quinta-feira, 8 de abril de 2010

Super Interessante - Chico Xavier - DIRETOR DE REDAÇÃO RESPONDEU !!!!

Amigos,

Segue a resposta do Diretor da Superinteressante.

Bjs

Claudia

******************************

 

Cara Gioconda,

obrigado pelo contato e pela leitura. É muito importante para nós na Super receber o retorno dos leitores sobre nosso trabalho. Críticas e elogios são importantes para avaliarmos a revista e refletirmos sobre o que publicamos. As mensagens que recebemos sobre Chico Xavier estão sendo lidas por mim, pela editora e pela repórter da matéria e servirão de tema para nossa reflexão.

Tenho tentado responder individualmente a todas as mensagens. Mas como elas são muitas, e tem teor semelhante, redigi um texto explicando a proposta da reportagem e respondendo aos principais questionamentos que temos recebido. É uma mensagem longa, mas acho que merece ser lida. Sabemos que Chico Xavier foi uma figura importantíssima no cenário religioso do Brasil e que é muito querido por diversas pessoas. Como escrevi na minha carta ao leitor, preparamos essa matéria com muito respeito. Procuramos deixá-la equilibrada, apresentando uma visão plural sobre a trajetória de Chico Xavier e trazendo também os requisitos necessários a qualquer trabalho jornalístico - distanciamento, parcimônia e rigor na apuração. Todo o texto foi baseado em profundo trabalho de reportagem e depoimentos de várias fontes, inclusive espíritas, muitas delas citadas na reportagem.

A reportagem deu a Chico Xavier o mesmo tratamento que já demos à Igreja Católica, ao papa, aos evangélicos, a Charles Darwin ou a qualquer outro assunto que publicamos. Afinal, todas as matérias da Super têm a mesma características: sempre buscamos a pluralidade. Fazemos questão de ouvir todos os lados de uma questão. Entrevistamos pessoas que pensem diferente. E deixamos as conclusões para o leitor. Não sobram mensagens nas entrelinhas. E o fato de a Super trazer a versão de fulano ou de beltrano não significa que aquela seja a opinião da revista. Aliás, a Super não tem opinião sobre os temas que reporta. Sei o quanto é frustrante ler ideias que consideramos errôneas. Mas lembre-se que aquilo que você tem como verdadeiro, outra pessoa pode ter como falso. Não cabe à revista decidir quem tem razão. Cabe a nós respeitar pontos de vista. O verdadeiro respeito à livre expressão não está em falar tudo o que queremos, mas em admitir que os outros falem aquilo que não gostamos. Melhor assim: é a única maneira de garantir que sua opinião será sempre terá espaço para ser apresentada. E é por isso que acreditamos tanto que ao escrever sobre qualquer assunto, devemos apresentar ao leitor um leque de opiniões distintas.

Muitas das críticas que recebemos são baseadas em um texto publicado por Richard Simonetti. Sei que ele é uma pessoa respeitada, autor de diversos livros. Mas acho que cometeu uma injustiça com a Super: o da descontextualização. Apresentados como estão os fatos na mensagem dele, não é impossível alguém concluir que a matéria tinha como objetivo atacar Chico Xavier. O que o texto de Richard Simonetti não diz é que a reportagem tinha larga biografia de espíritas e defensores de Chico Xavier. Que a Super apresentou os resultados de estudos positivos sobre a obra de Chico Xavier, como os da Associação Médico-Espírita e a Federação Espírita Brasileira. Que citamos a frase de Monteiro Lobato impressionado com os livros de Chico Xavier ("se produziu tudo aquilo por conta própria, merece quantas cadeiras quiser na Academia Brasileira de Letras".) Que dedicamos amplo espaço às cartas psicografadas e entrevistas de pessoas que diziam ser impossível Chico Xavier conhecer as informações que psicografou. Que contamos que Chico Xavier morreu da maneira como previra: num dia feliz para o Brasil, o da conquista da Copa do Mundo. Que entrevistamos e citamos a opinião de pessoas muito próximas a Chico Xavier, como seu filho, seu médico, a administradora do centro espírita que ele fundou. Está tudo lá na reportagem.

