revelação, no ciclo histórico das revelações cristãs. Esse ciclo começa com Moisés (I Revelação), define-se com Jesus (II Revelação) e encerra-se com o Espiritismo (III Revelação). Os leitores encontrarão explicações detalhadas a respeito em O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, que é um manual de moral evangélica. O conceito espírita de Revelação, porém, não é o mesmo das religiões em geral. Revelar é ensinar, e isso tanto pode ser feito pelos Espíritos (revelação divina) quanto pelos homens (revelação humana), mas não por Deus "em pessoa", porque Deus age através de suas leis e dos Espíritos. A revelação bíblica, portanto, não pode ser chamada de "palavra de Deus". Ela é tão-somente a palavra dos Espíritos-Reveladores, e essa palavra é sempre adequada ao tempo em que foi proferida. Isto é confirmado pela própria Bíblia, como veremos no decorrer deste estudo.
A expressão "a palavra de Deus" é de origem judaica. Foi naturalmente herdada pelo Cristianismo, que a empregou para o mesmo fim dos judeus: dar autoridade à Igreja. A Bíblia, considerada "a palavra de Deus", reveste-se de um poder mágico: a sua simples leitura, ou simplesmente a audiência dessa leitura, pode espantar o Demônio de uma pessoa e convertê-la a Deus. Claro que o Espiritismo não aceita nem prega essa velha crendice, mas não a condena. A cada um, segundo suas convicções, desde que haja boa intenção.
Do livro Visão Espírita da Bíblia de J. Herculano Pires
"Tribos das ilhas Trobriand que pescam no mar profundo, onde tempestades repentinas e águas desconhecidas são preocupações constantes, têm muito mais rituais associados à pesca do que aquelas que buscam peixes em águas mais rasas. Pára-quedistas vêem mais facilmente uma figura não-existente em um monte de ruído pouco antes de pular do que quando em terra. Jogadores de beisebol criam rituais em proporção direta à caprichosidade de sua posição – por exemplo, lançadores são particularmente propensos a enxergar conexões entre a camisa que vestem e seu sucesso. … Mesmo em nível nacional, quando os tempos são economicamente incertos, as superstições aumentam".
O trecho é parte de um trabalho publicado na Science nesta semana, que não se resume apenas a relatos. Jennifer Whitson e Adam Galinsky conduziram seis experimentos que confirmaram a tese de que a sensação de falta de controle aumenta a percepção de padrões ilusórios, fazendo pessoas verem algum significado onde realmente não há.
A série de experimentos é interessante pela variedade de padrões ilusórios que averigüou, como ver imagens em ruído, enxergar conspirações, desenvolver superstições e… formar correlações ilusórias sobre informações de bolsas de valores. Esta última parte, dado o contexto econômico atual, virou notícia.
"Experimentar uma perda de controle levou os participantes [do experimento] a desejar mais estrutura e a perceber padrões ilusórios. A necessidade de estar e sentir-se em controle é tão forte que os indivíduos produzirão um padrão a partir do ruído para levar o mundo de volta a um estado previsível", escrevem os pesquisadores.
Tão interessante quanto o achado principal é o detalhe de que os participantes do estudo que foram incentivados a se auto-afirmar, lembrando de um evento importante em suas vidas, viram menos imagens e conspirações ilusórias. Simples assim. [via Mindhacks]
Referência
- Lacking Control Increases Illusory Pattern Perception
Você já pensou, em algum momento, gravar as conversas familiares? Tem idéia a respeito do que se fala, no lar, às refeições, por exemplo? E do efeito desses diálogos sobre as mentes infantis?
Pois um professor de Sociologia da Universidade da Pensilvânia realizou a experiência.
O Dr. Bossard conseguiu fartos exemplos da conversa de famílias, à hora do jantar. E, embora não tivesse imaginado, descobriu alguns estilos, definidos pelos hábitos de conversação constante.
Um dos mais evidentes foi o estilo crítico. Isto é, durante a refeição, não se falava nada de bom a respeito de alguém.
O assunto constante eram os amigos, parentes, vizinhos, os aspectos de suas vidas, naturalmente sempre apresentados de forma negativa.
