quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

EVENTOS DE RENOVAÇÃO



Temos hoje uma diversidade de tendências. Alguns grupos firmam-se no religiosismo, no mediunismo, no assistencialismo e na ignorância. Outros buscam caminhos de renovação. Mas não se pode dizer que esse movimento é novo.

Em vários momentos da história do movimento espírita brasileiro puderam ser identificadas ações renovadoras, voltadas para uma identificação maior dos grupos com o Espiritismo, conceitual e metodologicamente. Isoladas, essas ações não chegaram, na maioria das vezes, a deixar a sua marca, o que não significa que não cumpriram seu papel. Muitas vezes acabam contribuindo para a criação de focos de reconstrução e renovação que nascem à margem
da inércia geral. Uma avaliação fria conclui, no entanto, que poucas pessoas foram atingidas.

Entre as ações renovadoras cujo efeito atingiu ou tem atingido um número significativo de centros está a criação das editoras espíritas, como a da FEB, no Rio de Janeiro- RJ, e O Clarim, em Matão-SP. Considero que este foi o mais significativo conjunto de eventos para superação de nossas limitações doutrinárias.(42) As editoras espíritas se proliferaram e são hoje uma realidade. Servem, em geral, à divulgação da ideologia reinante, mas isso é apenas uma
conseqüência de sua forte ligação com o movimento. Com os livros, revistas e jornais existe um meio de transmissão, progresso.

Houve processos de renovação levados pelo movimento de unificação entre centros,(43) entre eles:
a) a divulgação das “Deliberações do Simpósio Centro- Sulino”, realizado em 1962, com uma abrangente caracterização funcional dos centros espíritas,

b) a proliferação do “COEM - Centro de Orientação e Educação Mediúnica”, um programa de estudo e sistematização da prática mediúnica elaborado pelo
Centro Espírita Luz Eterna, de Curitiba, PR, a partir de 1970,

c) a criação do “Estudo Sistematizado de Doutrina Espírita” pela Federação Espírita do Rio Grande do Sul e sua posterior divulgação nacional pela FEB,

d) a divulgação de documentos de orientação aos centros espíritas, pela USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, como a “Carta aos
Centros Espíritas”, a partir de 1975, e o “Esquema de Atividades Doutrinárias de um Centro Espírita”, desde 1978,

e) a divulgação, pela FEB, dos documentos “A adequação do Centro Espírita para o melhor atendimento de suas finalidades”, a partir de 1977, e “Orientação ao Centro Espírita”,(44) desde 1980,
f) a campanha “Comece pelo Começo”, realizada pela USE a partir de 1975, para divulgação das obras de Allan KARDEC, e estendida depois, para todo o país.

A listagem desses eventos pode dar a impressão de que coube em todos esses momentos ao movimento de unificação e à sua direção a vanguarda da renovação. A verdade é que essas conquistas aparecem muitas vezes como concessões a propostas formuladas e defendidas à revelia dos dirigentes.

Diversos desses documentos, programas de cursos, cartas e orientações citados seriam hoje passíveis de revisão, mas representaram avanços na reaproximação dos grupos com o Espiritismo, mais marcantes até que alguns excelentes livros, artigos de jornais e revistas publicados que não tiveram espaço para divulgação.

A criação de grupos de pesquisas, vinculados ou não a centros espíritas, mostra que o movimento ainda busca novos caminhos.

42 Antonio Cesar Perri de CARVALHO. Mudanças estruturais dos centros e grupos
espíritas de Kardec aos nossos dias. Em: CONGRESSO ESPÍRITA ESTADUAL
DA USE, 7. Anais. p. 5.
43 Antonio Cesar Perri de CARVALHO. Mudanças estruturais dos centros e grupos espíritas de Kardec aos nossos dias. Em: CONGRESSO ESPÍRITA ESTADUAL DA USE, 7. Anais. p. 6. Éder FÁVARO e outros. A estrutura dos centros espíritas de Kardec aos nossos dias. Em: CONGRESSO ESPÍRITA ESTADUAL DA USE, 7. Anais. p. 11-14.

44 FEDERAÇÃO Espírita Brasileira. .
Orientação ao centro espírita, Mauro de Mesquita Spinola

Nenhum comentário:

Leia também:

Related Posts with Thumbnails