Até o momento, recebemos críticas e elogios ao texto. É normal: as pessoas têm opiniões diferentes. E o debate entre essas opiniões enriquece a todos - é a raiz da construção do conhecimento. Richard apontou uma série de erros que ele viu na reportagem. Muitos, na verdade são trechos que ele gostaria de ver escritos de outra maneira. Nesses casos, só me resta respeitar a opinião dele: como disse, as pessoas tem opiniões distintas. Nós decidimos sempre pensando no equilíbrio do texto. Abaixo, respondo aos casos em que ele aponta uma informação errada, pois temos compromisso com a correção de cada informação que é publicada na Super. O texto dele vai em itálico,  minha resposta logo em seguida, em vermelho.

Obrigado e um grande abraço,
Sérgio Gwercman

Diretor de Redação da Super

Não sabe ou preferiu omitir a repórter que Chico psicografou poesias de centenas de poetas desencarnados, ao longo de seus 75 anos de apostolado, na maior parte poetas provincianos, conhecidos apenas nas cidades onde residiam no interior do Brasil. Pesquisadores constatam que esses poemas não são “razoavelmente fiéis ao estilo dos autores”. São totalmente fiéis. Incongruências de estilo foram apontadas por especialistas consultados pela SUPER, como o professor Alexandre Caroli Rocha, do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. Rocha citou especificamente os textos atribuídos a Antero de Quental, que apresentam "dessemelhanças com o original", segundo o professor.

Afirma que "Chico foi autodidata e leitor voraz durante toda a vida", sempre insinuando o pastiche. Leitor voraz? Passava os dias lendo? Só quem não conhece sua biografia pode falar uma bobagem dessa natureza, já que Chico passava a maior parte de seu tempo atendendo pessoas, psicografando, participando de reuniões e atendendo à atividade profissional. Não conheço um único documentário, uma única foto mostrando Chico lendo “vorazmente”. Ah! Sim! Para a repórter Chico certamente escondia isso. Entre as fontes da informação de que Chico Xavier lia, sim, bastante estão pessoas que conviveram, trabalharam com ele e estudaram a vida de Chico Xavier, tanto em Pedro Leopoldo quanto em Uberaba: um antigo colega de trabalho na fazenda; Célia Diniz, administradora do centro espírita fundado por Chico Xavier;  Magali Fernandes, professora da PUC e autora de um livro sobre o Chico Xavier.

E as centenas de poetas e escritores que se manifestaram por seu intermédio. Chico tinha livros deles? E de poetas que sequer publicaram livros? A repórter visitou a biblioteca de Chico e viu pessoalmente obras de Castro Alves e Humberto de Campos lá. Esses são apenas exemplos de autores psicografados por Chico.

Uma pérola de ignorância jornalística está na referência sobre materialização de Espíritos: “seria necessário produzir um total de energia duas vezes maior do que é hoje produzido pela hidroelétrica de Itaipu por ano, segundo os cálculos feitos por especialistas exibidos por reportagens sobre Chico nos anos 70.” Seria superinteressante a repórter ler sobre as pesquisas de Alfred Russel Wallace, Oliver Joseph Lodge, Lord Rayleigh, William James, William Crookes, Ernesto Bozzano, Cesare Lombroso, Alexej Akzacof e muitos outros cientistas respeitáveis que estudaram o fenômeno da materialização e o admitiram. Não dissemos que a materialização é impossível. Dissemos que ela é muito difícil de ser concretizada. Por uma razão simples: matéria e energia são, no fundo a mesma coisa. Tanto que conseguimos transformar matéria em energia pura - fazemos isso sempre que explodimos uma bomba atômica, por exemplo. Mas fazer o inverso é algo que está além do conhecimento científico atual. Ocorre que não existe um cientista que saiba como pegar energia pura, que se manifesta na forma de luz e calor, e, a partir disso, construir átomos (ou qualquer coisa formada por átomos, como pessoas). E mesmo que soubesse, seria complicado. Para materializar 70 quilos de átomos seria preciso usar mais energia do que o Brasil inteiro consome. Não há qualquer pérola de ignorância jornalística, portanto.