Reclamava-se das filas no supermercado, do mau atendimento em lojas, da grosseria do chefe, enfim, das coisas ruins que existem no mundo.
Essa atmosfera familiar negativa redundava, conforme as observações realizadas, em crianças insociáveis e malquistas. Portanto, com problemas acontecendo na escola, na vizinhança.
Em outro grupo, as hostilidades da família se voltavam para dentro, contra si mesma.
Dr. Bossard classificou o grupo como os brigões, porque, sem exceção, as refeições se constituíam em torneios de insultos e brigas.
Tudo era motivo para acusações mútuas.
Nesse caso, as crianças absorviam o estilo que lhes criava problemas. Mesmo que isso, por vezes, viesse a se revelar depois de já crescidas e casadas, nos novos lares constituídos.
Um grupo de famílias revelou um estilo exibicionista. Num primeiro momento, o observador poderia se deixar encantar pelo brilho de espírito e o bom humor demonstrado por todos.
Contudo, aprofundando-se na pesquisa, essas famílias revelaram que todos se portavam como se fossem atores.
E cada qual desejava sobrepujar o outro, aparecer mais. Isso redundava em crianças que, onde estivessem, desejavam ser o foco das atenções.
Quando assim não acontecia, elas se sentiam desprezadas e repelidas, limitando a sua simpatia e respeito pelos outros.
Mas, afinal, será que nenhuma das famílias tinha bons hábitos de conversação?
Claro que sim. Essas foram adjetivadas como portadoras de atitude correta de processo interpretativo.
Nesse caso, as pessoas, os acontecimentos, os fatos são comentados pela família de forma tranqüila, com dignidade e, até, com senso de humor.
As crianças são animadas a participar da conversa e são ouvidas com respeito. A nota dominante, nesse grupo familiar, é a compreensão.
* * *
Se, ouvindo ou lendo esta mensagem, você se deu conta de que sua família pertence a um dos grupos de conversação incorreta, não se perturbe.
O estilo das conversas pode ser modificado. E pode começar hoje.
O primeiro passo é descobrir o estilo dominante e, num esforço conjunto da família, modificar a conversação.
Afinal, um grande Mestre disse um dia que o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai dela.
Pensemos nisso. Melhorar o estilo da conversa em família não é garantia absoluta de crianças ajustadas.
Mas é um meio seguro de lhes proporcionar melhores oportunidades de uma vida equilibrada, pois o exemplo é forte ingrediente na formação do caráter.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo
Cuidado com a conversa – Há crianças ouvindo, de
Thomas J. Fleming, da Revista Seleções do
Reader´s Digest, fevereiro de 1960.
Em 20.11.2008.
-Depois da proclamação da divindade do Cristo, no século IV, depois da introdução, no sistema eclesiástico, do dogma da Trindade, no século VII, muitas passagens do Novo Testamento foram modificadas, a fim de que exprimissem as novas doutrinas (Ver João 1:5 e 7). Vimos, diz Leblois (145), na Biblioteca Nacional,, na de Santa Genoveva, na do mosteiro de Saint-Gall, manuscritos em que 0 dogma da Trindade está apenas acrescentado a margem. Mais tarde foi intercalado no texto onde se encontra ainda". (Leon Denis - Cristianismo e Espiritismo, pág. 272)
A referencia citada acima trata-se sem dúvidas de um enxerto e a Bíblia edição revista e atualizada tradução de João Ferreira de Almeida, da Sociedade Bíblica do Brasil 1969 0 coloca em colchetes 0 que não se,vê nas edições antigas da Imprensa Bíblica Brasileira e nem na «Bíblia de Jerusalém" das Edições Paulinas O texto por si só é bem expressivo em relação à inserção realizada pelos religiosos dogmáticos" Pois há três que dão testemunho [no céu- o Pai, a palavra e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na Terra]: o Espírito, a água e o sangue... (1ª Epístola de João, capítulo 5, versículo 7).
