terça-feira, 20 de abril de 2010

A voz interior

20/04 - 15:00 - Isis Nóbile Diniz, especial para o iG

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2010/04/20/a+voz+interior+9463585.html

No século XIX, a doutrina espírita foi formulada por Allan Kardec tendo como base ciência, filosofia, moral e religião. No Brasil, Chico Xavier popularizou a religião. “Ele combatia a aproximação entre catolicismo e espiritismo. Mas tornou-se um líder religioso em ambos”, diz a antropóloga da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandra Jacqueline Stoll.

“É muito difícil para o ser humano lidar com a morte”, diz o psicanalista e psiquiatra do Hospital das Clínicas Oswaldo Ferreira Leite. “Diante do desconhecido e da frustração, é um conforto ouvir ou ver o ente querido que faleceu”, explica. Para ele, as emoções interferem no julgamento podendo alterar a percepção da pessoa. Ela passa a ver e a ouvir coisas. “Na verdade, é um processo alucinatório”, diz a professora titular de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Denise Gimenez Ramos.

O estado psicótico, mais grave, pode causar alucinações e perda de noção de realidade. “Ela fala coisas sem sentido e não tem controle sobre si”, explica Denise. Por isso, psicóticos podem aparentar estar possuídos. “A personalidade da pessoa está alterada, não parece mais ser ela mesma”, conta. Outras doenças graves, que podem estar associadas ao ver ou ouvir espíritos, são: transtorno dissociativo de identidade, epilepsia, transtorno bipolar e depressão.

O psiquiatra suíço Carl Gustav Jung, em 1900, estudou uma prima adolescente que dizia ouvir vozes de pessoas que morreram. “Jung fez doutorado para compreender as mesas espíritas que as pessoas formavam para invocar espíritos. Ele descobriu que nada mais era um tipo de contato que a prima tinha com o próprio inconsciente”, conta Denise.


Os primeiros estudos de Carl Jung mostraram que a mediunidade da prima
era uma forma de contato com o inconsciente (Foto: Getty Images)

Geralmente, a pessoa consegue entrar em contato com seu próprio inconsciente quando está em transe. “O transe favorece o rebaixamento de consciência e a imersão em conteúdos inconscientes”, explica. Para a estudiosa, quando está relaxada, uma pessoa pode entrar em profundo contato consigo mesma e acessar conhecimentos que nem ela sabia que tem. “Nosso cérebro é como computador, capta um monte de coisas que estão acontecendo, mas nossa consciência nem percebe”, afirma Denise. É assim que a ciência explica fenômenos como intuição e insights, aquela ideia brilhante que surge quando está distraído.

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