Eram frequentes nas reuniões a ocorrência de fenômenos como a aspersão de perfumes no ambiente, algo que, deveria saber a repórter, costuma ocorrer com os médiuns de efeitos físicos. No entanto, recusando-se a colher informações mais detalhadas sobre o assunto, limitou-se a dizer que em 1971 um repórter da revista Realidade, José Hamilton Ribeiro, denunciou que viu um dos assessores de Chico Xavier levantar o paletó discretamente e borrifar perfume no ar. Sugere que havia mistificação, aliás, uma tônica na reportagem. Por que não foram consultadas outras pessoas, inclusive centenas que tiveram seus lenços inexplicavelmente encharcados de perfume ou a água que levavam para magnetizar, a exalar também um olor suave e desconhecido que perdurava por muitos dias? A reportagem apresenta os dois lados: o relato do repórter José Hamilton Ribeiro, jornalista vencedor do prêmio Esso, o mais importante do Brasil, que narrou o testemunho de um episódio em que perfume era borrifado no ar, e a do casal Muszkat, que que sentiu, sem saber explicar como, um cheiro de perfume durante a sessão de psicografia (página 53, parágrafo sobre Sônia e Roberto Muszkat).

Na questão das cartas, milhares e milhares de cartas de Espíritos que se comunicavam com os familiares, sugere a repórter que assessores de Chico conversavam com as pessoas, anotando informações para dar-lhes autenticidade. Lamentável mentira. E ainda que isso acontecesse, Chico precisaria ser um prodígio para ler rapidamente as informações e inseri-las no contexto de cada mensagem, de cada espírito, mistificando sempre. A informação de que assessores de Chico conversavam com os participantes das sessões de psicografia foi dada por Waldo Vieira, que trabalhou no centro de Chico por anos. É uma informação importante, vinda de uma pessoa que teve contato relevante com Chico Xavier. Portanto, não poderíamos omiti-la na reportagem.

Há um box sobre “Dieta do Chico Xavier”, que jamais seria veiculada por Chico. Usaram seu nome. Por que incluí-la nas inverdades sobre o médium, simplesmente para denegrir sua imagem, aqui sugerindo que seria ingênuo a ponto de conceber semelhante bobagem? Em nenhum momento dissemos que Chico Xavier divulgava a simpatia. O texto da reportagem diz que "revistas dos ano 80 publicavam o ritual".

Falando dos 200 livros biográficos sobre Chico Xavier, a repórter escreve: “Tem até um de piadas, Rindo e Refletindo com Chico Xavier”. Certamente não leu o livro, porquanto não conhece nem o autor, eu mesmo, Richard Simonetti, nem sabe que não se trata de um livro de piadas, mas um livro de reflexão em torno de ensinamentos bem-humorados do médium. O livro mostra exempos do bom humor de Chico Xavier e de algumas de suas afirmações descontraídas. Por isso, a referência a "piadas". Pedimos desculpas se o autor sentiu que sua obra foi depreciada de alguma maneira.

9 comentários:

Yamato45 disse...

Caro, Sr. Sérgio
Está feito , está feito. Flecha disparada.. palavra proferida, lembra ? Minha credibilidade com essa revista acabou. Temos que ter muito cuidado com as coisas e nessa vcs. colocaram o dedo na tomada. Cerque-se de gente mais competente, por favor. Talvez um dia o Pulitzer venha para alguém de sua equipe. Boa sorte.

Anônimo disse...

Sr. Sérgio, brilhante, simplismente brilhante sua resposta! Parabens à revista! Parabéns ao trabalho da repórter!
Renovarei mais uma vez minha assinatura.
Continuem assim, sendo imparciais!