Já em outro texto (Mateus 28.19), marcadamente adulterado, nem colchetes são encontrados: "Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto fazei discípulos em todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". (Os grifos são do autor)
E estranho que 0 rito do batismo não foi praticado pelo Mestre, conforme ensino enfático de João: "Jesus mesmo não batizava, e, sim, os Seus discípulos" (capitulo 4, versículo 2). Outrossim, desde que começou 0 ministério do Cristo na Galileia não se ouviu mais falar em batismo, a não ser 0 que foi ventilado, após Sua "ressurreição", no texto evidentemente apócrifo, citado acima (Mateus 28:19).
Os apóstolos mantiveram 0 ritual do batismo, simbolizando uma pratica original desde os tempos de Moises (Êxodo 19:10); embora, na maioria dos casos, segundo relato do Evangelho, era seguida do "derramamento do Espírito Santo", isto e, do intercâmbio mediúnico com os enviados espirituais do Mestre (ver capitulo III - "O Mestre dos Mestres" e capitulo IV - "O Espírito Santo»). Na realidade, 0 batismo emblemático de João Batista, no rio Jordão, correspondente a remissão dos pecados (Marcos 1:4), deixou de existir com 0 advento de Jesus. Disse 0 Tesbita: «Eu, na verdade, vos batizo com água para 0 arrependimento; mas aquele que ha de vir depois de mim, e mais poderoso do que eu e não sou digno de levar-lhe as sandálias. Ele vos
batizará com 0 Espírito Santo e com fogo (Mateus. 3:11). Não mais o culto externo, o cerimonial ritualístico, a mera formalidade. Nesse sentido, à cata do sinal exterior, muitos fariseus e saduceus foram ao batismo de João Batista e o Precursor os rechaçou, exortando-os primeiro ao arrependimento de seus erros, a viverem uma nova vida com honestidade e sinceridade, reunindo a mascara da hipocrisia e do preconceito. Aqueles que desejam seguir em verdade as palavras do Cristo serão sempre agraciados com a presença do Consolador prometido por Jesus ou "Espírito Santo" que corresponde a comunhão com as entidades espirituais mensageiras do Mestre: "Não vos deixareis órfãos" (João 14:18) "Eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador a fim de que esteja sempre convosco" (João 1416) «O Consolador ou Espírito Santo a quem o Pai enviara em meu nome, esse vos ensinara todas as cousas e vos fará lembrar de tudo 0 que vos tenho dito" (João 14-26). "O Consolador não falará por si mesmo mais dirá tudo que tiver ouvido e vos anunciará as cousas que hão de vir" (João 16:13)
Já ser batizado com fogo e possuir a razão, principalmente discernimento das coisas espirituais. Fogo representa purificação pelo calor: libertação das impurezas dos dogmas e dos cultos exteriores; usar o raciocínio e a lógica nas questões espirituais; 0 remorso que induz a criatura a retificação de seus erros; a dor da provação e da expiação, taxadas como "mistério" pelas religiões tradicionais.
Se de fato 0 batismo e imprescindível à "salvação" da humanidade, 0 apóstolo João nunca deixaria de omitir 0 chamado batismo de Jesus, realizado pelo Precursor, já que 0 "discípulo amado" sempre acompanhava 0 Mestre. Na verdade o Cristo veio "cumprir toda a justiça" (Mateus 3:15), ou seja, revelar ao Batista e aos seus contemporâneos a presença do Messias e Sua missão grandiosa, através de dois fenômenos mediúnicos marcantes: a materialização ("... descendo como pomba" - Mateus 3:16) e a voz direta ("Este e 0 meu filho amado, em quem me comprazo" - Mateus 3:17).
O dogma da Santíssima Trindade, imposto pelo clero aos cristãos no ano 325 D.C , no século IV depois do advento de Jesus, não tem alicerce bíblico: "0 Consolador não falará por si mesmo, mas dirá tudo 0 que tiver ouvido" (João 16:13). Representa, portanto, um conjunto de Espíritos, de elevada hierarquia, arautos de Deus e do Mestre. De forma nenhuma 0 próprio Criador: "Não falara por si mesmo.. Quanto a deificação de Jesus, tão bravamente combatida pelo sacerdote de Alexandria, Ário, pedimos ao leitor que busque 0 capitulo V desta obra.