Marco Brainiac disse...

Talvez esqueceram de citar que o Espiritísmo não veio só de Chico Xavier, Deviam analisar Jung, William Crookes e até espiritualistas como Ian Stevenson e Dr Parmia

Corruptos e Coniventes disse...

Lucy Felix (meu nome) - Como foi falado, reforço, a reportagem foi feita em tom de deboche, sem critérios. A Globo fez uma série de reportagens sobre Chico que foi ao ar este mes. Em nenhum foi tendênciosa, muito ao contrário. Infelizmente uma menina de 27 anos, com a guarida dos seus chefes, afrontou a maior nação espiríta do planeta. E bem sabemos como terminam os detratores daquilo que não conhecem. Né mesmo Quevedo ?

Anônimo disse...

Acho que faltou experimentaçao à equipe de reportagem...

Se eles tivesse tido o cuidado de participar por uma ou duas semanas de trabalhos de assitenciais em centros kardecistas teriam compreenção mais apurada do que Jesus e Chico representa para os Espíritas.

Uma pena mesmo...

Fabio Scanoni

Unknown disse...

A Super caiu no meu conceito. Não assino, mas sempre que dava, comprava. Não sou espírita, mas já fui algumas vezes ao Centro Espírita, bem como já li o Evangelho e pesquisei sobre a doutrina, o suficiente para ter alguma noção do que se trata o Espiritismo. Li livros sobre o Chico (biografia) e também do Chico, vi o filme... Enfim, quando vi a capa da revista pensei: "Será que eu me enganei?" Porque, sim, eu acredito no Chico! Aí então, comprei a revista li toda a matéria e tirei a seguinte conclusão: Não. O meu coração e minha fé não se enganaram. O que aconteceu foi que a revista, logo na capa, tem a intenção de levar ao leitor uma idéia de que eles provam que Chico seria uma farsa, e que provaram isso por A + B! Puro engano! Não provaram coisa nenhuma, pelo menos no meu entendimento. Por mim, entraram na "onda" de que Chico está em evidência, para vender mais revistas! É a única explicação!

Unknown disse...

A tentativa de do diretor da redação em explicar (em vermelho) foi pior ainda e confirma o qto foram equivocados e infelizes com a matéria. Liberdade de expressão? sem problemas, só assuma o quanto se expressaram de forma equivocada e não dizer que não pode agradar todo mundo porque escreve diferente kkkkk parece piada. Lamentável a forma como foi feita a matéria. A Super se tornou totalmente desinteressante... mais profissionalismo e competência na próxima matéria de teor tão importante quanto essa.

Unknown disse...

Certamente, isso expõe o valor da ciência, que antes de elaborar teses, produz hipóteses e cria teorias. Um dia o jornalismo será uma ciência, assim como outros outorgados profissionais que podem elevar a espécie humana e infelizmente recaem em “achismos” e observações superficiais na tentativa da auto sobre vida profissional e intima que justifica o injustificável e atesta sem procedimento. Não crio ser o Chico merecedor de defesa, por não ter cometido crimes, assim como Jesus em sua vez, com certeza ele compreende nossa pouca evolução, mas o apontamento a erros, sempre devem ser revelados e não omitidos, como sugere o senhor diretor da revista com a bandeira da liberdade de expressão, caindo num abismo obscuro de retórica não argumentativa. Que tal lembrar da responsabilidade da verdade? Gsecreto

Unknown disse...

Não sou espírita, porém admiro muito o Ser Humano Chico Xavier, a reportagem foi bem infeliz, insinuou em quase todo seu conteúdo que Chico Xavier foi um personagem Montado e falso. Mesmo que o Medium Chico Xavier fosse uma farsa qual qual a vantagem que ele levaria? Doou todos os direitos autorais para ajudar o próximo; só por fama? Duvido, o farsante quer é dinheiro.Se queriam mostrar os dois lados da História tinham que fazer uma reportagem mais competente e equilibrada.

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